Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Sem tempo, pá-pum.

16.02.2008 Me diz o que você faria se lesse Borges e depois entendesse que sim, ele é muito bom mas é só mais um escritor racista declarado, tu ia ficar triste ou nem ia ligar, eu ainda não decidi, o fato é que eu li bastante coisa dele e agora não quero mais saber, nem quero saber que saiu todos os livros da coleção dele, e não vou falar mais dele aqui e ponto e fim. Até por que depois tu lê Graciliano Ramos e vê que sim, é possível ser escritor e ficar do lado onde a corda sempre arrebenta, por quê não? Aristocracia argentina? Tou cagando. Por que hoje eu li uma coisa que eu fiquei matutando um tempão, vê só Faço questão de ser negra nessa cidade descolorida, doa a quem doer Faço questão de empinar meu cabelo cheio de poder Encresparei sempre, em meio a esta noite embriagada de trejeitos brancos e fúteis. Diz se não é pra fazer camiseta e andar por aí. E eu tenho uma amiga que pensa que é doida mas percebe as coisas melhor do que eu, como quando ela disse Adoro como tu fala assim quase sem artigo Vou abolir os artigos da minha vida Você diz Quero falar com Maria E não Quero falar com a Maria E isso é tudo Deixe de coisa, eu disse pra ela, mas é bem isso mesmo. Por que quando eu vi na padaria perto de casa um letreiro assim Se você trouxer a sacola de sua casa, o pão é mais barato Sorri um sorriso contido, adoro quando as pessoas usam o de, esqueceram do de, como se ele fosse casado com o a e o o, não é, o de é muito chique sozinho. Quando você olhar pra mim e não conseguir entender o que eu estou pensando, pode ter certeza, estou pensando na palavra, por que a palavra foi feita pra dizer, já disse Graciliano, o Ramos. E Edimilson De Almeida Pereira diz A poesia comparece para nomear o mundo Bonito, né? O negro em versos, que poderia se chamar Negros Versos, já que tem um monte de mulher escrevinhando ali, antologia de poemas negros que saiu em 2005 com organização de Luiz Carlos dos Santos, Maria Galas e Ulisses Tavares. Procurem por aí, leiam todo. E Você é linda Só precisa sair dessa cidade Diz que tu num ia no céu e voltava, se o cara que você gosta nessa vida (sim, eu mandei um recado pra ele dizendo você é o moço que eu gosto) escrevesse isso pra tu. Eu fui no céu, voltei, olho encheu de água mas fingi que não era nada, para que ele não se assustasse com meu jeito bobo de tratar as coisas bonitas. E eu queria ser muitas mulheres para ouvir isso muitas vezes, e eu fiquei repetindo isso para mim mesma a semana inteira, e se eu já me vejo linda quando saio de casa com meu cabelo empinado encrespado de poder agora me sinto a própria afro-dite, sou eu mesma, a que mora longe e para quem o planeta está ficando pequeno, pelo menos esse que eu escolhi para viver agora, palavras dele, aliás muitas foram as palavras dele, agora ele fala comigo e eu finjo que ele não é ninguém tão especial mas aqui dentro meu coração baticumdum, quando ele me responde o que é eu já fico sorrindo que nem besta mesmo, pensei que passava assim, mas tchum, não passou, eu me enganei mas agora eu nem ligo de gostar dele, me faz bem agora então deixa como está. Bonito mesmo é entender que ele acredita em mim. Que respeita o meu amor todo por ele. Não preciso de mais nada. Sei que ele existe, fico em paz, ou pelo menos tento, por que acho que é o que ele tenta também quando ele me pergunta tem pressa de viver e eu digo sim e ele diz relaxa preta. Não quero outra vida, quero esperar esperar devorar você. Lizz Wright mudou as minhas noites sem internet na cidade de São Paulo. E tenho dito. 27.02.2008 Vi uma fotografia do Kossov na Pinacoteca. Um monte de fotos. Mas uma me chamou atenção. Chamou, chamou. Viagens tantas, tantas fotos, e ele em Hamburgo tirou foto da sombra que fazia na cabeceira da cama, parecia quarto de hotel, todo arrumado, papel de parede. E eu fico encafifada, o que faz alguém sair de São Paulo, chegar em Hamburgo e tirar uma foto assim. Será solidão? Estado de espírito. Me incomodou, escrevinhei no caderninho. O que tu escreve aí, me perguntou o amigo que me acompanhava. Nada, elucubrações, devaneios, delírios. A foto é de 1990, Boris Kossov. Procure, se quiser. Passando da Pinacoteca para o Museu da Língua, que segundo o Bagno deveria se chamar Museu das Línguas Brasileiras, encontrei de novo o moço que cerca de um ano atrás me parou para dizer que havia sido assaltado, que tinha perdido tudo no metrô, que as amigas o esperavam no metrô Tatuapé para tomarem o ônibus para Guarulhos e de lá irem para Brasília, meu amigo sacou a carteira e deu dez reais pela história, ele tinha uma cara afoita naquela época; olhei bem para ele e achei-o mais cansado e mais com cara de assaltado do que da ultima vez, fiquei matutando, São Paulo é perigosa ou são perigosas as pessoas? De quando estou aqui nunca me aconteceu nada, nada, nadica. Convivo violentamente com a violência, contida, se é que dá pra entender, não posso falar mais, já viu. Esse não é mais seu Ó Subiu