Você que me lê, me ajuda a nascer.

domingo, abril 22, 2018

Culpa, como a culpa é minha?

Quem me conhece sabe o que eu penso sobre culpa. Tenho ojeriza a essa palavra e esse sentimento. Vejam vocês, a culpa é uma fabricação cristã e a gente, mesmo dizendo que não é cristã cai nesse conto o tempo inteiro e sente esse bichinho muitas e muitas vezes. Eu, quando vejo que ela quer me pegar, fujo, saio correndo, assim que identifico digo não e não. 

Mas, claro, não funciona sempre. Muitas vezes eu não sinto culpa por coisas que não deram certo e nem ligo por errar, porque entendo que sou humana e imperfeita. Tudo certo. Mas o machismo é um fabricador de culpas letal. Explico.

Estou saindo com alguém e sei o que quero. Digo o que quero. Aí o cara me diz que não quer o mesmo, tentamos ajustar. Não rola ajuste e eu saio de cena, porque não tá dando pra mim. Aí vem a culpa de, como mulher (e mulher negra, né, a que aprendeu a servir desde sempre), não ter aceitado o que ele quer, a culpa me diz que eu sou incompreensiva, a culpa me chama de "aquela que não sabe dialogar", a culpa bota tanto nome nessas coisas todas e é só machismo e culpa, só isso que a gente sabe e entende e analisa e ainda assim sente, e dói. 

Porque eu não posso dizer o que eu quero e bater o pé por isso? Porque eu tenho de aceitar só o que ele quer pra "provar" que eu gosto dele? Onde está escrito que uma relação é feita só do que uma pessoa quer?

Ele não teve respostas, então fui embora. Simples assim, e sem culpa, porque a culpa não é minha, a culpa nem deve existir. Vamos fazer ela sumir de vez, não vamos alimentar isso, vamos ser felizes e deixar ir, quando for pra ir. 

sábado, abril 21, 2018

Turim, 2006.


Londres, 2015.


Só pra não esquecer, eu tou lá em cima, lá em cima. 

Eu sei.

Eu sei o que eu quero. E eu digo com todas a letras. Eu vou escrever aqui, para não esquecer que eu sei o que eu quero e o que eu disse.

Eu disse que

quando eu gosto, eu quero ficar junto. mas não é namorar, não. namorar é chato. chatíssimo. família, fotos junto em rede social, mãos dadas, compromissos mil, obrigações e pouco envolvimento, chato demais. eu gosto de carinho, de dengo, de me dedicar, de lembrar, me preocupar, presente e desejos realizados. mas não gosto de sufocamento nem pressão, nem dar nem receber. se for pressão qualquer coisa, avisa e a gente acerta. simples assim. eu não quero namoro, mas quero algum compromisso, aquele com o sentimento. tá com saudade? vem me ver. tou com saudade? deixa eu te ver. simples, né? não, na vida do dia a dia mil coisas aparecem e bagunçam essa ideia de que quando se quer dá um jeito. mas tudo pode ser conversado se a vontade de ver e a saudade continuam, eu acredito nisso. tem lacunas nesse jeito que eu quero? se você achar alguma, vamos acertar, só não põe freio no que você sente aí dentro, deixa vir, deixar sangrar, deixa sorrir, deixa doer, deixa acontecer. 
eu quero inventar um jeito de viver junto, um jeito nosso, com erros da gente e acertos da gente. não quero pegar um modelo que existe, quero inventar um que dê certo pra gente, conversado, acertado, sem jogos, sem vaidade nem orgulho. é isso.

Eu disse isso algumas vezes e eu mesma cansei de ouvir. Aí comecei a dizer não. Mas acho que ainda não ouviram o que eu disse (e nem o não). Às vezes parece tão mais fácil só seguir o fluxo e fazer tudo como todo mundo. 

sexta-feira, abril 20, 2018

segunda-feira, abril 16, 2018

Cura.

As amizades são boas pra curar. 
As amizades são laços de curar.

As pessoas que me amam só ficam aqui e preenchem de vida a vida que eu quero ter. Não me perguntam nada, me deixam aqui de cara amarrada. Só não vão embora quando o café amarga e trazem pão farofa em dias de rotina. 

