Você que me lê, me ajuda a nascer.

quarta-feira, outubro 31, 2018

Jazmine Sullivan.


Obrigada, Alysson, você e Jazmine iluminaram meu dia. <3 p="">

segunda-feira, outubro 29, 2018

Segunda, segundo.

Muita gente levantou da cama hoje muito triste, mais triste. 
Eu também.

Muita gente está com medo, muito medo.
Eu nem tanto.

Mas sim, hoje foi uma segunda de segundo lugar. As cores não brilhavam igual, o dia passou sem nenhum interesse, meio autômato. Só fiz o que tinha que fazer. Cheguei em casa, fiz um café forte. O mesmo de sempre, só que mais triste.

Ele não é meu presidente. Presidente, presidente mesmo, até agora, eu só tive um. Ah, já tive presidenta também. E todo mundo sabe quem é.

Lula la
Dilma ma


quinta-feira, outubro 25, 2018

Olélé Moliba Makasi.


Que lindo. As meninas do curso de Infância e Relações Raciais que me mostraram essa lindeza. Quero ir na creche mostrar para os bebês. 

Ah, há coisas para ser feliz por aí.

quarta-feira, outubro 24, 2018

Haddad sim.

Estou correndo correnddo correnddo mas passo bem rápiddo para dizer que eu sou Haddad.
Preciso dizer? Sim.
Preciso escrever? Sim.
Preciso debater? (ufa) Sim.

Eu volto.

sexta-feira, outubro 19, 2018

sexta-feira, outubro 12, 2018

Eu sei porque o pássaro canta na gaiola, Maya Angelou.


Eu conheci Maya faz pouco tempo. A Netflix faz isso com a gente, tem documentários ótimos sobre personalidades negras estadunidenses. Ainda quero pesquisar se as pessoas que fazem a Netflix acreditam na diversidade como capital ou como direito num canal de streaming, porque tem até bastante coisa para a população negra lá. São espertos ou são sensíveis à causa racial?

Bom, assim conheci Maya e vejo muitos documentários de lá, cuidando para que não fique sabendo mais da vida deles do que da nossa, né? Achei-a linda, perfeita. Imagina quando descobri que ela também escreveu livros infantis e um monte de autobiografias? Fiquei louca, esperando pelo dia que pudesse lê-la. 

Assim que tive como comprar seus livros, comprei. Li este que apresento agora e li também um livro infantil chamado A vida não me assusta, com ilustrações de Jean Basquiat. Tem mais um na fila, mas ele chegou agora, depois de tantos outros, como o que comecei hoje chamado O caminho de casa, de Yaa Gyasi. Comecei lendo Maya nas idas e vindas entre São Francisco e Salvador, mas não sabia que ela ia me fazer chorar entre as páginas que ela escreveu há mais de cinquenta anos atrás sobre sua infância, que foi ainda há mais tempo. 

O que eu tenho para falar desse livro? Rapaz, ele me pegou. Eu estive lendo livros que não me pegaram nos últimos meses e fiquei pensando se eu ainda gostava de ler como antes. Não, não era eu. É sobre escrever bem e sobre falar comigo, me inspirar. Maya me disse coisas em sussurro sobre como amar homens e mulheres como eu nunca mais tinha ouvido nem baixinho ao ouvido. Eu não vou poder falar mais sobre esse livro. É preciso ler e ser tomada por ela, pela forma como ela escreve sobre ela e as pessoas ao redor da cena que ela recria para nós, muito generosa. 

Só posso dizer que há pelo menos dois capítulos que eu deverei compartilhar com todas as pessoas que amo e que passaram ou passarão pela minha vida, assim eu possa. Maya me diz como é que nós, negras e negros, conseguimos suportar o insuportável, da dor, da humilhação, da vergonha, da indigna vida de desrespeito a que somos submetidas diariamente, em nossa condição de menina, mulher negra. Mas também não direi quais. Só posso dizer que são dois e que estão em ordem, no livro. 

Leia Conceição Evaristo (que por sinal foi quem nos indicou ler Maya), leia Cristiane Sobral, leia Carolina de Jesus. Leia Maya também. 

Ah, o nome do livro é inspirado no poema Sympathy, de Paul Laurence Dunbar, um dos muitos autores que Maya me contou. É isso, Maya não tem ódio dos homens negros. Ela sabe como falar sobre eles de um jeito duro e doce que no fim tem um jeito só dela - que pode ser nosso também - que nos ensina a fazer as pazes com eles. E, assim, fazer as pazes com a gente também. 

segunda-feira, outubro 08, 2018

Desafio (com amor, a gente chega lá).

