Você que me lê, me ajuda a nascer.

sábado, abril 30, 2016

sexta-feira, abril 29, 2016

Tsotsi - Infância Roubada, por Athol Fugard.


Fechei o livro e vim escrever sobre ele, escrito por Athol Fugard, publicado pela primeira vez em 1980. Athol foi diretor de teatro e junto com o livro, ao final dele, há também a peça Mestre Harold e... os meninos. Vamos lá, falar de cada coisa de cada vez. 
A história de Tsotsi (David Madondo) já foi retratada no cinema e eu até já assisti, mas sinceramente não lembro do desfecho do filme (o filme tem o mesmo nome do livro, ganhou Oscar e tudo). Com certeza não é o mesmo do livro, senão eu estaria lembrando mais do filme.

Filme Tsotsi - Infância Roubada,  2007.

É um romance psicológico, o tanto de psicologia que o  teatro se compromete nos textos. Athol não nega sua formação ao escrever o interior das personagens quase todo o tempo do livro, muito mais do que o mundo ao redor, que realmente não significa muita coisa, quando você está destroçado por dentro. 
O livro conta a história de Tsotsi e seu grupo de três meninos que vivem no subúrbio (shebben) da África do Sul em tempos de segregação racial, 1950. Tsotsi é o termo utilizado para identificar as crianças que sobrevivem nas ruas, cometendo pequenos furtos, além de vez por outra realizar assassinatos e estupros. Na introdução do livro,  Jonathan Kaplan nos informa
Tsotsi era um estilo. Jovens negros nos distritos de Johannesburgo, fascinados pelos filmes norte-americanos da década de 40 sobre gângsteres, adotaram o mesmo estilo de se vestir, e um deprezo pela lei e pela ordem. (essa parte da fascinação pelos filmes norte-americanos eu realmente acho que é á leitura fascinada de Kaplan, um jovem médico branco)
A grande reviravolta do livro acontece quando Tsotsi depara-se com um bebê nos braços, abandonado por uma mulher a quem pensou em molestar sexualmente. Depois desse encontro, o livro toma outros rumos e a vida de Tsotsi também. 
Já a peça Mestre Harold... e os meninos possui um conteúdo em seu texto que talvez eu não consiga me conectar por minha postura racial e política. Mestre Harold é um garoto de 16 e os meninos são dois senhores negros que trabalham para a família de Harold, que exige a certo ponto ser chamado não de Hally, seu apelido carinhoso de infância e sim mestre Harold. Em que pese a importância que há no teatro que conta histórias de exploração humana, já que elas devem ser contadas para que não sejam esquecidas, é preciso cuidado para não repetir velhos modelos que colocam grupos racialmente subordinados nos lugares em que os brancos acham que devemos estar. Nesta peça, não há ponto de virada, para mim é a mesma forma de contar a história das relações humanas vividas em tempos de segregação racial: a típica mea culpa que a população branca teima em fazer nestes casos. Será que uma vez ou outra seria possível escrever ao menos uma cena ou um final que seja que escancare possibilidades de humanidade nos grupos raciais subordinados.

Vou explicar o que falo contando parte da peça:
O pai de Hally é um aleijado e alcoólatra , como ele mesmo o chama. Por conta disso, Sam, um dos senhores que trabalha no salão de chá da família, esteve mais próximo de Hally do que o próprio pai. Hally parece nutrir sentimentos de amor e ódio por Sam, mas na peça, a relação de poder estabelecida por Hally em relação a Sam não nos deixa ir além da sua confusão mental com tons racistas em relação ao que sente por Sam e em consequência, ao que sente pelo pai, ou vice-versa. Não é que Hally não possa ser racista, mas seria importante ultrapassar esse ponto da relação, tão batido. Uma ótimo exemplo de como se pode ir além é o filme Django, de Quentin Tarantino.  

Não é que Tsotsi apresente uma saída ou seja diferente de tudo isso. Tsotsi é mais original porque, mesmo apresentando uma história sem saída, tenta captar a situação do ponto de vista de um rapaz negro, sem o típico antagonismo racial interpessoal e bastante comum nas obras escritas por brancos em situações de segregação racial. Tsotsi é a história de um rapaz negro, com todas as agruras que ele poderia ter, mas sem cenas de auto-piedade branca ou mea culpa

Achei uma paradinha sobre o filme aqui


quarta-feira, abril 27, 2016

segunda-feira, abril 25, 2016

Mendigos, moleques e vadios na Bahia do século XIX, por Walter Fraga.

