Você que me lê, me ajuda a nascer.

sábado, setembro 30, 2006

Arte. Moderna?

Eu não gosto de arte moderna. Ou melhor, pós-moderna. Humpf. Você já vai entender por quê: tu vai numa exposição de arte chamada pós-moderna e tem a lixeira, que na maioria das vezes é da mesma cor da parede da exposição e tu fica lá olhando, pensando que faz parte do conjunto todo de alguma obra, e toma a procurar o nome do infeliz ou da infeliz que fez aquela merda ali, aí você não acha, e fica sem jeito e vai saindo devagarzinho de perto da tal lixeira, por que disseram para você que arte moderna é isso, essa coisa toda, tudo é arte, então até um furo na parede, uma teia de aranha tu fica olhando pensando que é arte, é uma grande porcaria isso tudo. Eu não gostava de arte clássica, e até escrevi isso aqui. Mas vim aqui desdizer. E talvez eu desdiga (aha) isso da arte moderna. Moderna não, né gente, por que Malfatti é moderna e eu gosto dela, Portinari, Picasso e etc... não gosto de arte pós-moderna, se é que já não saiu de moda usar essa palavrinha com hífen no meio. Argh. Só o nome me dá náuseas. Sou à moda antiga mesmo, e se tiver exposição de pintores clássicos de morrer eu vou, do período medieval, essas coisas. Tou pagando pra ver cara de barão e baronesa pintada a òleo na telona, mas não me chamem para ver um "fuio" na parede ou alguém que rasgou uma folha de bananeira ao meio e tem uma galeria inteira pra expor. O diabo do artista nem está lá fazendo serão pra explicar. É, minha gente, explicar. Caramba, Picasso pintou Guernica e morreu, o quadro tá aí e ninguém precisa nem falar da Guerra Espanhola, tá na cara (Picasso - Almodovar, olha as conexões que eu faço... tudo a ver, tudo a ver...). Sim, por que me colocam uns guias que chegam em mim e dizem "Olha, na verdaaaade... não dá pra saber o que o artista quis mesmo mesmo dizer com isso, né? Só ele meeeesmo pra dizer..." Ora, façam-me o favor! Não me encham o saco e deixem eu aqui vendo pinturas seiscentistas e coisa e tal. Abaixo a arte pós-moderna. Viva a arte eterna. Vamos emcampar essa luta? Ehe. Só vou gostar do Volpi e dos concretistas por que tem quase 50 anos esses lances de linhas e retas coloridas. Adoro Lázaro Ramos. Odeio que ele casou e tá apaixonado. Não é ciúme, é que ele disse numa entrevista que a Thaís Araújo sabe tudo de cinema. Só um ator apaixonado diria isso. Que pena, meudeus, que pena.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Coisa velha.

Umas duas semanas atrás e eu... Vamos lá. Eu nunca escrevo no Word primeiro, mas agora vou começar a salvar isso, pra quê, pra posteridade, para algum fim, no fim a gente sempre acha um motivo pra guardar coisas, pessoas, lugares, nomes e datas. Eu gostaria de esquecer um monte de coisas. Lembro de rostos, gestos, fisionomias pela vida inteira e às vezes tenho que fingir que esqueci de você. Eu lembro de tudo: do endereço, dos telefones, todos, todos, de cor, por que de cor é de coração, tu não sabia? Enquanto tiver aqui, vou lembrar. Mas tem coisas mais fáceis pra mim: eu consigo ouvir September Rain sem chorar, consigo acender o cigarro com o isqueiro de flor rosinha sem me emocionar ou ter bad trips, sou muito desencanada para essas memórias, visuais, gustativas, olfativas. Tá, eu lembro, mas não faço um cavalo de batalha nem sofro por isso. Eu gosto disso. Pra todo mundo parece que eu já esqueci, que sou um touro, que sou forte, bonita e inteligente. Mas é mentira. Freud diria que eu estou sempre sublimando. No quê? Nas minhas crianças, nas minhas leituras, como eu quando eu pego o ônibus de manhã cedo e adoro mostrar que estou lendo uma tese de doutorado sobre cinema. Eu sublimo quando finjo que não gosto de receber elogio, ou quando omito que fui eu quem ligou primeiro pr’aquele amigo de longe, e só depois disso ele me ligou e me mandou 15 mensagens. É assim que se leva a vida, tu não sabia? Com um pouco de mentira, lágrimas, músicas e sorrisos. Descobri que quero aprender a cozinhar. Mas de verdade. Qualquer dia eu começo um curso. Quero aprender a fazer carnes suculentas, nunca fui muito boa nisso. Primeiro que como Osho, eu acredito que hora de almoço, comida, essas coisas, é lugar de reunião, comunhão. Como diabos vou me confraternizar se cozinho só pra mim? Com o Garfield ou o Woody de plástico me olhando de cima da geladeira? Definitivamente não. Eu não consigo cozinhar de verdade só pra mim. Não tem jeito. Acho que esse curso de culinária vai funcionar melhor quando eu me apaixonar de novo. Como em Festa de Babette, quero fazer todo mundo dançar num dia frio de inverno.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Bonita e gostosa.