Sinto muita falta dos bebês da creche. A creche aonde eu trabalhava. Eu saí dela e estou trabalhando numa universidade. Faz muita diferença. Eu chegava às 08h, encontrava com eles e elas, eram onze frequentes esse ano. A gente sentava no chão e ficava brincando até todo mundo chegar. A gente conversava e brincava, dava risada, um mundo nosso cheio de sorrisos, birras e felicidade. 

A gente ficava junto o tempo todo. Grudado, colado. É uma falta física, eu sinto falta da pele, do cheiro, da baba, do dedinho que roçava minha mão, da quentura quando eu trocava ele ou ela de cama ainda dormindo, de pegar no colo, de sentir o suor, o sorriso. Eu sinto tanta falta disso e isso não tem substituto. É uma coisa inominável e eu fui muito feliz ali, tão feliz ali, foram dois anos com bebês que me doaram tanta energia para continuar de pé, eu reclamava das condições de trabalho, fazia greve mas sentia falta deles e delas, só deles e delas. 

Migh lindona, você tava aonde?, ela me fala com as mãos nas cadeiras e eu respondo sorrindo, ela me olha de cima embaixo (ajuda porque eu estou abaixada, à altura de seus olhos) e quase balança o pezinho, gestos completos de uma pessoa inquiridora e que não aceita qualquer resposta como justificativa para o meu sumiço. Como dizer pra ela que estava dando atenção a outras pessoas que não ela? Como dizer que eu não estava ali mas suspirava querendo ouvir sua risada e sentia falta até de suas birras, aquelas que ela repetia sem se cansar, sem desanimar, mesmo quando nós, adultas, dizíamos não o tempo todo? Não consegui dizer muito, só que estava em casa, respondo sorrindo, ela ainda quase séria com as mãos nas cadeiras por um segundo me dá espaço e eu a agarro, abraço, beijo, ela sorri gostoso, mostra os dentes que cresceram mais desde a última vez que lhe vi, sou feliz.

Agora é gentes grandes que me declaram amor e me abraçam do jeito que aprenderam, que sorriem e me gostam também, não posso negar. Recebi hoje um email de uma grandona que me dizia assim:

Mighian!!!!!
Mighian!!!!
Obrigada
Estou com "Histórias de ébano". Ler o livro em pleno sábado na véspera de eleição pois é tá ótimo. Tá sendo como uma dor de barriga. Mal comecei e tudo que li apertou tanto a minha mente que pude traduzir o que quero pesquisar. Agora eu sei o que vou pesquisar!!!!!!!!!!!!!! Eu entendi o que eu vim fazer em São Francisco e que não pedi demissão de emprego à toa não. Tô aliviada!!!!!! Saiu! Eu pari uma vontade, mulher!!!! Sensacional saber como fazer o que eu quero fazer mesmo, se aceitarem ou não, eu entendi o que posso fazer. Vou construir a linha pra esse trem e ele vai correr por cima dela que nem criança no meio fio!!! Doido demais!

Afaga o coração ler essas belezas e saber que a gente continua na vida das pessoas e elas vão lembrar da gente, assim como quando encontrei um menino de seis anos que me disse "oi, professora" e eu não acreditei que ele lembrava que eu havia trocado a fralda dele 3 anos antes (eu nunca esqueci seu nome, mesmo antes disso, porque ele era muito retado para que eu o esquecesse, pelo menos por uns dez anos). Há respiros de alegria no meio da vida corrida que tem a universidade. As coisas não são de todo ruim, não; as coisas são como antes, como sempre, como a vida. Mas, não posso dizer que não sinto mais falta da baba, do suor, do grude, da birra, do chão, da pele, do olhar, do sono, do carinho, da comida na boca. Não posso dizer.

Eu tenho montes de fotos lindas que eu tirei a vida inteira com as crianças, das crianças, pelas crianças. Sempre que posso, revejo essas fotos e me emociono. Alguém fez uma delas no celular, poucos dias antes de eu ir embora da creche. Estou sentada no chão, um nenê entre minhas pernas, eu trocando fraldas. Sinto um amor por essa foto tão grande toda vez que a vejo, sinto amor por mim e pelas crianças. Ela é um pouco do que eu sinto falta quando estou lá, na universidade. Consolo-me um pouco olhando para ela às vezes e me esforço para fazer um sorriso, porque vejo que estou sorrindo na foto e essa é a sensação que ficou desse tempo tão bom. De verdade, para mim é muito gostoso ter saído de lá com saudade e não com tristeza, com cansaço, com desânimo. Foi assim também quando fiz outras coisas na vida. Sou uma sortuda, enfim. 

sábado, outubro 06, 2018

quarta-feira, outubro 03, 2018

segunda-feira, outubro 01, 2018