Retrato de Menino, de Arthur Timóteo da Costa (1892-1992)

Eu me comprometi a falar sobre todas as coisas que ando lendo, mas às vezes esqueço. Vou indicar a leitura de parte desta dissertação maravilhosa e deliciosa de ler, que acabei lendo de uma toada só, ontem, durante todo o dia. 
O nome é Mendigos e vadios na Bahia do século XIX e tá inteira aqui. Ela virou um livro, esgotado e caro nos sebos por . Fiquei mais interessada no livro porque fiquei me perguntando porque é ele havia enfiado moleques no meio do título (sim, o livro se chama Mendigos, moleques e vadios na Bahia do século XIX). Não consegui ainda o livro, mas triturei a dissertação à procura dos meus queridos moleques.
Fraga fala pouco das meninas. Ao que parece, havia um contingente maior de meninos nas ruas e estes insurgiam-se de modos diferentes das meninas ao mundo adulto e suas pressões. O termo moleque é, segundo o livro A morte é uma festa, de João José Reis (1991,p.329) relacionado às crianças negras, que dá a cor das crianças encontradas no capítulo V da dissertação. O autor cita uma série de eventos envolvendo crianças entre 03 e 18 anos - muito embora num outro texto, Kátia Mattoso (O filho da escrava, esse tá aqui) vai afirmar que as crianças não eram mais vistas como crianças muito antes disso. As crianças negras, mais especificamente, perdem o estatuto de crianças por volta dos 08 anos), demonstrando o quanto as crianças resistiram à ordem social vigente, que os quiseram emoldurar num lugar de civilidade ao utilizar seus serviços juntos aos mestres de ofícios ou aos exércitos da Marinha. Evoca também eventos como a greve geral baiana de 1857 e de como as crianças participavam de momentos políticos de grande impacto na vida social baiana. 
Não digo mais nada, mas ao copiar aqui umas das conclusões do autor, me parece certo afirmar que,a despeito da força física e poder em menor grau que os adultos, as crianças não sucumbiram ao projeto de nação que desejavam impetrar no Brasil, posto que passamos ao século XX sem resolver o problema da infância pobre brasileira:
"Mas já no final do século XIX, as autoridades demonstravam desânimo diante do grande número de menores desvalidos. Em 1891, o chefe de polícia da capital, Pedro Mariani Junior, reconheceria que 08 juízes de órfãos e a polícia n&o tinham destino a dar a eles. Esse era, na verdade, o reconhecimento da falência de toda urna política que insistia em tratar os menores pobres uma ótica autoritária" (p. 147-148)

Cócegas.

Foi um eu te amo de lá
e outro de cá

Aí descobri que estava apaixonada de novo.

Althea.


quarta-feira, abril 20, 2016

segunda-feira, abril 18, 2016

Mogli - O menino lobo.


OS BEBÊS E OS ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS: conhecendo os bebês Beng



Eu escrevi uma resenha sobre o livro Tudo começa além da vida, de Alma Gottlieb.

Tá nessa revista.



Fotos do livro extraídas aqui

Me perdoem os que fingem neutralidade, mas ir à luta é fundamental.

