Você que me lê, me ajuda a nascer.

terça-feira, dezembro 31, 2019

Hair Love.


Minhas palavras.

Escrevo muito sobre o que ouço e leio dele, mas pouco escrevo aqui o que devolvo quando ele me ama com as palavras. E são coisas lindas também, depois que escrevo fico meio besta, relendo. Ele me diz que eu sou a melhor com as palavras, mas ele também. Ele ganha meu coração todos os dias com duas ou três delas, se ele fizer isso por mais uns 15 anos, vamos ter que inventar outros nomes para felicidade e amor. 

Eu escolhi pôr entre nós amor e não medo. Eu decidi te amar é isso que eu quero fazer agora

Gravidez.

Assim, eu me pego lendo essas coisas.
E mais não digo. 

Você é...

you are a beautyful storm

Acordei com essas palavras na tela do celular. Lindas, dançando para mim.

você uma bonita tempestade, você uma tempestade bonita, tempestade bonita é você

Vire de todos os lados e vais encontrar só belas palavras de carinho, saudade e vontade de estar perto, eu sei.

Unbridled.


segunda-feira, dezembro 30, 2019

Escorpião com Macaco.

Se eu acreditasse em coincidência e horóscopo, era para casar amanhã. Mesmo signo no zodíaco e mesmo signo no horóscopo chinês. Arrepiou? Coisa é cá.

E todo mundo diz, melhor coisa é escorpião ficar com escorpião e macaco com macaco. Eu também acho.

Aproveitar que ele está dormindo e ler tudo tudo tudo tudo.

Tarde para la ira.


domingo, dezembro 29, 2019

O dom da Infância, Baba Wagué Diakité.


Terminei de ler o livro chorando, chorando. Quando Baba começa a falar sobre como saiu de onde vivia no Mali, em Kassaro e chegou em Portland, Estados Unidos, eu lembrei de mim. Um pensamento bobo me assaltou e eu achei que ele estava falando sobre mim, sobre tudo que passei quando fui para longe de casa. 

É natural ter medo de algumas coisas, mas por favor, não fiquem apavorados para sempre (p. 39)

Nos últimos dias, tenho ouvido minhas escolhas e como pessoas que nunca me disseram nada sobre minha partida a viam, sem me perguntar como me senti. Aí foi que esse final de livro me pegou de jeito. O livro é uma história breve sobre a infância de Baba e sua relação com sua avó e também com sua mãe e comunidade. Apesar de ser breve, Baba escreve coisas lindíssimas, em poucas palavras, sobre a experiência de conviver com pessoas mais velhas, sobre a relação de sua comunidade com a natureza, coisas que me inspiraram a escrever um projeto de trabalho para este novo tempo que, segundo dizem, vai começar já, já.

Uma anciã sentada pode ver mais longe que um jovem de pé (p. 50)

Baba lembra de como aprendeu que sua mãe, que não vivia em sua comunidade e sim numa cidade grande perto de lá, era também considerada uma árvore, árvore esta que ele via sempre durante suas andanças ao redor de sua casa. Isso foi forte, me pegou por inteira. Eu amo mato e coisas que crescem na terra, que tem chão. Pode parecer estranho vindo de alguém que vive para lá e para cá, mas é assim mesmo, a vida é toda contradição, gostar de chão me lembra do meu medo de avião, eu vivo lá em cima e vivo com medo, vou com medo mas vou. Quem me dera ser árvore, um dia, para alguém.

As gravuras também são lindíssimas. Baba é artista plástico e tem um blog massa. 


Lá no fim, Baba lembra algo que pode nos ajudar a entender o que vem a ser os termos feminino e masculino em sua comunidade. Sua mulher, Ronna, estadunidense, explicou como pensava a algumas de suas parentes e amigas, quando em visita à família de Baba.

