Você que me lê, me ajuda a nascer.

quarta-feira, setembro 29, 2010

Carol Garcia.

Brinque com as amigas. Elas somem e trabalham e te dão um orgulho danado. , ó.

Solidariedade Silenciosa.

Essas coisas todas me comovem também. Quem pega ônibus para ir à Universidade de São Paulo e desce na estação Cidade Universitária pode atestar o que digo: todos os dias, muita gente que não precisa do tíquete para o metrô na Vila Madalena mas tem direito a este, por ter viajado no trem, pega e doa a qualquer outra pessoa que está vindo em direção ao trem, bastando para isso que ela lhe peça. Muitas vezes nem um comentário é feito, a pessoa, que vem em direção contrária, vê na mão do passageiro o bilhete, e inferindo que este não vai usar por que tomou direção contrária ao metrô, acena com a cabeça e este lhe passa. Assim, sem muita conversa. Um outro modo é depositar, dentro de uma garrafa PET cortada ao meio, que fica na portaria de pedestre da referida Universidade, seu tíquete, certo/a de quem alguém que dele precisará poderá recolhê-lo. Essa solidariedade custa R$2,40 por dia, que é o preço da passagem do metrô. Parece pouco, mas é bastante caro se multiplicado pelos dias do mês. É caro também pelo gesto. Essas solidariedades, silenciosas assim, numa cidade de concreto, me comovem. Depois que escrevi o título, pensei no SS das palavras. Lembrei do SS nazista. Seriam essas solidariedades silenciosas típicas de regimes ditatoriais?

Aula.

Na universidade que eu estudo, me parece, os professores mais revolucionários são os que tratam das leis. Vai entender a vida.

terça-feira, setembro 28, 2010

Cafundó.

De novo, agora em São Paulo. Admirada como as pessoas me dizem que tou com uma cara de tranquila e calma e eu digo que sei por que é, que é por que passei umas horas de pé no chão e sorrindo sorrisos para pessoas novas, desconhecidas, as pessoas não entendem direito a calma e a tranquilidade, mas eu me conheço e sei que gosto de mato, de terra, de criança, de comida no fogão à lenha, eu gosto dessa vida besta. Quilombo, quilombando.

Controle.

No trem, a gente sente o quanto o controle opera em todos os lugares. As pessoas acham que a cidade grande controla "menos". Bobagem. Justamente por ser maior, precisa de mais aparatos de controle. No trem, esse controle é absurdamente irritante: uma voz fala o tempo todo o que você pode ou não pode fazer. Há duas frases que eu acho no mínimo bizarras. Uma é quando ela diz:
não ponha os pés no banco de assento
Isso às seis horas é inadimissível, posto que o trem está lotado e não há nem como pôr os pés no chão! Depois, tem essa
é proibido usar aparelhos de som dentro dos vagões
Ora, mas eles podem nos infernizar com o som deles, falando o que podemos ou não podemos fazer? Incoerente um sistema de som dizer que não se pode ouvir som! Certa vez vi um segurança do trem pedir para um senhor levantar do chão dentro da vagão, pois é a norma - que eu também não entendo o motivo. Tá bom, vocês podem argumentar o que quiserem, mas é absurdo a quantidade de regras que é preciso cumprir para se usar o trem em São Paulo.

Calça 38.

Nada mais interessa. A calça 38 que não servia fazem oito meses agora entra, fácil. O mundo inteiro está se acabando, mas a calça, aquela roupa que toda mulher tem para medir se a massa aumentou ou diminuiu, ela entra fácil e eu sou feliz (mais um dos quinhentos motivos que eu invento sozinha, enquanto choro com as histórias das mulheres que conheci neste fim de semana).
Não sei por que, o que me apavora em engordar não são só os quilinhos a mais. Eu fico boba como ninguém reclama disso, mas o que me apavora mesmo é perder muitas roupas que eu adoro usar, e ter que comprar tudo de novo, isso sim é chato demais.
Mas deixa isso tudo pra lá. A calça 38 serve. E a tendência é melhorar.

domingo, setembro 26, 2010

Cabelo, cabeleira.