Sinto-me muito confortável em tomar partido de Dilma justamente por nunca ter sido petista de carteirinha. Na época da graduação, aliás, eu fazia sistemáticas campanhas contra o partido por não acreditar que a forma como alguns militantes conduziam os trabalhos políticos dentro da universidade era a melhor. Não me arrependo de antes, não me arrependo de agora (toda vez que lembro da época da graduação e do PT, lembro de uma frase que um militante me disse e que nunca mais esqueci: "Veja bem, é um partido. O nome já diz, não é inteiro, é uma parte, é um ponto de vista. O que não significa não querer conversar com as outras partes, partidos..."), eu continuo acreditando em utopias e na anarquia, muito embora eu não faça mais parte de movimentos anarquistas. Estar a favor de Dil a hoje não exclui todas essas crenças. Isso tudo pra dizer que eu continuo a favor do diálogo, do fazer junto, das coisas que levem a gente a pensar para além de nós mesmas. 
Ouvi a maior parte das justificativas para a votação a favor do impedimento da presidenta. E, vejam vocês, um pessoal que sequer consegue falar presidentA. Incômodo linguístico é que não é, há tantos neologismos por aí, tantas americanizações e afrancesamentos da língua que eu me recuso a acreditar que é porque alguém ali defende o purismo de uma língua de colonizador! Tem machismo nisso, impossibilidade de aceitar uma mulher no poder. A língua não está morta e aceita transformações para abrigar mudanças. Mas alguns deles. Não conseguem lidar nem com um a num final de uma palavra, imagina com todo o resto. Eu mesma fiquei bem contente de receber meu título de mestrA).
Importante ouvir, conhecer a cara de todas as pessoas que votaram a favor, ouvir seus argumentos conservadores (conservador de patrimônios, conservador de privilégios, para além de conservador de mentalidades!) sem nenhuma vergonha na cara. Botavam criança no meio, botavam deus, sei lá qual, eu nunca sei para qual deus estão apelando. Importante ouvir os argumentos contra também, entender os motivos. Alguns argumentos contra eram também contra Cunha e Temer, eu não entendi direito. Querem impedimento de uma presidenta porque acham que fazendo isso vão conseguir retirar do Congresso toda a corrupção, que impedi-la seria o início dessa limpeza. Oxe. Eu tou louca ou eles não leram as letrinhas miúdas da Constituição? 
Poucas mulheres votaram contra o impeachment. Poucas mesmo. É possível procurar esse número aí pela internet. Isso me animou a continuar acreditando o quanto é importante encher aquela tal "Casa do Povo" de gentes como Moema Gramacho, Alice Portugal e Valmir Assunção.
O golpe é gospel, eu li no Facebook (Tiago Sant'anna). Li também que há mais diversidade racial na bancada evangélica do que no PT (Fábio Mandingo). Tudo muito certo mesmo, sabemos até os motivos. Mas o que eu queria falar mesmo não era sobre minha opinião política, coisa que eu nunca deixei de manifestar. É assim: eu não acredito numa democracia representativa, mas também não acredito na direita escrota brasileira. Na minha parca inteligência política, penso que é preciso garantir a democracia representativa para ir além dela, para fazermos acontecer algo que vá além dos conchavos que precisaram ser feitos entre o PT e o PMDB (que definiria outros rumos para o impedimento, estivessem ao lado de Dilma), além de mensalões e tudo o mais. Qual é a saída?
Antes de falar das saídas possíveis, eu lembro de quando um grupo de ex-petistas fundou o PSOL. Muita gente achava graça porque as pessoas estavam irritadas com o PT e estavam criando um outro partido. Mas como é que faz para jogar o jogo sem ter a carteirinha do clube? Me ensina que eu não sei. Tem outros jeitos que não nas urnas, mas dá para entender que a galera que fundou o PSOL foi com tudo para tentar as eleições porque escolheram o jeito vigente. Nenhum problema com isso. Eu de minha parte achei maravilhoso. Por causa dele, veio Chico Alencar, Jean Willys e Ivan Valente, que massa. 
As saídas? Guerra civil. Tudo bem, vamos lá, vamos à guerra. Num país com uma frágil democracia como a nossa, em que não conseguimos nem mesmo completar meio século sem impedimentos ou golpes, a guerra civil aparece como uma saída possível para fazer-se entender que tudo o que não queremos é guerra civil.  
A outra saída para mim é o diálogo (que eu só conheço nos moldes democráticos, num país do tamanho do Brasil). Diálogo com quem? Com gentes como Jair Bolsonaro, Heráclito Fortes, Sarney Filho (aliás, o que é o Partido Verde apoiando o golpe, gente? Para o mundo que eu quero descer... aliás, descer no mundo, não! Com um Partido Verde cinza desse jeito prefiro ficar na ionosfera!). Vocês tem estômago? Eu os acho desprezíveis politicamente, mas eles também deve achar o mesmo de mim, se pudessem ouvir o que penso sobre aborto, drogas e presídios (bonito ler que Lula é a contra o sistema penitenciário também!). Eu não sei. Eu fico encantada com pessoas Como Jandira Feghali e Luísa Erundina, que conseguem dizer o que pensam todos os dias num lugar cheia de gente escrota como a Câmara dos Deputados. 
Tenho ganas de participar de uma audiência pública naquele lugar para dizer algumas palavras, algum dia. Sonhei com esse momento ontem, depois dessa votação absurda. Eu sentaria lá - eu conseguiria! - e calmamente falaria como todos aqueles homens evocando suas mulheres e filhos, filhas não me representavam. Como eles faziam parte de um Brasil que eu não me pertencia, a defender privilégios e seus preconceitos. Diria muitas outras coisas. Mas acho que não serviria muito, talvez só eu ficasse um pouco satisfeita. Todas essas palavras não mais os atingiriam como eu penso. Aliás, todas essas palavras que em minha boca são agressões e xingamentos - conservadores, elitistas, cristãos - seriam para eles elogios. E aí que reside a centelha daquela tal guerra civil que eu falei lá em cima (e não me venham com discurso romântico, aqui onde eu vivo, desse lado preto do Brasil, a guerra civil come solta faz tempo. Não vai ser muito diferente pra gente, não).  
De tudo isso, na minha cabeça fica essa imagem de Jean Willys, uma imagem que acalenta meu coração valente e triste. O mundo acordou, mas eu não quero descer da cama, bem a la Mafalda