Entrei pelo seu rádio Trombei cê nem viu Se já vi, já. Mas nunca pegou em mim, nem respingou. Não estou esperando que aconteça, só fiquei triste por ele ganhar dinheiro falando mal da cidade, droga. Não deu tempo de dizer pra ele já caí nessa, procurei-o quando caí em mim mas ele havia sumido, não sei se teria coragem de dizer, ele tinha cara de desesperado mas era bem marrentinho também, do tipo não quer ajudar beleza, obrigado, é isso aí, que cidade, nunca mais volto aqui, vejam só, deixa pra lá. No Museu da Língua Portuguesa tem exposição do Gilberto Freyre , nem precisa dizer que não vou com a cara dele. A Revista Bravo o chamou de libelo da tolerância, aha, é em nome dessa tolerância que senhores de engenho estupravam negras e negros, é em nome dessa tolerância e dessa miscigenação que hoje temos milhares de gentes que não sabem o que são, perdidas que estão entre cores e nomes, entre cafés-com-leite e pardinhos, em 1946 a lei disse, tragamos para o Brasil brancos para embelezar o país afroamericano demais; Gilbertinho, como deveria ser chamado pelo seu vô, por sinal usurpador de muita das terras no Recife (sim, por que dono dono ele não era, como saber? Comprou de quem, e se comprou, será que queriam mesmo vender?), escreveu para e pelos/as seus e suas, branco e neto de senhor de engenho como era, tinha mesmo que assinarembaixo de toda a merda feita pela aristocracia rural do Brasil oitocentista, afinal, farinha pouca, né, meu pirão primeiro, ele também queria a parte que lhe cabia no latinfúndio espúrio dessa coisa chamada tolerância. Mais nojento que isso, só exposição falando bem do cara. E não venham me dizer que o cara deve ser respeitado por trazer a discussão sobre o cotidiano no Brasil, inaugurando um corrente historiográfica que... puah, balela. Nem vou continuar, sem chance. É sempre bom lembrar Luther King, né, o lance não é o mal que te pode fazer os maus, mas sim o silêncio das pessoas boas. Ou que se dizem boas.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Vejam só o que diz Ilan: O tempo é fundamental. A palavra escola vem do grego skole, que significa ócio (...) Esse tempo na escola não existe mais. A escola está moendo crianças. A história e a literatura deveriam ser o contratempo da escola. Não sou daqueles que a escola é só brincadeira. Tem que trabalhar, estudar, mas a escola é ao mesmo tempo, sim, ócio, tempo. Tem que haver um equilíbrio, um tempo para que a criança possa alimentar sua alma para que ela continue seu trabalho. Esse equilíbrio é dado pela literatura oral e escrita. A escola colocou a literatura no moedor de carne também. Preciso escrever mais?
V Simpósio Internacional do Centro de Estudos do Caribe no Brasil-CECAB “Fronteiras e Culturas em movimento: África, Brasil Caribe” Salvador, Bahia, Brasil 30 de setembro a 3 de outubro de 2008. CONVOCATÓRIA Os inúmeros contatos entre economias, culturas, nações e povos na atual globalização, os deslocamentos das fronteiras culturais e geográficas, a hierarquização de valores culturais e étnicos, a dominação imperialista, a exclusão e a marginalização cultural, social e política ainda se constituem como aspectos negativos dessa globalização. A simultaneidade dos tempos e dos locais quando o Atlântico transformou-se em cenário principal dos contatos desiguais entre povos da África, América e Europa provocou o “modo perpétuo” em que culturas e povos se encontram em constante movimento, quer por sua dinâmica interna, quer pelos deslocamentos migratórios e pelo desenvolvimento tecnológico iniciados nos séculos XV e XVI. As relações atlânticas modificaram os espaços geopolíticos e culturais da África e da América por meio da colonização e da diáspora africana. Nesse contexto, o Brasil e o Caribe se apresentam, ou são representados, como regiões de profundos interstícios culturais onde as manifestações culturais de matriz africana ou ameríndia ficaram ocultas, negadas sob o estigma do atraso, a barbárie. A África, por sua vez, se apresenta como uma região ancestral de povos e etnias subalternos do Novo Mundo, como um local de tradições culturais estáticas e unificadas, ou de atraso e subdesenvolvimento, ofuscando – em lugar de escurecendo as relações entre suas múltiplas culturas. As interconexões culturais e políticas entre África, Brasil e Caribe, portanto, são resultantes de um passado colonial comum e das relações mantidas entre essas regiões no atual processo de globalização. Desse modo, pensar nessas culturas em movimento é reagir contra as noções estáticas de centro e periferia, das identidades, de culturas monolíticas e fixas na tradição, de fronteiras como limites e não como interstícios abertos à negociação e ao diálogo intercultural, mas também ao debate e às tensões, bem como o respeito à diversidade cultural. Para esse debate, o Centro de Estudos do Caribe no Brasil (CECAB) está organizando, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), o seu V Simpósio Internacional que se realizará em Salvador, Bahia, de 30 