Wagué, Ronna deve amar muito você. Se entendi bem, ela disse que os homens e mulheres deveriam ser iguais. 
Ela tem razão, respondi.
Claro que você concorda, afinal é homem. 
Ronna! - gritou Jelika e outra chamada Jeneba. Você não quer ser igual a um homem. Nenhuma mulher no mundo quer. Sabe porque? Porque eles sempre quiseram ser como nós.
Sim, exclamaram as outras, de pé atrás delas, soltando grandes gargalhadas. Superamos os homens em esperteza. Por isso temos orgulho de ser mulheres, mães de reis e aleijados, mães de ricos e pobres. Somos mulheres! (p. 126)

A língua do meu amor.

A língua do meu amor não é compreensível a todas as pessoas do mundo. Ele fala uma língua que é nossa porque é dele, eu não preciso entender tudo, porque eu sinto que ele me ama.
Eu sinto porque confio e confio porque amo. Eu cheguei ao lugar onde eu queria estar e estou bem. Não vou sair daqui tão fácil.

A língua do meu amor é a língua que não traduzo aqui e que em português fica ruim, tudo fica ruim se não é em nossa língua.
A língua do meu amor é quebrada, dolorida, cheia de lacunas e faltas.
Toda errada.
Eu não entendo nada, ele repete, são horas para entender um pergunta simples como

onde você está?

Tem o tempo, tudo que demora para compreender, todas as falhas da palavra dita em diversas línguas e o tempo que ela percorre dentro de mim, cabeça e coração.
Não é diferente do lado de lá. 

Vamos fazer uma ligação com vídeo para resolver todas as palavras mal-ditas. Mas é a câmera acender e eu esqueço tudo, ele está mais lindo do que da última vez (foi há cinco horas) e eu pergunto 

onde você está?

E ele responde

esse seu brinco é outro, gostei 

Passamos dez segundos em silêncio e ele diz

I really love you

E isso eu entendo até em outra galáxia, mas não porque é em inglês mas porque é na língua do meu amor.

Ame quem você ama, é esse o mandamento de 2020.

Saudade da África do Sul.

Acordei e, subitamente, um cheiro me lembrou Cape. Acordei com saudade de lá. Das pessoas, das risadas, das conversas e montes de línguas falando ao meu ouvido. 
Das relações raciais diferentes das que vivo aqui, das intrincadas redes que a raça e a nacionalidade percorre, do que a cor da minha pele pode dizer enquanto estou em silêncio, do que me faz rebolar a noite inteira num bar de zimbabuenses sem parar, sem parar e sem medo. 

Eu sinto saudade cheia de amor. Eu acho que vou mudar o nome do blog para "Falando de amor" ou algo assim, porque eu só falo disso. Eu falo do que eu estou cheia, cabelo, pele e coração. Em sotho, né, na língua do meu amor. 

A primeira tentação de Cristo.



sexta-feira, dezembro 27, 2019

Angela Davis: regra & exceção.


Vem, sol.

Dez dias sem suas palavras e eu fiquei seca. Foi difícil, mas sobrevivi. Cantei, li livros, terminei filmes, conversei com amigas novas, amigas velhas, resolvi pendências eternas (mentira, não resolvi nada), escrevi cartas (umas delas para você), esperei, suspirei, dormi, comi, vi novela (!), arrumei roupas, joguei fora roupas, comprei passagens, organizei as novas viagens. E você chegou.

Eu ali, fazendo um macarrão à bolonhesa e decidindo o filme da tarde e você voltou da expedição que levou para longe as palavras que aquecem minha alegria de amar, minha vontade de ficar bem, em paz. Você diz que não aguenta ficar longe e logo escreve

I love you so much

E eu digo tá, olha essa ideia que eu tive, eu falo, explico o que aconteceu. E você diz

I can't stay away from you

E eu penso, nunca mais faça isso, vamos nos ver logo, vamos ficar juntos para sempre, vamos jogar fora nossos celulares, sem redes como sempre, só redes, eu e tu, amarrados pelos sentimentos. Nós. 