Quando eu vejo, elas as amizades sem ver, já fizeram passar tudo e eu ando animada de novo, com flores nascendo no estômago cheio de comida feita com carinho e guardada em vasilhas de margarina pra mim. 

Eu quero ser feliz de novo assim. Quando eu descubro que estava triste quando elas chegam e sem nada dizer fazem tudo. Existem, sorriem, me levam, me acolhem, me abraçam, me tem. São parte de mim até onde não quero e aonde a gente não concorda. 

Vida besta mesmo.

sexta-feira, abril 13, 2018

Poeminha.

Mar
Chuva
Encontro
Eu?
Despedaçando em rocha, algas, sal e feridas

quinta-feira, abril 12, 2018

Envolvimento, relacionamento.

Há confusão aí. Uma coisa não é a outra. Mas tem gente que teima que pode controlar tudo e diz não quando o corpo diz sim. Que fazer, afinal?

Não sei. Não tenho as respostas todas. Principalmente para coisas que acontecem fora de mim, no corpo, coração, cabeça de outro alguém. Eu vivo tudo que há para viver, eu vou morrer, vamos nos permitir. 

Mas há gentes que querem frear o desejo, a vontade de falar eu te amo, a coragem que vem de dizer fica comigo, o que eu posso mais fazer além de aprender que é assim que eu não quero viver?

quarta-feira, abril 11, 2018

terça-feira, abril 10, 2018

Resposta.

If you really decide to write him get right to the point and say what you say in your message to me right off about all these messages and the virtual relations that

They take away my concentration and give the false sense of closeness. I need more. I need skin, bones, tooth, tongue, mouth, body. I am made of flesh. This is how I respond to life

Tell this to him and that he needs to seriously understand that this is what he must give to you for your relationship to move forward positively.  Also tell him he can think about this and address it but if at all possible in person.

That is my advice near Migh. You are a beautiful, intelligent and wonderful person and deserve to be loved by one who appreciates that. It will happen.

Sonhos Coreográficos.

Viver é tão bom. A gente conhece gente que pensa como a gente assim, do nada. Do nada as pessoas dizem coisas que sempre moraram no seu coração e você só achava que era você quem pensava. 

Isso aconteceu anteontem, quando um namorado de um amigo disse que ele também sofre porque gosta de ligação e o namorado de whattsapp. Ficamos os dois amando lamentar a má sorte de nunca receber uma ligaçãozinha, já que havíamos cedido aos lovers. Feliz já por essa descoberta.

Ontem, não mais que de repente, minha amiga que deveria ser de infância mas só conheci agora me disse que tinha sonhos com o corpo. Como assim? 

Sonhava, desde criança, fazendo coisas com o corpo. Eu estaquei assim, e disse:

Gente, eu sempre tive isso, não desde criança, mas desde que eu sei que o que eu queria ser era dançarina, eu tenho sonhos com o corpo...

E ela

É, sonhos coreográficos

Sim, sim, sim!
Eu sonho fazendo coisas, pondo o pé lá bem no alto da cabeça e rodopiando pela casa, eu sonho e quando sinto meu corpo depois de uma aula de capoeira eu acho que posso tudo, porque eu o sinto, a consciência corporal aparece com toda a força e me anima a acreditar que ainda é possível largar tudo e sair dançando.


Dancers after dark, por Jordan Matter

domingo, abril 08, 2018

Confissão.

Me diz de alguém que te manda uma letra de música assim, com uma carinha envergonhada depois:

Que é tão gostoso o tempo que passamos juntos
A gente fala sem pudor sobre qualquer assunto
[...]

Não sei por onde começar estou com medo
Mas quero confessar que te desejo
Eu não consigo ver ninguém ferir você
Inevitável não te proteger

É impossível controlar o que eu sinto
Por não querer me precipitar eu minto
Mais cedo ou mais tarde você iria enxergar
Que estou aqui pra te amar

O que é que foi, o que é que você está sentindo? Como pode mandar isso e sumir? Bom, mas lendo a letra entende-se porque sim. Não há nada a fazer, só esperar. Um passo, outro passo, paciência.