Migh, ho passato due ore nel tuo blog a leggerti... a "spogliarti" senza che tu te ne accorgessi... a cercare la tua essenza... miracoli della tecnologia telematica! e ho passato più di un' ora per cercare qualcosa di straordinario da scriverti... qualcosa che ti stupisse... che ti lasciasse emozionata e curiosa di conoscermi... di ri-conosermi... ma alla fine ho desistito... perchè il tutto si racchiuderebbe in una sola parola... "saudade"... una parola che non esiste in nessun altro vocabolario del mondo se non in quello portoghese-brasiliano "saudade"... che non è nostalgia che non è melancolia che non è sentire mancanza di qualcuno o di qualcosa... che è tutto questo ma che tutto questo annulla improvvisamente... nel lacerante sentimento di assenza assoluta di riferimenti reali... è nostalgia di un sogno non vissuto è melancolia di un disincontro è "spleen"... sei venuta a trovarmi da lontano, da molto lontano... ricordo che già nuotavi con me nella placenta materna, ed io mi aggrappavo a te per non affogare... ti conosco da sempre... non ti conoscerò mai... no, perdonami, non ho trovato niente di straordinario per stupirti ma lo stupore è tutto mio... lo stupore di ritrovarmi ancora una volta, l'ennesima, capace di piangere davanti alla bellezza inattesa... incapace di possederla... di contenerla... stupito io stesso come un bambino... davanti allo specchio che riflette la sua immagine... P.S. vou sair do seu blog agora, vou parar de ler... nao aguento mais ficar bebado das suas palavras... estou com medo... "Non fisso a lungo il cielo perché quando i miei occhi ritornano al suolo il mondo mi sembra orribile." François Truffaut _____________________________________________________________________________________ E depois dessa, uma poesia de nada da Elisabeth Browning: SONNETS FROM THE PORTUGUESE XIV If thou must love me, let it be for nought Except for love's sake only. Do not say 'I love her for her smile... her look... her way Of speaking gently... for a trick of thought That falls in well with mine, and certes brought A sense of pleasant ease on such a day'. For these things in themselves, Beloved, may Be changed, or change for thee, - and love, so wrought May be unwrought so. Neither love me for Thine own dear pity's wiping my cheeks dry, - A creature might forget to weep, who bore Thy confort long, and lose thy love thereby! But love me for love's sake, that evermore Thou may'st love on, through love's eternity. SONETOS PORTUGUESES XIV Ama-me pelo amor do amor somente. Não digas nunca: "Amo o sorriso dela, Seu rosto, ou o jeito de dizer aquela Palavra murmurada de repente Que faz meu pensamento confidente Do seu, e torna a tarde ainda mais bela". Tudo pode mudar, meu bem, cautela, Pois pode ser que o amor de nós se ausente. Tampouco sirva o amor que assim me dás Pra enxugar-te o pranto por piedade: Quem prova teu consolo é bem capaz De, sem chorar, perder-te por vaidade. Mas se amas por amor, conseguirás Amar sem fim, por toda a eternidade Eu adoro "definições" sobre o amor. Certo dia publiquei aqui uma do diretor do Trainsppoting, muito legal. Por que na verdade não se pode definir o amor. Régis de Morais disse isso, e disse que quem quiser explicar o amor não ama, por que o amor não é dizível. E era bem isso que a Elisabeth sentia pelo amado Robert, tinha até medinho bobo de que se perguntassem pra ele, ele respondesse por que a amava... ah, o amor. Essa coisa que não me larga.

segunda-feira, setembro 25, 2006

O fantástico mundo de Bob e coisa e tal.

Engraçado hoje quando um aluno meu me perguntou, depois de um bate-papo sobre a guerra idiota no Iraque, se "armas de destruição em massa" eram metralhadoras com cimento seco na pontaria. Mundo de Bob perde feio. Emmet Ray. Alguém ouviu falar? Eu assisti um filme sobre ele e o Allen se tornou um dos meus diretores preferidos. Não sei por quê, vejo Allen e lembro do Crumb. Ainda mais agora que vi esse filme sobre o tal guitarrista, lembro do vício do Crumb por blues antigo, faço uns links na minha cabeça e taí, Allen e Crumb, tudo a ver. Antes eu achava o Allen chato, lembro dele e uns boatos idiotas, para mim ele tinha cara de coitadinho, mas agora eu gosto dele e ponto final. Pra mim ele é bom, e pronto. Adoro filme sobre música. Ray, Poucas e Boas, Johnny & June, só pra lembrar, assim, assim. Adoro, é o tipo de filme que eu queria decorar as falas, ou então publicá-las todas aqui. Mas não dá. Tenho que ser original, mesmo que o título do blog me diga que não. Deixa eu ir andando, dia de passar roupa, tá frio e eu adoro.

domingo, setembro 24, 2006

Mapinha.