de setembro a 3 de outubro de 2008, cujo tema principal será “Fronteiras e Culturas em Movimento: África, Brasil e Caribe”. O Centro de Estudos do Caribe no Brasil (CECAB) é um centro de pesquisa integrante dos grupos de pesquisa de CNPq da Plataforma Lattes e vinculado à Universidade Federal de Goiás e, simultaneamente, uma sociedade civil e científica, sem fins lucrativos. Fundado em 1999, ele se constitui como o único centro científico brasileiro voltado para os estudos das culturas afro-descendentes do Caribe mantendo-se atuante em nível nacional e internacional. A maioria de seus membros é composta por historiadores, antropólogos, educadores, filólogos e outros, de diferentes níveis de graduação acadêmica e instituições (UFF, UFBA, UFM, UnB e outras), contribuindo para o debate interdisciplinar. O CECAB edita a cada semestre a Revista Brasileira do Caribe, publicação científica que reúne artigos em espanhol, francês, inglês e português de pesquisadores interessados nas culturas caribenhas e suas relações com outras regiões. Os simpósios do CECAB são bienais e congregam pesquisadores do mundo inteiro e dos mais diversos campos do saber como Antropologia, Artes, Educação, Economia, Filosofia, Geografia, História, Lingüística, Sociologia etc. Os simpósios anteriores se realizaram no Estado de Goiás, em três diferentes cidades: o primeiro e o terceiro em Goiânia (2000 e 2004), o segundo na Cidade de Goiás (2002) e o quarto em Caldas Novas (2006). Nesses simpósios foram estabelecidos debates, intercâmbios e projetos de cooperação e pesquisa entre o CECAB e outros centros de estudos, bem como faculdades e universidades nacionais e estrangeiras. A participação do CECAB no 32 congresso da Caribbean Studies Association marcou também um momento importante na trajetória do Centro não apenas pela movimentação de muitos estudiosos do Caribe mas pela expressiva presença das publicações do CECAB. A realização do V Simpósio em Salvador representa a consolidação desses vários projetos de cooperação interinstitucional tanto no Brasil quanto no estrangeiro. O V Simpósio Internacional do CECAB foi planejado para agregar seis Grupos de Trabalhos (GT’s) debatedores dos seguintes sub-temas: • Análises comparadas; • Artes visuais, literatura e música; • Gênero, sexualidade e geração; • Patrimônio e representação; • Política e identidades nacionais; • Religião e religiosidade. Assim, a exemplo dos simpósios anteriores, o CECAB e a UFBA estão confiantes que o V Simpósio será uma profícua oportunidade de congregar pesquisadores de diversas áreas interessados em culturas caribenhas e suas relações com outras regiões; em ampliar o debate acadêmico e interdisciplinar; em fomentar ações culturais, econômicas, políticas e sociais; bem como em estreitar relações de cooperação acadêmica em nível nacional e internacional. INFORMAÇÕES SOBRE O V SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO CECAB • O Simpósio se realizará em Salvador, Bahia, entre os dias 30 de setembro e 3 de outubro de 2008, com comunicações coordenadas e mesas redondas de duas horas de duração cada e conferências por professores convidados com uma hora de duração. • Os coordenadores das sessões assumirão a organização das apresentações e das comunicações. • Os participantes podem propor comunicações individuais e coletivas. • Os resumos dos trabalhos deverão ser enviados até o dia 15 de Março de 2008 para ocabrera@fchf.ufg.br ou vsimpcecab@yahoo.com.br A seleção dos trabalhos será publicada em www.fchf.ufg.br/caribebrasil a partir do dia 31 de março de 2008. Os trabalhos completos deverão ser enviados antes de 30 de junho de 2008 para ser publicado em CD-Rom. • O pagamento das inscrições poderá ser realizado até o dia de início do simpósio, no caso dos estrangeiros. No caso dos participantes brasileiros até o dia 30 de junho de 2008. • Valor das Inscrições: Apresentadores Residentes no Brasil: R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais). Apresentadores Estrangeiros: US$ 100,00 (cem dólares). Estudantes de Pós-Graduação residentes no Brasil: R$ 50,00 (cinqüenta reais). Ouvintes: R$ 30,00 (trinta reais). Estudantes de Graduação: R$ 25,00 (vinte e cinco reais). Comitê Organizador Nacional: Dra. Olga Cabrera. Presidenta (UFG) Emerson Divino Ribeiro de Oliveira (UFG-UEG) Allyson F. Garcia (UEG-UFG) Dr. Danilo Rabelo (UFG) Dra. Isabel Ibarra (UFG) Dra.Maria Antonieta Antonacci (PUC/SP) Dra. Maria Bernadette Velloso Porto (UFF/RJ) Dr. Jaime de Almeida (UnB) Dra. Maria Tereza Negrão de Melo (UnB) Dr. Carlos Benedito Rodrigues da Silva (UFMA) Comitê Organizador - Comitê Local (UFBA) Dr. Antonio Luigi Negro Dra .Cássia Maria Muniz Carletto Dra.Florentina da Silva Souza Dr. George Evergton Dra. Joseania Miranda Freitas Dra. Lina Maria Brandão de Aras Dr. Marcelo Nascimento Bernardo da Cunha Dra. Maria das Graças de Souza Teixeira Dr. Muniz Gonçalves Ferreira Comitê Executivo Rivaldene Rodrigues Natal – Divulgação Márcia Daniele de Souza Carvalho – Divulgação