Saimdang - Memory of Colors (EP 1).


Millenium: O homem que nao amava as mulheres.


sábado, abril 07, 2018

Minha primeira luta.


Pense como eles também.


Bom, bom, bom.

O amor é bom. Ele te envolve num abraço e te diz coisas que você nunca esquece quando está sozinha.

O amor é gostoso. Ele fala palavras doces ao seu ouvido quando você menos espera. Ele não fala quando você quer, ele fala quando ama. E só. 

O amor protege, envolve, acolhe. Eu sou amor da cabeça aos pés. Não só hoje, mas até quando estou com raiva e ansiosa. Angustiada e com raiva. Com medo e confusa, eu vou e o amor vai (e vem) comigo.

Ele tem paciência. O amor me ama. Ele me descobriu mandona e chata e ainda assim me quis, me disse sim. Ficou comigo quando eu mesma me achei estranha e irritante, me esperou mesmo quando era uma esquina e não poderia saber o que viria lá do outro lado. 

E eu amo o amor. 

Ele não me pediu nada. Só que escutasse uma música que falava dele pra mim. E eu espero que essa sinfonia louca nunca mais tenha fim. 

quinta-feira, abril 05, 2018

Pra você acreditar, Kassia Marvila.


Calor.

É tarde, uma tarde
Faz calor, ventilador
A dor de não ter ele aqui
Me faz ir, além do que pode um calor pode fazer

Me enrosco na cama e o bafo quente do vento quente sempre quente
Eu invento que é ele, é ele aqui
Me amando como nunca, como sempre

Lembro do sorriso, boca, olhos, dentes
E do bafo quente que ele tem, um calor arrepia
Minha pele se excita, se anima, avivo no corpo o sabor do seu cheiro
Tenho o gosto dele na minha pele, língua, ossos, alma

Faço amor então, quietinha, calada, sorrindo
Só lembrando do seu corpo quente
Numa tarde quente
Bafo quente
Da gente

terça-feira, abril 03, 2018

18 anos.

Migh, estou com meu RG aqui, quer ver, eu tenho 18 anos

Confiro, ele nasceu em 2000. Acho graça da coragem em vir me pedir um beijo assim, na cara dura e com o RG em mãos.

Eu vi seu namorado, eu vi, Migh, mas tudo bem, se você quiser me dar um beijo, eu aceito

Explico que ele não é meu namorado, ele não quer namorar e nem eu sei também se quero.

Ele não entende e diz de novo

Vou perguntar a ele o que ele vem fazer aqui se não quer nada contigo, vou dizer a ele que você é minha namorada

Tão bonita essa coragem de viver quando se tem 18 anos. 

Sozinha.

Ele me diz

É, Migh, você vive praticamente só

E isso me dá uma dor no coração. Quando olho pra trás, sei que vivi muito tempo longe de casa, mas não sozinha. Talvez para ele, que nasceu e se criou no mesmo lugar com as mesmas pessoas desde sempre, conhecer alguém que viveu em mais de dez cidades desde que nasceu é realmente estranho. Eu nem conheço direito a cidade que nasci, quem dirás o bairro, as pessoas da minha vizinhança. 

Mas não, não vivi só. Sempre estive acompanhada, mas foi diferente, não foram das mesmas pessoas e nem nos mesmos lugares. Sempre quis isso sim, sempre desejei. Eu quero parar. Eu não posso, não ainda. Mas está mais perto do que antes. E tudo bem. 

Mas me dói ouvir assim, porque eu não me sinto só, eu não vivo só, eu não quero ser só, eu não gosto de ser só. Concordo que sim, sim mesmo, eu talvez não saiba como ele viver junto, mas não significa que eu não queira aprender.

Vem aqui me dizer como faz. 

(e logo hoje, que na capoeira olhei para aqueles moços me ensinando meia-lua de frente, parei tudo e falei: quero que vocês saibam que, aconteça o que acontecer, eu amo vocês). 

domingo, abril 01, 2018