Eu passei a vida inteira me mudando. De casa, de cidade, de escola. A vida inteira. Nasci numa cidade que nem conheço direito, Itabuna. Rodei Bahia e depois conheci também outros estados. Tive tantos endereços nesta vida que quando tenho de confirmar cadastro por telefone, tenho sempre que lembrar CEP antigo e nome de rua de meses ou anos atrás. Mudar não é novidade para mim. Por isso topo sempre, mudar.
Eu gosto da viagem, de começar de novo, de arrumar as coisas, de novas amizades, de descobrir o que a cidade e as pessoas dali tem para me oferecer. Nunca digo não porque tem mudança no meio, porque tive que aprender desde cedo a mudar, por necessidade mesmo, pela vida que minha família levava.
Mas nem por isso acho fácil. Fácil, o que é fácil? Não sei ainda o que é. Só sei que eu vou viver coisas, todas que tenho para viver, não sei serão fáceis, mas eu quero me por à prova de mim mesma, eu quero, eu preciso, para continuar, para ver no sorriso das pessoas uma luz especial. Tem coisas que são chatas, a gente sempre perde algo em meio a tantas mudanças, não só material - aquele espelho que você amava que se parte - mas também as amizades que ficam, as lembranças que se tem do cachorro quente que você amava, do sorvete, ah, da pracinha que você sentava com as amigas, das piadas em frente a qualquer lugar que você amava, dessas coisas. Dá saudade de tudo isso, uma saudade doída, tem músicas que fazem lembrar esses tempos, aquelas casas, saudades.
Mas essa mudança de lugar, esses deslocamentos, me ajudaram a me preparar para as mudanças cotidianas, mudanças de pessoas e coisas, receber as diferenças, tentar entender como as pessoas estão pensando, colocar-se no lugar delas, tentar ver o que para elas é difícil ou fácil de fazer, de entender, e porque não, de mudar também. Eu não sei se consigo, eu respiro fundo, eu começo de novo, eu mudo as coisas de lugar na minha cabeça, no meu coração, só não gosto de apagar as pessoas da minha vida assim, por umas bestagens. Acho que tudo dá pra resolver conversando, olhando no olho, pegando na mão. Muitas vezes, quando acredito que minhas palavras não alcançam, eu choro. Choro porque é um jeito de dizer que eu quero que dê certo, que a gente fique bem, mas eu não sei como fazer.
Não quero, não gosto de mágoa e nem ressentimento. (Re)ssentir, sentir de novo. É magoar, é ferida. Não é bom. Eu fico tentando entender porque as pessoas tomam certas decisões ou agem diferente do que eu faria, para não julgá-las como sacripantas, como nossa raiva e estresse de todo o santo dia nos faz ver, logo de cara. Não é fácil, mas mudar sempre me ajudou a continuar acreditando, esperançar que depois do choro, a alegria vai realmente vir pela manhã.
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