COPENE.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS V Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as Pensamento negro e anti-racismo: diferenciações e percursos Goiânia - 29 de julho a 01 de agosto de 2008 1ª. CIRCULAR O V Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as, será realizado em Goiânia, pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN, sob a responsabilidade da Universidade Federal de Goiás – UFG e da Universidade Católica de Goiás - UCG, com a participação de professores/as da Universidade Estadual de Goiás - UEG, além de parceiros como órgãos governamentais nacionais, estaduais e municipais, entidades do movimento negro e empresas. Nesta circular divulgamos tema, eixos temáticos, programação geral, cronograma e contato. Em breve divulgaremos site e e-mail do evento. TEMA: O tema do V CBPN Pensamento negro e anti-racismo: diferenciações e percursos aponta para a necessidade de contínua reflexão acerca da produção de intelectuais negros/as, em grande parte “invisíveis” na ciência brasileira e nas sociedades científicas ainda que tenhamos indivíduos de renome nacional internacional. Além disso, o pensamento negro em foco tem um horizonte transnacional e comporta variações e divergências dentro de uma unidade de construção de uma representação negra plural no Brasil e no mundo, principalmente no tocante ao combate ao racismo, fenômeno multifacetado que, por sua vez, exige uma multiplicidade de interpretações e intervenções visando sua eliminação. Nas diferenciações do pensamento negro destacamos sujeitos e temáticas: o pensamento feminista negro, a juventude, os grupos afro-LGBTT, a intelectualidade negra não acadêmica. Dentre os percursos podemos retomar desde a antiguidade das sociedades africanas como a voz e o texto de pensadores/as negros de meados do século XIX e do século XX, compreendendo os períodos escravista nas Américas e colonial na África. O tema será trabalhado nas mesas redondas, grupos de trabalhos (GT’s) e comunicações de pesquisas, através de eixos temáticos que nortearão os GTs, as mesas Redondas e as Sessões de Pôsteres. Eixos temáticos: 1. Intelectualidades, feminismos e movimentos negros 2. Corporeidade, gênero e sexualidade 3. Educação e hierarquias étnico-raciais 4. África e diásporas africanas 5. Ações afirmativas, Estado e racismo institucional 6. Arte, ciência e tecnologia 7. Trabalho, raça e gênero 8. Territórios, religiões e culturas negras 9. Saúde e racismo ambiental 10. Juventudes e (re)existência Cronograma Até 15/02 29/02 24/03 30/04 15/05 Propostas de GTs, mesas, mini-cursos e oficinas (enviados pela diretora e seções da ABPN, Listas de GTs, mesas, mini-cursos e oficinas (aprovados) Data final de inscrição de trabalhos (envio de resumos de comunicações e pôsteres) Lista de comunicações e pôsteres aprovados Valores e prazos das inscrições: Categoria 24/03 15/05 29/07 Estudantes de graduação R$30,00 R$40,00 R$50,00 Professores(as) das redes públicas Ativistas e/ou artistas não vinculados a instituições acadêmicas Estudantes de pós-graduação R$50,00 R$70,00 R$90,00 Professores(as) universitários/profissionais R$80,00 R$100,00 R$120,00 Prof. Dr. Alex Ratts Vice-Presidente ABPN Presidente do V CBPN Contato Núcleo de Estudos Africanos e Afro-Descendentes e-mail neaad@museu.ufg.br Universidade Federal de Goiás Museu Antropológico fone: 62 3209 6010 Ramal: 32 Av. Universitária nº. 1166 - Sala 54 - Setor Universitário fax: 62 3521-1891 CEP: 74605-010 Goiânia – Goiás – Brasil