Esperança.

Quando uma garota de oito anos te diz que sim, a Carla Ceppolina pode ter matado o coronel Ubiratan por que ele comandou a morte de tantos homens e foi absolvido e então ela achou que passaria ilesa, você começa a acreditar que a vida não é tão chata assim, que as pessoas não são tão burras, e que sim, as crianças são o futuro do Brasil. Odeio ficar doente. Mas não é pela dor chata de cabeça, é que eu não quero perder tempo da minha vida e do meu fim de semana deitada. Humpf.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Por Dayza. Para ela.

Para ela. Por que eu esqueci de dizer pra ela que eu gosto do cabelo dela. E de que eu gosto do nome dela com y e z. A cada foto, eu queria que ela estivesse ali e queria ter dito pra ela como eu sei que ela é especial, como foi decisivo pra mim ela me ligar e me dizer "vem aqui", e conversar horas e horas comigo em italiano-português, como eu gosto da comida que ela faz, e de como é bonito o vestido de bolinha que ela veste. Foi pensando nela, e no Leo, cada foto. Não sei bem por quê. Talvez por que eles me fizeram ver flores, em cada espinho. Eu queria dizer isso pra ela, por ela. Mas ela não está aqui então eu mando flores. Eu escrevo. Deveria ter tido coragem e dito assim na bucha pra ela, pra ele, como eram importantes. Mas como eu ia saber? Na verdade, acho que nunca saberei. Por Dayza, para ela.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Professando.

Confessando: Sou a professora mais boba e feliz do mundo. Como quando eu fico rindo se a minha aluna me pergunta se tá chovendo e por isso eu coloquei acento agudo em todos os ezinhos. Ehe. Sou uma boba. Ou quando eles querem saber se vai fazer sol pra empinar pipa, eu abro o jornal e a gente passa 20 minutos falando do Hubble. Escrevi dois posts legaizinhos, mas parece que o copiar e colar não funciona bem aqui. Vai entender. E ontem eu chorei, duas vezes. Vai entender. Eu interessada num menino que toca violão chamado Vinicius (se é que eu lembro bem). Dois que me procuram com nomes parecidos. E mulher que estuda muito não casa, deu na coluna do Dimenstein. Ô vidinha mais fiadaputa. Vou pra Oktoberfest, vamos?

domingo, setembro 17, 2006

quarta-feira, setembro 13, 2006

Meninos e meninas.

Eu acho que seria legal se fosse menino. Gosto de meninos e eles gostam de mim. Mas uma menina também não seria nada mau. Adoro vestidos. Acho que por não ter tido muitos, vestiria minha filha todo o dia com um vestido diferente. Logo hoje, que ganhei vestido, junto com poesia de Drummond, penso em vestido. Que bonito. Mesmo que esse bendito vestido ainda me lembre você, eu não ligo. Deixo pra lá e visto, vestido, vestido. Nem te ligo. Estou lendo um livro de culinária muito legal. Você quase sente o sushi descrito por Ruth Reichl derretendo na sua boca... acho que vou arrumar um marido rico pra me levar nesses restaurantes todos que ela me conta, ficam lá em Manhatan. Será que eu consigo? Estou tão animada, animada. Com meu trabalho, minhas crias agora deram pra perguntar tudo, querer saber por quê que o céu é azul, e se é verdade mesmo que o Bush come criança, essas coisas, se o Brasil de tanto pagar dívida está na miséria, e se elas e eles não deveriam poder votar também como gente grande. Elas e eles enchem o meu dia com piadas, sorrisos, caretas, brinquedos, bolinha de sabão, beijo no nariz, eu te amo quando eu chego e não quero te deixar quando é hora de partir, não preciso de mais nada, às vezes quero alguém pra chamar de meu, mas isso passa, isso passa. Não é mais assim tão premente, como saber o tema do paper sobre América Latina que é pra semana que vem. Estou em casa, vou dormir. É tudo diferente agora, mas ainda assim estou tranquila. Será que um dia vai me assustar viver?

domingo, setembro 10, 2006

Ditos e não ditos.