Eu te amo porque me amo mas também porque não aguento mais amar só a mim. Eu te amo, enfim.

Indumentárias Negras, Hanayrá Negreiros.


A gente conhece as pessoas assim assim e do nada elas ficam grandonas e lindas assim crescidas e cheias de coisa num vídeo. Mas a gente continua mandando email e votos de feliz ano botando Exu na frente, isso que importa. Voa, voa.
Aproveita e vê esse outro deboche:


Rapaz, que orgulho de ser mulher preta. Sinta prazer, deleite e orgulho você também, fica pertinho da gente.

Long Shot.


quinta-feira, dezembro 26, 2019

quarta-feira, dezembro 25, 2019

segunda-feira, dezembro 23, 2019

sábado, dezembro 21, 2019

Suspensão.

Sabe aquele tempo, minutos, segundos, que a vida parece estar em suspenso?

No meu coração esse tempo já dura é tempo. Saudade, vontade, desejo, tristeza, medo e certeza. Quem dera ou quem desse esse tempo passasse e eu visse lá do outro lado, quero saber como é ter chegado. Ou não sei. Posso fazer coisas enquanto espero, mas não ver seu sorriso me deixa oca por dentro.

Úrsula, de Maria Firmina dos Reis.

Livro de Maria Firmina dos Reis, comprei no ano passado na Festa do Livro e sabia que talvez não gostasse tanto, porque é romance, daquele carregado nas tintas, mas a gente lê por saber quem é a autora e pela importância que ela tem na nossa vida. Lá vamos nós, lá fui eu ler o tal do livro.



Li a edição feita pela editora da UFMG, com prefácio falando e posfácio contando um pouco sobre a autora, além de documentos comprobatórios de sua condição à época em que viveu. Não temos foto de Maria Firmina, mas seu documento de identificação não deixa dúvida para termos a certeza de que é filha de um homem negro. 

A história é sobre Úrsula, mulher branca que cuida de sua mãe e de repente recebe à casa, trazido por um escravizado de nome Túlio, um homem branco que ele encontra desfalecido no caminho para a cidade. A história aí se desenrola, com direito à vingança, traição, ódio, morte e um romance daqueles de fazer o inventor de Capitu chorar junto.

Apesar de dizerem que Maria Firmina deu vida à personagens escravizados/as e os/as humanizou, a história não é sobre eles, como muitas poderiam gostar que fossem. De certo modo, pode ter parecido mais ousado ainda Maria Firmina ter escrito um romance com pessoas brancas sem ter nenhuma preocupação em explicar se poderia fazer aquilo ou não, por ser mulher e negra. Assim, para além de evocar sua coragem em humanizar personagens negras, imagino que falar sobre pessoas brancas como feitas de carne e dadas às todas as paixões, aquelas consideradas nobres e também as torpes. 

É isso, Maria Firmina. Obrigada por existir. Fiquei pensando que há bem pouco tempo tenho me apresentado como escritora. Acho que a primeira vez foi em São Paulo, para uma moça, ela carioca, estava lá para fazer o vestibular para medicina numa estadual. Ela e sua mãe, duas pessoas negras que acabaram indo no lançamento dos Cadernos Negros depois de termos nos conhecido no aeroporto em Guarulhos. Sou professora e escritora, eu disse, ou o contrário. Não lembro. Ela arregalou os olhos e disse "olha, que legal". Achei ótimo esse olho arregalado que dizia "que bom, eu também posso". 

Pois é, podemos. Disse Maria Firmina dos Reis e digo eu, Míghian Danae 

sexta-feira, dezembro 20, 2019

quinta-feira, dezembro 19, 2019

Soraia Ramos, Bai.


Beatriz Nascimento, presente.

Esse vídeo tem 04 minutos e eu acho tão bonito, tão especial. Quando lembro de Beatriz eu fico triste e feliz, é uma sensação doce e dura. Eu não a conheci, mas é como se sim, como se ela estivesse aqui comigo quando me sinto como acho que ela se sentiria, eu me sinto acompanhada. 