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Os anjos e os sacis.

Começaram as aulas, as loucuras, as viagens. Eu, na sala, com 30 crianças: - Gente, cês sabiam que os sacis não tem sexo? - Como assim, professora? - Assim, como os anjos, não tem pênis nem vulva. - Fazem xixi por onde, pelo pé? - Não são como a gente, gente, são seres, ah, coisa diferente. - E o que é os anjos comem?, perguntou uma menina lá no fundo. - Eles comem nuvem, respondeu uma outra menina, essa sentada na frente. - Mas as nuvens são feitas de água! A professora acabou de explicar isso!, gritou um menino, meio desesperado no meio da balbúrdia. - Então os anjos comem água?, perguntaram várias crianças, de uma só vez. Daí levantou uma mocinha, desconfiada, assustada: - Professora, se comem água, quer dizer que tomam cerveja? E, pra acabar com o papo, a menina do lado, com voz solene finalizou: - Conclusão: os anjos tomam cerveja.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

O amor são umas coisas dessas.

Acho que o amor é isso: tu olhar pra uma pessoa e querer parir um filho uma filha dela, só dela e sua pra depois ser do mundo, querer ir morar junto e quando souber da criança esquecer as lutas e as lidas do dia e ir ali casar, só pra ter no papel o nome dele, e se não tiver também tudo bem, mão dada no fim da tarde com ele e tem o nenê na barriga, que vai nascer e vai pegar na outra mão. Depois eu não sei o resto, acho que o amor são umas coisas dessas e tem algumas outras que eu ainda não sei não por que não quis viver, mas por que eu estou calma e respirando fundo, me preparando para o dia em que ele vai chegar, homem e o amor. A bem da verdade, se é pra dizer, eu acredito que ele chegou, aliás, chegaram eles, homem e amor, mas eu ainda preciso me aprontar, água de cheiro, saia lilás, aprender a nadar e andar de bicicleta, depois ele vai se aproximar de mim e se apaixonar.