"Sem dinheiro a gente vive, só não vive sem amor" Esse tem que falar meio cantado, se tu me encontrar algum dia ao vivo ou pelo Skype eu faço pra tu ver como é. "Que me importa que o cavalo manque, eu quero é rosetar" Rosetar é isso mesmo que tu tá pensando. É sim. "Vontade, cuspe e toco de cigarro são coisas que a gente mais perde no mundo" Tu também já perdeu vontade? Eu conheço um monte assim, vai saindo de mim, eu acabo sempre dizendo "já dizia a minha vó" no fim, mas é tudo mentira, não foi minha vó que disse, a gente nunca foi assim tão ligada, quem diz essas coisas é um monte de gente que eu conheço, velha e nova, grande e pequena, que passa pela minha vida. Escolhi o meu tema de pesquisa. Ufa. Não quero mudar. Me enamoro fácil das pessoas, coisas e temas de pesquisa. Hoje a professora já me perguntou se eu iria fazer alguma coisa sobre movimento operário na América Latina... bendita hora que eu fui perguntar da reforma trabalhista no Brasil e do projeto do Lula de fechar acordo com empresário... uff... deixa pra lá. Estou me acostumando com tudo de novo. Dormir às 2 me olhando no espelho, escrevendo cartas ao som de Mr. Tambourine Man às cinco, fumar um cigarro antes de mascar um chiclete, essas coisas... estou tendo que fazer contas, contas de almoço no fim de semana, contas de lanches de fim de tarde, eu vou me readaptar, eu sempre faço isso. Ainda não é hora de parar. Não chegou no meu ponto final. E eu não sei onde nem quando eu vou parar com tudo isso. Vez em quando me dá uma sensação de angústia, mas acho que ficar parada me angustia mais. Me vejo fazendo planos para fugas espetaculares dessa vida que levo daqui a menos de 2 anos. Reluto em comprar um imóvel (só o nome me dá urticária! Imóvel!), reluto em trocar minhas roupas por roupas de frio por que acho que não vou ficar por aqui, sempre estou de passagem, de passagem, mi dà un passagio? Por isso que quem me conhece aqui dentro sabe que quando eu disse que casaria com aquele cara só por que ele morou na mesma casa que o vô dele construiu na época da Segunda Guerra, sabe que eu não tou mentindo. A simples idéia de que um filho ou filha minha iria poder se sentar na mesma escada onde seu pai brincava com os amigos dele na idade dela enche o meu coração de sentimento bobo chamado amor. É bobo pra tu, mas pra mim é bonito isso de história pra contar, se reunir em volta da mesa e contar causos de infância, eu quero uma família assim, e eu preciso de alguém que me dê essa coisa da tradição, do aconchego. Não, eu não estou chorando. Só estou falando de coisas bonitas que eu acredito que um dia, vai acontecer comigo. Me disseram que no dia que eu parar de correr, o amor acontece. Mentira. É o amor que vai me fazer parar de correr. Vai me fazer voar.

terça-feira, setembro 05, 2006

O pra sempre sempre acaba, né?

Hoje, num frio dos diabos, peguei o telefone e acabei tudo. Às 5:45 da manhã disse tchau pra tudo. Espero que ele tenha entendido e cumpra as ordens. Que seja um bom menino, enfim.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Mudança.

É, mudei. Mas não pergunta nada. Nem dormi em casa ainda. Ehe.

sábado, setembro 02, 2006

Todo mês sangra.

Bicho esquisito. Hoje eu chorei por que vi um bebê chupando o peito da mãe. Num filme que falava sobre morte, ou o tempo que resta até ela. Todo mês eu choro copiosamente por bobagens e não aprendo. Todo mês eu sangro mas não morro. Cest la vie, mamma. Preciso estudar sempre e mais. Comprar livros. Ler os livros que eu comprar. Preciso de disciplina. É isso, caros e caras, disciplina. Se eu tivesse feito natação ou algum desses esportes marciais, me ajudaria a ser mais disciplinada? Até que eu me dou bem comigo mesma, mas hoje acordei que eu preciso estudar mais, ler mais, escrever mais, produzir coisas, interessantes, interessantes. Ainda não tenho aqui na cachola a idéia certa do Mestrado, e isso me consome, mas só aos sábados, isso tem que me consumir a vida inteira. E acho que vou ficar pra titia, a moça que estudou demais e não casou. Sabe que todos os dias eu tenho coisa pra escrever, me dá é preguiça. Vai entender, eu abro a página e me falta coragem. Mas eu queria escrever que acho que sim, hoje eu tomei uma decisão. De escrever uma carta. E quem me conhece sabe, quando escrevo uma carta, é pra valer. Sai de baixo. Amanhã me mudo. Ficarei de novo sem internet, até o moço da banda larga ir lá e fazer o serviço dele. Acho que agora eu termino os livros que comecei. Bons dias para todos, boas noites só para os enamorados.