E só pra lembrar: eu prefiro que as pessoas assumam estar a favor do impedimento do que dizer que "isso não é comigo" ou "não entendo de política". Só aceito isso de quem está tramando um jeito novo de fazer um país melhor. 
   

sábado, abril 16, 2016

Uma série de fotos meigas revelam o que está no bolso de uma criança.

Melissa Kaseman sabe que a arte imaginativa pode vir em pacotes pequenos, algo muito evidente em sua mais recente série de fotos, "Tesouros do bolso de um pré-escolar", que retrata os pequenos objetos que ela encontra pelúcia nos bolsos de seu filho todos os dias quando ele chega da escola.

"A magia da infância é tão fugaz, e esses objetos que eu continuava encontrando nos bolsos de Calder representam um capítulo da infância, sua imaginação e a mágica de encontrar um" tesouro", Kaseman disse ao The Huffington Post, acrescentando: "Eu gosto da ideia de as fotografias serem um relatório de imaginação de uma criança, especificamente de Calder. Espero que ele carregue a maravilha da descoberta ao longo de sua vida ".
(tradução livre)





Leiam e vejam mais fotos aqui.

Palavras.

A paixão é uma arte que deixa os sentidos um tanto quanto perturbados. Eu acho. Eu não acredito nessa história de primeiro paixão e depois amor. Sempre achei que essas coisas se misturassem. Eu o amo quando a gente está no cinema e me apaixono por ele quando faz massagem no meu pé no meio do filme. Quando me pede para deixar a perna em cima da dele, eu o amo de novo. Depois me apaixono quando ele me ouve por alguns minutos (leia-se muitos minutos) falando descontroladamente sobre o mesmo assunto do encontro anterior.
Eu o amo quando ele repete coisas que já disse, para confirmar os sentimentos dele por mim e me apaixono quando ele diz que gosta do jeito que eu faço as coisas mais simples, comer acarajé e lamber os dedos.
Paixão e amor, palavras? São nomes para classificar essas sensações todas que me fazem bem. Eu quero ficar com ele, viver junto, ter mais conversas (porque com ele eu acredito que é possível mudar o mundo conversando! Essa sensação é tão gostosa e nos dá força pra continuar!), ter crianças, uma casa, um carro, uma vida. 
Quero, principalmente, ele. Pra me ter também. 


Truman.


Ave, César!


terça-feira, abril 12, 2016

segunda-feira, abril 11, 2016

Meninos em guerra - História de Amizade e Conflito na África, de Jean Piazecki.



O livro é ruim. História que pretende ser infanto-juvenil ambientada não sei onde num continente com mais de cinquenta países. Eu nem deveria ter começado a ler, mas depois de começar eu não consigo não terminar (confesso que empaquei com Macunaíma, mas vou terminar). O livro conta a história de duas crianças que lutaram numa guerra civil em um lugar que não se sabe onde é, mas você pode imaginar que seria Serra Leoa, pela alusão à FRU ao citar uma Frente Revolucionária Democrática. Não mostra vários lados de uma guerra civil e fala explicitamente contra o recrutamento de crianças em guerras civis, mas sem abordar o que a comunidade internacional - em particular a europeia - tem a ver com as guerras civis no continente. Bem na linha do filme Beasts of no Nation, outro lixo que desrespeita os países do continente africano ao tratar toda aquela extensão de terra como se fosse o quintal de qualquer lugar. 

A coisa fica um pouco pior com as dicas nas páginas finais do livro sobre como trabalhar a questão com as crianças que provavelmente lerão o livro. Se dependesse de mim, ele iria pra lata do lixo agora mesmo.