Layout.

Preciso de novo layout pro meu blog. Gosto de Valentina, mas tudo que eu precisava descobrir sobre eu-valentina já está de bom tamanho. Alguém se habilita? Não esqueci de nada nem de ninguém, mas sem internet em casa não dá pra escrever aqui sempre. Mas tenho coisas escrevinhadas por aí, só preciso me organizar e jogar tudo aqui, pra deleite da rapaziada. Sem internet em casa é bem melhor, Maria Bethânia no rádio e eu consigo estudar, ver os filmes empilhados do lado da televisão, ver a pilha diminuindo me dá tanta paz... e ademais, continuo falando com as pessoas que amo, daqui e de longe. Tudo bem então. Elan, você sabe usar essa palavra?

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Pensamento do dia.

Preocupar-se para quê? Pois sim, me disse o moço, numa calma total, olhando lá pra fora, contemplando o mar. Se tem solução o problema, que bom. Se não tem, não há com o que se preocupar. Pois então. Vou embora. E aí, levo comigo a saudade dele e tudo de bom e mau que ele me fez.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Não sai da cachola, dorso e vontade de sambar.

Ilha de Maré Composição: Walmir Lima e Lupa Ah! Eu vim de ilha de Maré Minha senhora Pra fazer samba Na lavagem do Bonfim Saltei na rampa do mercado e segui na direção Cortejo armado na Igreja Conceição Aí de carroça andei cumade Aí de carroça andei cumpade Ah! Quando eu cheguei lá no Bonfim Minha senhora E da carroça enfeitada eu saltei Com água, flores e perfumes A escada da colina eu lavei Aí foi que eu sambei cumade Aí foi que eu sambei cumpade

domingo, fevereiro 03, 2008

Itapoan, Vila do Sossego.

Itapoan ou Itapuã? Ou ainda Itapoã? Como queira, eu grafo sempre Itapoan, mas o que importa é que agora eu estou aqui. Mo-ran-do aqui, estou feliz, comendo aipim com carne seca no café da manhã, conversando com João que nunca gosta de tomar banho e fazendo graça pros mocinhos na rua, a praia é logo ali então que tem de mais andar desfilando de biquíni pela casa, ops, tem alguém olhando pela janela, vai se acostumando com a vida besta. É ele, é eleeee. Mas vou ficar calma, até agora tá dando tudo certo, aprendi a contar nos dedos todos da mão e do pé e de esperar, afinal sou eu que tenho que parar de ser boba e não ele, e não ele. Deixa isso tudo pa lá e vem ficar comiiigo.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Olhos negros, cruéis, tentadores.

Escrever alguma coisa no meio da loucura do Carnaval, tem chuva, tem mudança, ontem foi a lavagem da casa nova, mas não teve réza, tem terreiro de Yemanjá do lado de casa, tem Lagoa do Abaeté no meu quintal, tem acarajé de Cira 24 horas, eu sou feliz, era só avisar meu irmão pra ele não ir embora agora que eu seria completa, mas completa não existe, falta sempre um pedaço dentro da gente por causa de alguma coisa, saudade ou tristeza, vai saber da vida, é ela quem me leva às vezes, mas só às vezes. E depois do amor ouvir música de Carnavais antigos é coisa que só acontece quando você está aqui em Salvador, não querer ir embora e se perder pra sempre num abraço, mas o dever nos chama e outras viagens te esperam na segunda-feira, férias dá um trabalho danado e coração não entende, quer se enrabichar. Respiro fundo, subo a ladeira e finjo que não senti nada, mesmo que aqui dentro do meu peito apressado que nem escola de samba um pedaço vermelho que pulsa não páre de bater tumtumtumtum, não aprendeu a marchinha e dança no compasso de samba sincopado, kuduro perde feio quando o coração escolhe bater acelerado. Gostaria de escrever uma canção, gostaria de escrever uma poesia, mas todas as minhas forças se esgotaram, e é quando eu vejo Ele que tenho certeza, sim, quero voltar, quero ficar aqui, mesmo que eu viaje para sempre, é para cá que eu quero voltar, é sim. Te prometo então, uma canção, uma poesia, nessa ordem, na coragem da batida do samba sincopado. Eu só quero saber em qual rua a minha vida vai encostar na tua (se for preciso, eu sumo)