ABSURDO!
Salão de beleza "nega-se" a cortar cabelo de criança negra


Funcionários do "Salão Fascínio", localizado no andar térreo do Shopping Itaigara, em Salvador, recusaram-se hoje, dia 23 de setembro, a cortar o cabelo de uma criança negra, de seis anos, recomendando a mãe que "passasse a máquina", pois aquele cabelo "não dava para ser cortado, nem desembaraçado".
A mãe da criança, a jornalista Márcia Guena, acusou os funcionários e a dona do salão de racismo e logo procurou a administração do shopping para formalizar a denúncia. Neste caso configura-se um duplo crime por tratar-se de racismo e de violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por expor umacriança a uma situação vexatória.

Acompanhado da mãe, o menino M.S.G.S.O. entrou no salão por volta das 18:30, do dia 23 de setembro, quando Guena solicitou ao único funcionário homem do salão, para quem foi indicada pela atendente Selma (a qual foi identificada como dona do salão), um corte estilo "black", mas não muito alto.
O funcionário então respondeu que para "aquele cabelo" só dava para "passar a máquina". A mãe então disse: "eu não solicitei que passem a máquina, mas que cortem o cabelo do meu filho. Eu já indiquei o corte que desejo". O atendente repetiu: "só dá pra passar a máquina".

Guena retirou a criança da cadeira e saiu imediatamente
do salão para não expor a criança a uma discussão motivada pelo racismo explícito. Mas diante da violência cometida contra a criança, que foi exposta a uma situação vexatória, e a recusa de cortar o cabelo de um negro, a mãe voltou com a finalidade de procurar a gerente e formalizar a denúncia de racismo.

Ao retornar, Guena disse para Selma que a recusa em cortar o cabelo de seu filho configurava-se racismo, um crime inafiançável e que iria formalizar a denúncia junto ao Ministério Público. Selma, identificada como Maria Tavares de Oliveira, contestou dizendo que a mãe estava errada e que seus funcionários disseram que não sabiam cortar o cabelo da criança e que seria muito difícil desembaraçá-lo. Por isso, só poderiam passar a máquina, insistindo na resposta inicial do funcionário.

A mãe retirou-se do local e procurou a administração do Shopping. Guena foi recebida por Alda, que se identificou como administradora, e reconheceu a gravidade do problema, confirmando tratar-se sim de uma situação de racismo. Imediatamente ligou para Selma (Maria Tavares Oliveira) reclamando da forma como foi realizado o atendimento.

Texto enviado pela jornalista Márcia Guena

Contatos: marciaguena@gmail.com


Saiu na Raça Brasil, aqui.

Cafundó.

Do quilombo, quilombando.

sábado, setembro 25, 2010

sexta-feira, setembro 24, 2010

Orfeu Negro.

Umas caras pretas no palco. Compre aqui.

Segredo.

Ninguém nunca me contou que a melhor parte de morar sozinha era poder andar pelada o tempo todo dentro de casa.

terça-feira, setembro 21, 2010

segunda-feira, setembro 20, 2010

Meu pai e Marina.

Lá em casa, quando eu era pequena, tinha uma pasta com cifras de músicas. Eu tinha uns seis anos. Nunca vi meu pai tocando violão, mas lembro da pasta como se fosse hoje. Era aquelas com plástico para cada folha de ofício, preta. Muitas músicas de Roberto Carlos, e uma música de Dorival Caymmi que eu não entendia muito, achava a letra engraçada:

Marina, morena Marina, você se pintou Marina, você faça tudo Mas faça um favor Não pinte esse rosto que eu gosto Que eu gosto e que é só meu Marina, você já é bonita Com o que deus lhe deu Me aborreci, me zanguei Já não posso falar E quando eu me zango, marina Não sei perdoar Eu já desculpei muita coisa Você não arranjava outra igual Desculpe, Marina, morena Mas eu tô de mal

Marina, morena Marina, você se pintou Marina, você faça tudo Mas faça um favor Não pinte esse rosto que eu gosto Que eu gosto e que é só meu Marina, você já é bonita Com o que deus lhe deu Me aborreci, me zanguei Já não posso falar E quando eu me zango, marina Não sei perdoar Eu já desculpei muita coisa Você não arranjava outra igual Desculpe, Marina, morena Mas eu tô de mal De mal com você De mal com você.