Tão linda, tão doce, tão forte. Eu quero ser Beatriz Nascimento. Nos dias tristes e nos dias de sol. Quero ser linda assim, por fora e quero abrir a boca e falar assim, desse jeito, assim, assim. Eu quero.

Eu tenho tanto orgulho de ser mulher, de ser mulher negra. Hoje eu não entendo mais porque alguém não poderia querer ser mulher negra. Com tudo, tudo mesmo, sou muito feliz de ser eu mesma. E eu quero que todo mundo se sinta assim na vida.

Como me diz Lélia, sabe qual é a pessoa negra mais bonita? Aquela que sabe quem é e não quer ser outra. Eu quero essa certeza.

terça-feira, dezembro 17, 2019

Ladrões.


Barulhinhos.

Oronho vinha aqui e era só silêncio. Passávamos horas fazendo nadas mergulhados em silêncios. Por vezes um som aqui e ali, tão raro. Agora ele tem dois anos e está descobrindo o som. O som que sai dele, de dentro e de fora, o som que está nas coisas. Eu não sei o que eu gosto mais, de antes ou agora, é tudo tão lindo, ele é tão ele mesmo o tempo todo que me dá uma coragem da zorra de seguir em frente. 

Tão em paz sendo ele e por mim se o mundo não sabe, quando ele quer algo, ele chora alto, bem alto, grita, às vezes é só sono e eu não sei, aí ele se aninha no meu colo e fica com os olhos bem grandes abertos por uns 20 minutos e depois dorme. Dorme. Dorme, mas acorda e grita quando eu tento mudá-lo para cama. Converso, ele grita, me puxa para baixo dele e fecha o olho de novo. Ele já disse onde me quer, volta a dormir. Não quer ser importunado.

Depois, acorda com a maior calma e beleza do mundo e já entra no jogo da vida, no que as pessoas ao redor estão fazendo, fala com todas as pessoas da sala de algum jeito, chega perto, olha, sorri, corre, aponta. Brinca com tudo mas pede com os olhos para mexer no que quer. Olha os livros de perto mas sem bagunçar nada, passa as vistas em tudo tudo tudo mas escolhe e pede com os olhos. Pede, pede. Eu deixo tudo, estou rendida.

Eu sou muito grata à vida por ter Oronho aqui. Eu não poderia ser mais feliz, aliás, eu sempre acho que não poderia, mas eu posso, sim. Toda vez que encontro ele me pergunto "como fiquei longe tanto tempo?". E ele vai, diz para a mamãe que quer ir embora. E ele vai. 

Amoratuwa.

Ele é amor, eu sou moratuwa, descubra, a gente junta o que quer, a gente se junta e nada mais importa, não.

Estou bem. Tão bem. 

Apaixonada.

Eu estou muito apaixonada, como se diz isso em todas as línguas do mundo? Parece que quanto menos falo com ele mais apaixonada fico, imprimi uma foto dele na minha impressora nova com todas as cores do mundo, mas poderia ser só preto. Não falo com ele mas recebo um email com palavras que jorram amor, vermelho de amor e é tanto, a vida passa gostosa e fácil, eu indo ali e aqui, fazendo minhas coisas, dobrando roupas e ouvindo Thami, ouvindo Kumalo, ouvindo Daniel Caesar de novo, molhando as plantas, tirando as folhinhas amarelas, trabalhando, esperando.

Eu amo qualquer coisa que possa ser só nossa, senhora T. Eu quero esse sobrenome, eu quero sim, todo mundo que vai vir em fileira depois de nós quererá, eu sei. 

segunda-feira, dezembro 16, 2019

I love you, Luyolo.



É I love you, mas vai no zulu que você é mais feliz.

Barati (do sesotho "amantes", não de baratino).