Eu torcia meu nariz para o livro Muito longe de casa - Memórias de um menino soldado de Ismael Beah (em parte por isso não comprei ainda seu livro mais novo, O brilho do amanhã). Mas ele é infinitamente melhor do que esse. Se vai ler algo com o tema, melhor escolher esse. Pelo menos, o de Beah é o relato biográfico e tem nomes de cidades, vilas, país. A história é tensa e também pode ser panfletária, mas pelo menos, é a voz de alguém que passou por tudo aquilo, com todas as edições que um livro precisa para vender (e muito). Não dá para comparar os dois livros, e nem quero com isso. Só lembrei desse por conta do tema, mas é inegável que Beah escreve muito melhor, mesmo eu tendo ressalvas com o tema. 


Que letra é essa? A história de Patrick.


Que vontade de abraçar Patrick.

domingo, abril 10, 2016

A educação de uma criança sob o protetorado britânico: Ensaios, de Chinua Achebe.


Eu já tinha ouvido falar de Chinua Achebe. Um romance me levou até ele em 2011. Comprei os livros de poema e presenteei o moço. Eu já tinha ouvido falar do senhorzinho que morreu em 2013 e passou a vida falando o quanto nós não sabemos nada de nada sobre a Nigéria e muito menos a África.
Mas eu tinha escolhido ler livros de mulheres como Pauline Chiziane e Chimamanda. Deixei-o para depois e ainda não li seu livro mais conhecido O mundo se despedaça (publicado no Brasil também pela gigante Companhia das Letras que a tudo compra e a tudo imprime uma revisão literária que infelizmente não me apraz). Li A educação de uma criança sob o protetorado britãnico uma série de ensaios que foram publicados em várias partes do mundo e fizeram o favor de reunir. É uma boa introdução ao pensamento do moço. 
Digo moço porque ele remoçou minha ideia sobre as coisas que eu pensava ter conhecido e me deu alegria de saber que a minha ideia é uma ideia entre muitas. Parece óbvio mas não custa relembrar sempre. Achebe é uma boa leitura para depois de Meio Sol Amarelo, ou entre, como queiram. Foi sem querer que peguei o livro dele logo agora e depois do dela. Eu não sei o que dizer além de dizer que Chinua desmonta várias visões que existem sobre a escravização negra nas Américas - ele responde a clássica afirmação "Foram vocês que venderam seus irmãos para o homem branco" com muita inteligência, elegância, mas não sem uma pitada de alguma coisa que faz quem ainda pensa se sentir um ignorante sobre a história mundial. Além desse tema espinhoso, ele toca em pontos como colonização, infância, liderança, pobreza, entre tantos outros.   
Vocês podem ler uma parte do livro aqui.

                                                                             Chinua Achebe

Por agora, tenho ficado também com as entrevistas que pipocaram ultimamente com Grada Kilomba. É incrível quando lemos coisas que sempre dissemos e estávamos quase achando que éramos loucas. Obrigada, Sra. Kilomba. Continue falando, acaba com eles. 

Red Tails.


Antwone Fisher.


sábado, abril 09, 2016

quinta-feira, abril 07, 2016

terça-feira, abril 05, 2016

Eu sou o que eu escrevo.

Volta e meia tento abrir a dissertação que escrevi há quatro anos atrás como se não fosse minha. Entro na internet e me pesquiso, me leio como se não fosse eu para ver se me gosto. Encontro erros e me odeio. Encontro frases que acho lindas e emocionantes - pergunto se vou conseguir escrever uma coisa parecida de novo! - e não sei se me amo mais do que me odeio. Dia desses recebi um recado de uma pessoa que considero muito sabedora da área que estudei:

Migh, terminei de ler sua dissertação recentemente! Que coisa bonita, menina! Eu sabia que você escrevia bem, lembro que a gente mandou cartas algumas vezes mas, poxa, é um texto emocionante, além de muito bem fundamentado na teoria e nas fontes.

Fiquei com medo de perder esses elogios por aí e quis deixar aqui escritinho. Ainda mais porque a moça é alguém por quem tenho admiração e alegria de admirar. Aí é quando eu estou escrevendo outra coisa de novo que descubro que ler o que você já escreveu te ajuda a ver se você está fazendo as coisas do jeito certo (ou não). Eu me leio e me vejo e vejo se é parte do que eu sou agora ou se já foi.

Eu gosto de mim. Ou pelo menos, do que escrevo.


domingo, abril 03, 2016