Eu não entendia por que cargas d'água ele ficava zangado com Marina só por que ela botou um batonzinho. Não entendia de machismo e outras coisitas mais. Mas quando eu ouvi a música a primeira vez achei a melodia bonita, apesar da letra meio sem sentido pra mim. Me soava melancólica. A gente nem escolhe tanto as coisas que faz lembrar e esquecer alguém, as coisas. Nem sei por que lembro do meu pai quando lembro dessa música, já que nunca o vi tocando (na verdade, quando nasci lá em casa nem violão tinha, só a pasta mesmo). Mas talvez seja por isso que eu não goste tanto de maquiagem. E talvez isso tenha a ver com Marina (que é um nome que eu gosto muito, depois do meu, obviamente), Caymmi e meu pai.
Vai saber.
Quer ouvir? Vem aqui.

Carregadoras de Sonhos.

Quem conseguir esse filme pra mim, ganha um doce.

domingo, setembro 19, 2010

Cabo Verde.

Verde é o teu nome,

verde é a tua esperança,

verde é a tua dança,

verde é a tua perseverança.

Azul é o teu berço,

azul é o teu cheiro,

azul é o teu mar,

azul é o teu céu.

Verde não é o amanhecer do agricultor,

azul é o anoitecer do pescador,

verde não é a cor dos olhos da tua gente,

azul é o destino da tua gente,

verde é a força da tua gente.

Verde é a criança,

azul é a bonança,

verde é a juventude,

azul é a saudade,

verde é o sonho,

azul é o abraço

que enlaça

meu berço

Cabo Verde

Odete Andrade

(saudade danada)

Olhos nos olhos.

Essa é a música que eu espero que todos os meus exnamorados cantem em uníssono quando tudo acabar:
Olhos nos olhos Chico Buarque/1976
Partituras Notas
Quando você me deixou, meu bem Me disse pra ser feliz e passar bem Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci Mas depois, como era de costume, obedeci Quando você me quiser rever Já vai me encontrar refeita, pode crer Olhos nos olhos, quero ver o que você faz Ao sentir que sem você eu passo bem demais E que venho até remoçando Me pego cantando Sem mais nem porquê E tantas águas rolaram Quantos homens me amaram Bem mais e melhor que você Quando talvez precisar de mim 'Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim Olhos nos olhos, quero ver o que você diz Quero ver como suporta me ver tão feliz
Cante aqui com Chico.

sábado, setembro 18, 2010

Sensibilidades.

Eu acho que todo mundo tem que ir lá ver as fotos expostas no Teatro de Arena feitas por Louis Agassiz para compreender de que modo homens brancos construíram o saber que hoje em dia cremos ser neutro, imparcial.
Estava com um amigo nigeriano que via as fotos e ia me dizendo:
esse aqui parece meu pai
esse meu tio
ah, acho que esse é ibo
Fiquei ainda mais comovida com aquelas fotos de gente preta tratadas como objeto de estudo para a comprovação de que sim, os negros e as negras são seres inferiores. O cara, esse tal suíço Agassiz, saiu de lá das Zoropa atrás dos mulatos degenerados aqui no Rio de Janeiro e em Manaus, fotografando homens e mulheres nuas, perseguindo a bizarra ideia de que com as teorias frenológicas era possível comprovar tal inferioridade.
A última foto não é de Agassiz e apresenta uma das autoras do livro que está sendo divulgado junto com a exposição em tríptico fotográfico, tal qual fazia o racista suíço com as/os modelos negros/as que ele forçadamente submetia à sua câmera: Sasha Huber está nua, como se imitasse aquelas mulheres negras, que, inversamente, não pediram para serem fotografadas e nem poderiam fazer disso um libelo contra a escravização a que eram sujeitadas (é possível ver pelas fotografias as marcas do chicote). Fiquei assim sem entender o que ela desejava com a foto.
Me tirou a sensibilidade e me deixou entristecida. Por que não achei que fosse necessário essa "experimentação", esse "colocar-se no lugar": a pimenta no dos outros continua sendo refresco, mesmo quando a gente se compadece.
Melhor tentar ficar calado/a. Pelo menos por alguns minutos, enquanto todas aquelas fotos passam pela nossa cabeça, corpo, coração.

E das amigas,

sexta-feira, setembro 17, 2010

Outro Luís.

