Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, setembro 01, 2017

Aplicativos (ou sobre como eu acho que sigo sendo eu mesma).

A gente nunca sabe onde tudo que a gente faz vai nos levar.

Gostamos de algumas palavras, algumas pessoas nos olham de um jeito que ninguém mais olha, outras tantas tem um sorriso que te deixa em paz, que te faz melhor só de saber que existe. Nada disso te responde sobre o futuro.

Mas porque o futuro é tão importante assim?

Para mim ele não existe. Eu não vivo pensando nele porque tento eliminar a ansiedade. Eu não quero dizer que eu não sou ansiosa porque isso parece pretensão demais, não é mesmo? Eu só estou dizendo que eu tento eliminar, só tento. Descobri que aplicativos me deixam ansiosa; li uma entrevista de Juliano Cazarré e vi que não era a única. As pessoas me perguntam 'porque?' e eu respondo que não sei direito, mas me agonia aquela coisa de um programinha que acha que vai resolver sua vida, seja para achar um endereço ou um namorado. Sei que uso alguns, não há como (apps de banco e para regular a vida menstrual), mas isso e o máximo que eu posso ter para usar assim.

Busco eliminar as coisas que me dão agonia e sei que morar longe do trabalho, por exemplo, me deixaria chateada. Gosto da ideia de almoçar em casa, tirar uma soneca de vinte minutos ou lavar uma roupa no meio do dia, responder e-mails ou simplesmente arrumar meus cds. Isso me faz bem e eu não quero abrir mão disso. Isso me faz mais calma? Acho que sim. O resultado é que quando tenho todas essas coisas juntas, eu consigo me concentrar, planejar, sentir minha vida mais intensamente, se é que consigo me explicar bem.

As pessoas acham às vezes que pequenas mudanças ou saber mais sobre você não tem tanta diferença assim; mas acho que descobrir sobre a gente mesmo e respeitar os próprios limites vale a pena e é uma coisa que eu tento fazer. Eu não poderia deixar de ouvir música, por exemplo. Eu não poderia viver com alguém com quem eu não pudesse falar sobre música, cantar pela casa ou mesmo dançar. Eu não poderia deixar de aprender sobre mim para ser melhor e para viver melhor nesse mundo.

Minhas dores de estômago quase acabaram. Faz muito tempo que eu não tenho uma delas. Ela acontece às vezes, mas eu olho para mim e para os meus hábitos e logo descubro o que está acontecendo. Foi o que eu disse para um médico e ele disse "é isso mesmo, se todo mundo fizesse isso, seria mais fácil para a gente detectar algumas coisas". Então, é por isso que eu finco pé em algumas coisas que parecem chatices ou bobagens para outras pessoas, como não ter um smartphone ou whattsapp. Eu também pretendo excluir essa porcaria chamada Facebook, mas a verdade é que se tornou uma forma de comunicação e não apenas um lugar onde se postam idiotices. As pessoas veem as mensagens - minhas amigas me mostraram uma bolinha agoniante que aparece no canto da tela do celular - mais do que atendem telefones. Como é estranho alguém que fala contigo escrevendo por horas mas diz não gostar de falar ao telefone. Há gentes que controlam as pessoas pela hora que se entrou ou saiu dos apps. Deprimente.

Eu prefiro pagar uma conta de telefone que me dá ligação ilimitada a permitir esse tipo de invasão na minha vida. Já que sei não posso controlar tudo, mas se for para alguma coisa ou alguém controlar parte da minha vida, que não sejam os app's. Eu prefiro falar ao telefone, antes de qualquer coisa. Eu prefiro visitas em casa. Eu prefiro.

Mas um amigo me diz

você não acredita em futuro, você está cheia de futuro!

Sorri e é engraçado mesmo. Acontece que ele me fez pensar melhor sobre o assunto e eu acho que dizer que não acredito no futuro é enfrentar uma ideia de expectativa que a gente alicerça nossa vida. Eu quero estar pronta e receber melhor os imprevistos. Como agora, justamente agora, que a vida me dá a chance de novamente sorrir com alguém até uma da manhã numa sexta-feira à noite. 

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