Rapaz, hoje foi dia.


your love continues to amaze and overwhelm me everyday

hearing from you brightens even my darkest days. you are amazing


E foi tanta fome de amor que as palavras jorraram de dentro de um coração para um outro coração assim, correndo. Nos devoramos inteiro, nos prometemos casamento e filhos (com direito a um rápido debate sobre a decoração do lugar) em poucos minutos de uma conexão ruim. Ver o nome dele do lado de uma bolinha verde e online escrito "disponível agora" é a coisa mais perfeita que um dia de paz pode me dar, é como recarregar todas as forças. Eu me sinto a mulher mais forte do mundo. Eu vou conseguir, porque ele me diz que namorar é isso, não desistir. 

Estou aqui, esperando por você

Você me faz chorar de felicidade, nunca achei que isso acontecia de verdade! Eu amo você

Eu realmente amo você.

Dias de tédio e longe de tu me fazem ver, eu realmente amo você

Eu paro de falar de amor, aí começam, eu falo de novo. Estou tão bem e em paz, olhando o mar, tomando café, ouvindo música e escrevendo uma carta de amor. 

O moço do correio diz

Chegou cartão de amor, vai querer? 

Claro, o que for de amor eu quero, me dê aí.


Atlantique.


Beleza Oculta.


domingo, dezembro 15, 2019

O amor é...

O amor é uma passagem de 10 minutos para Matatiele e volta quando eu quiser.
O amor é Oronho pedindo colo para dormir.
O amor é Denis usando o aspirador de pó na casa inteira e ainda fazendo o almoço.
O amor sou eu feliz em casa arrumando a casa limpando a casa fazendo pipoca e vendo filmes.
O amor é minha vizinha de seis anos conversando comigo na sacada do fundo da casa.

Paraíso Perdido.


Vendo ou alugo.


sexta-feira, dezembro 13, 2019

Amar é calma, a maré calma.

Eu gosto de falar de amor mas quando vejo nem era sobre isso mesmo que eu pensei em escrever. Eu me escondo nas palavras, só quem me conhece é quem sabe, mas quem me conhece? Quem sabe.

Publiquei um conto nos Cadernos Negros deste ano. Número 42. Aproveitei e fui checar a lista de coisas que eu tinha como meta para 2019. Nunca tinha feito isso, mas consegui cumprir metade, 25 por cento não (porque umas até deixaram de ser meta, rs) e as outras 25 por cento está pelo meio, como tirar a licença para dirigir. Eu acabei me concentrando mais em encontrar alguém para dirigir para mim, não sabe?

Vou refazer a lista para o ano que vem, tirando umas coisas, enfiando outras. Eu gostei disso, mas não muito, porque não posso pregar num lugar à vista e dar a entender para todo mundo o que eu faço do meu tempo, do amor e do dinheiro. Boca piu. 

Sinto saudade dele, mas não é muita, porque ele é quase aqui comigo dentro, uma certeza das coisas todas que temos para fazer juntos na vida, eu sei. E mais não falo, só posto filme porque gasto minhas palavras todas com ele, respondendo as belezas que ele me fala. 

Ele diz, sinto falta de abrir o Skype e ver 21 mensagens tuas e eu respondo, agora é você quem escreve 21, aha. Vem quente que eu estou fervendo. 

Amar é calma, é certeza, eu aprendo tanto com as pessoas jovens, tão lindas e certas. 


sexta-feira, dezembro 06, 2019

domingo, dezembro 01, 2019

Um abraço.

Deixa sangrar, até o fim. Deixa viver. 

As palavras que escrevo não cabem em mim, deixo-as por aí, apago aqui. Há pessoas que me tem com elas nas palavras que escrevi e apaguei, eu mesma não as tenho mais, não as suporto ter, porque foram muitas, porque doeu, porque não consigo reler. 

Apago porque transbordo e já não caibo em mim. Apago porque preciso escrever outras palavras por cima, a vida é curta e não sobra espaço para o tanto de história que eu tenho para viver. 

Me tem aí, porque eu já apaguei a gente. Por mim.