Luís Gama, gatinho.
A aversão dos/as paulistanos/as pelos/as baianos/as vem de longa data. Carta de Luís Gama a Lúcio de Mendonça, quando de sua chegada à São Paulo, vindo de Salvador vendido pelo seu próprio pai (Cf. Carta de Luiz Gama a Lúcio de Mendonça, São Paulo, 25 juillet 1880, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Seção de manuscritos. Outras reproduções : «Carta de Luiz Gama a Lúcio de Mendonça», O Estado de São Paulo , 13 mai 1931 ; Sud Menucci, «A Carta de Luiz Gama a Lúcio de Mendonça», in O precursor do abolicionismo no Brasil, op. cit., pp. 19-26 ; «Autobiografia», Obras Completas de Luiz Gama, org. de Fernando Góes, São Paulo, Edições Cultura, 1944, pp. 177-181 (Fernando Góes foi o primeiro a apresentar este documento com tal título, que se repete em reproduções posteriores deste documento) ; Roberto Schwarz, «A Autobiografia de Luiz Gama», Novos Estudos CEBRAP, n° 25, outubro de 1989, pp. 136-141.):
Fui escolhido por muitos compradores, nesta cidade, em Jundiaí e Campinas ; e, por todos repelido, como se repelem coisas ruins, pelo simples fato de ser eu «baiano». Valeu-me a pecha! O último recusante foi o venerando e simpático ancião Francisco Egídio de Sousa Aranha, pai do Exmo. Conde de Três Rios, meu respeitável amigo. Este, depois de haver-me escolhido, afagando-me disse:
— Hás de ser um bom pajem para os meus meninos; dize-me : onde nasceste ?
— Na Bahia, respondi eu.
— Baiano? - exclamou admirado o excelente velho. — Nem de graça o quero. Já
não foi por bom que o venderam tão pequeno.
Repelido como «refugo», com outro escravo de Bahia, de nome José, sapateiro, voltei para casa do sr. Cardoso, nesta cidade, à rua do Comércio n°2, sobrado, perto da igreja da Misericórdia.
A professora Lígia Ferreira segreda em aula pública que tal aversão se dava pela fama que os/as escravizados/as baianos/as tinham de serem "turbulentos", afeitos a "brigas" e "levantes". Ora, ora, ora.
Com mais alegria de ser baiana então.

GERERE Lélia Gonzalez.

quinta-feira, setembro 16, 2010

Me leva.

Preciso ir embora. Me leva daqui? Me busca, vem! Tou te esperando naquele mesmo lugar de sempre.

Amizades.

É só pra isso que a gente vive. Receber palavras de carinho logo de manhã cedo, de longe. Acho que nunca vou me cansar de ser feliz.
Por que ele me escreveu:
mas adoro você

quarta-feira, setembro 15, 2010

domingo, setembro 12, 2010

Meu Deus
Vanessa da Mata
Um homem bonito assim
O que quer de mim
O que ele fará comigo?
Um homem bonito que planos
O que Deus me deu
E que ele fará com os seus
Braços de amansar desejos Boca de beijo
Corpo de tocar
Meu coração muito tonto
Quer sair de mim
Olhos flechando meus zelos
Bem que o meu corpo já me mostrava
Tentação das mais safadas
Sem dor sem penar
Meu Deus, Ave Maria!
Se ele não é um dos Seus
Ninguém mais seria
Ninguém mais seria
Um homem bonito assim
O que quer de mim
O que ele fará comigo
Um homem bonito que planos
O que Deus me deu
E o que ele fará com os seus
Braços de arrancar desejos
Olhos de gato
Sabor de hortelã
Meu coração muito louco
Quer chegar-se em mim
Olhos flechando os meus zelos
Bem que o meu corpo já me mostrava
Conclusão das mais safadas
Sem dor sem penar
Meu Deus, Ave Maria!
Se ele não é um dos Seus
Ninguém mais seria
Ninguém mais seria
Meu Deus, Ave Maria!
Se ele não é um dos Seus
Ninguém mais seria
Ninguém mais

Nada me consola.

Mesmo com dinheiro no bolso, saúde, sorriso na cara, a gente quer mais. Quer pessoa esperando na janela, lá de cima, falando coisa bonita quando tu chega, quer carinho no fim do domingo, quer assistir filme bobo junto e sair de mão dada do cinema, quer cafuné no cabelo enrolado, quer fazer denguinho, quer dormir no colo, quer sempre mais.
Eu fico esperando a minha hora chegar.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Verdade racional.

Às vezes eu acho, Que toda preta como eu, Só quer um terreno no mato, Só seu. Sem luxo, descalça, nadar num riacho, Sem fome, Pegando as fruta no cacho. Aí truta, é o que eu acho, Quero também, Mas em São Paulo, Deus é uma nota de 100 Vida Loka (II) - Racionais MC´s

Dançar, dançando.

Por que alguém no samba de olho em mim. Com foco ou sem foco (ele não consegue, é a emoção de ver-de perto), é ele.
E mainha de lambuja.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Eletrônica.

E eu que me achava super antenada nessas coisas eletrônicas, preciso de um namorado novo para me ensinar que sim, um celular pode também ser um modem.
Olhando o trem que passa, finalmente, eu posso postar alguma coisa de casa, da minha casa, minha casinha.
Engraçado que a vizinha hoje disse que aqui onde a gente mora é quase um ópaíó.
Adorei.

Procurando sonhos.

Acho que viajei procurando sonhos. Queria estudar mais, conhecer o mundo. Viajei aqui pra São Paulo atrás desses sonhos todos que me faziam a cabeça quando eu era mais jovem, estudar, o mundo era uma grande república. Fiquei perseguindo isso dos sonhos. Tenho que admitir, eu estava apaixonada. Sempre tive a impressão que a vida não vai se você não se apaixona - e é bem assim agora, quando apaixonada por ele me despedaço longe -, sempre tive a impressão que a vida não funciona direito sem amor - que eu também nem sei direito o que é, mas gosto de pensar que sei, que já provei, que já senti -, sempre acreditei, nas pessoas, nos bichos e nas crianças. Agora menos nas pessoas, mas - mais - ainda nas crianças. Mas nem é só paixão por moço, por moça. A paixão de descobrir coisas, quem se é e o que faz a vida ter graça. Paixão por isso também, faz a gente viajar pra longe. E tinha os sonhos. Mas o meu sonho, aquele sonhado lá quando eu cheguei aqui, tinha goiabada derretida dentro, sonho quentinho frito no óleo, sonho estranho para todo mundo aqui. Eu ficava procurando esse sonho nas padarias, em todo lugar que eu ia eu perguntava desse sonho, desse jeito que tava na minha cabeça, era com goiabada dentro, não sabia dos sonhos com creme ou doce de leite nem chocolate, esses sonhos não eram meus, não me acostumei. Sinto falta do meu sonho de goiabada. Procurando não estou mais. Não acho que vá encontrar aqui. Preciso mesmo é voltar.

quinta-feira, setembro 02, 2010

Horário Eleitoral.

Como é bom ficar em casa sem fazer nada. Horário eleitoral. E minha mãe dispara essa:
filha, Tiririca sabe ler? Ele estudou? E como ele vai ser deputado federal? Ele tem faculdade?
mãe, Lula também não tem faculdade
ai, filha, mas nem compara
não tou comparando, também acho que Tiririca não sabe de nada para ser deputado. Na verdade, ele serve como contraponto e para fazer a gente perceber que não dá pra analisar alguém só por que ele tem graduação. A senhora lembra daquele cara que eu namorei que era mestre e gostava de agredir mulheres, não é? Mas, voltando ao Tiririca, um cara que tem como slogan "pior do que tá não fica. Vote em Tiririca" tá mais preocupado com a rima do que com a eleição, com o voto.
fica quieta que começou passione

Hospital.

Coisas de pronto-socorro.
A enfermeira que arruma a minha seringa fora do seu horário de trabalho me deixa sem jeito.
E, quando eu desço a lotação, entro na farmácia, uma senhora me diz
eu te vi no hospital essa noite, tá melhor?
Olha pra minha mão e comenta
é, melhorou sim, que bom, boa sorte, vai com deus
Coisas de Grajaú, Zona Sul.

quarta-feira, setembro 01, 2010

dudaeduada.

dudaeduada é como ela, a menina se chamava quando perguntavam seu nome. dudaeduada tinha um ano e meio quando nos conhecemos. eu professora, ela, um bebê. Encontrei a mãe dia desses, que diz que a mocinha não me esqueceu. E quando lembra muito, antes de sair para a pré-escola, pede: mãe, amarra meu cabelo lá no alto, igual o daquela minha professora Eu entendi então o que me faltava quando eu fui embora para a Zona Oeste. Subi a ladeira de um dos mais de 500 bairros da Zona Sul contente de feliz.