Você que me lê, me ajuda a nascer.

quinta-feira, novembro 30, 2017

segunda-feira, novembro 27, 2017

Par de brincos.

Faz tempo que não compro brincos. Entrei na loja e logo depois vejo um senhor alto negro, ele está conversando com uma senhora, alta e negra também. Ela tem a cabeça raspada. Achei que era mais jovem, o senhor a tratava com todo o carinho do mundo, amor pra lá, amor pra cá.

esse combina com você

E mostrava para ela todo faceiro.

leva esse amor

Fiquei ali ouvindo aquelas coisas e esqueci de procurar os pares que tanto queria. Ela estava ao meu lado e ele no meio de nós. Ela tinha certeza do que queria, mas ele também tinha a certeza que poderia ajudar. Ela escolheu, depois trocamos de lugar. Vimos os mesmos brincos, escolhemos pares diferentes. 

Quando cheguei ao caixa, lá estava o casal a pagar, ele desembolsando o valor correspondente enquanto ela vasculhava algo de seu interesse ali por perto. Ele com o dinheiro na mão perguntava

é só isso, meu amor?

Ela deu um resmungo e voltou para perto dele. Foi só aí que pude ver seu rosto melhor. Apesar de encará-la muitas vezes, ela não olhava para mim. Era muito bonita, assim como ele, que não vi completamente, mas por quem já estava apaixonada. Encarei, encarei. Mas pareciam ver apenas um ao outro. 

E foi assim que eu me senti de novo feliz por estar aqui e poder ver isso de perto. Tudo por causa de um par de brincos. 


sábado, novembro 25, 2017

segunda-feira, novembro 20, 2017

Luís.

Era uma festa, a mulher foi embora e ele repetiu o que havia me dito há uns minutos atrás, para umas moças bonitas que com ele tomavam cerveja.
Declarou amor e amor à mulher com quem é casado faz pouco mas já vive junto há anos. Disse que amava, que não queria mais mulher nenhuma na vida, que ela o completa. Que é feliz, que ela pode não ser perfeita mas ainda assim é a mulher que ele quer pra ele. As mulheres ali ouvindo com ele e balançando a cabeça diziam que bom que ele existia. 

Eu emocionada fiquei ali lavando pratos e ouvindo tudo. Sou feliz de conhecer homens pretos que reconhecem seus erros e falam de amor assim em público, sem pudor algum. Fui tomada por um amor bobo e o abracei, achando aquilo tudo mais um presente de aniversário. 

No mesmo dia, conversando com um outro homem que danou a falar do que sentia pela mulher de quem ama mas não convive bem comecei a achar que a vida ainda tem coisa pra me dizer por aí.

Ainda é bom estar aqui. 


Música.

Ela entra e rasga meu peito. Não consigo segurar o choro.
Me sinto só, me sinto triste, me sinto perdida, me sinto com medo, não sei se estou indo pelo caminho certo.
Passei muito tempo da vida fazendo a mesma coisa e dando certo que agora tenho medo de tudo que não seja o que eu não conheço. 
Ainda sinto arrepios quando falo o que eu penso. Ainda acredito nas pessoas e não conseguiria viver algo que eu não sinta tesão de fazer. Ainda. 

Eu quero viver assim pra sempre. 

domingo, novembro 19, 2017

Hey, black child.




Hey, Black child
  Countee Collen

Do you know who you are
Who you really are
Do you know you can be
What you want to be
If you try to be
What you can be

Hey Black Child
Do you know where you are going
Where you're really going
Do you know you can learn
What you want to learn
If you try to learn
What you can learn

Hey Black Child
Do you know you are strong
I mean really strong
Do you know you can do
What you want to do
If you try to do
What you can do

Hey Black Child
Be what you can be
Learn what you must learn
Do what you can do
And tomorrow your nation
Will be what you what it to be

Filosofia do vizinho (para a vida).


quinta-feira, novembro 16, 2017

terça-feira, novembro 14, 2017

sábado, novembro 11, 2017

Pavão.




Não tem como não ser feliz em Santo Amaro, BA.

Sem querer.

Há cerca de dois meses atrás, conheci alguém que imaginei coisas. Iludi-me com uma ideia de companhia que nunca aconteceu. Imaginei uma história em que ficávamos juntos não só no final, mas antes, durante e até o final. 

Eu imaginei sozinha, mas também fui alimentada por mensagens, sorrisos e mãos. Eu quis acreditar, porque entendi que estar acompanhada é melhor do que estar só. Esqueci-me de que tem um jeito de estar só ser melhor do que acompanhada, e era desse jeito que eu estava passando os meus dias. 

Era um peso. Era difícil, mas eu não queria desistir, eu queria provar para sei lá quem que eu conseguia lidar com aquilo, mas doía, me machucava, eu chorava, sentia dores e angústia. E tentei, tentei. Por pouco tempo, mas tentei, de um jeito tão intenso que fez parecer anos. 

Sem querer, esbarrei em mensagens que trocávamos no início de tudo. Elas eram tão leves, bonitas, tinham um interesse de descobrir mais da gente, tinham beleza. Depois, tudo foi ficando chato e o interesse parecia específico, daqueles que também pode se chamar aproveitamento, daqueles que faz você se perguntar se houve algum carinho, algum dia. 

E quando olho para trás eu vejo que isso só durou mais tempo porque eu não queria admitir que eu tinha me enganado, que não era ele a pessoa que iria me fazer companhia num sábado à noite, que ele não era bem humorado o suficiente para me fazer sorrir por horas, que não era ele quem ia ser sensível para entender o que eu precisava, não era ele. Não é, nunca foi, mas eu queria que fosse e não queria assumir que errei. Quanto orgulho que nunca serve para nada, que só retardou uma história que nem seria história tivesse eu fechado a porta assim que minha intuição pressentiu sofrimento. Porque é que a gente faz isso com a gente, com tanta gente bonita lá do lado de fora do nosso coração?

E, de novo, não foi só por ele, foi também por mim, pelos meus egos, pelas coisas que eu defini como sendo aquelas que eu quero, por ser metódica, por traçar planos demais é que fiquei nessa mais tempo do que eu deveria. Preciso sempre admitir a parte que me cabe nessa coisa toda. É para isso que eu escrevo aqui. 

Foi a tão pouco tempo que começou e há tão pouco tempo eu disse não. Eu não me permiti mais esperar respostas que nunca vinham, consideração, respeito. Eu hoje ainda sinto marcas, no corpo, dessa história pesada e angustiada. Não quero mais, porque me amo demais para permitir que alguém invada minha paz assim. 

Estou ocupada em ser feliz. Vou fazer 37 anos daqui a pouco, tou com pressa.

quarta-feira, novembro 08, 2017

terça-feira, novembro 07, 2017

Oriente.


Eu viajo nessa música
Mas é tudo culpa da Therezópolis com 9,5 de álcool. 
eu tenho um desejo quase secreto de saber quem é que me lê eu
eu tenho uma vontade louca de saber se as pessoas me leem mesmo ou só fingem eu

...

vocês precisavam estar aqui nesse mesmo lugar que eu estou para ouvir o som do cachorro latindo e as pessoas passando e conversando sobre a vida e eu ouvindo para entender porque eu voltei para a bahia


eu fui da bahia
e um dia eu voltei pra cá



Pequena poesia.

Um bebê chora. 
E eu tomo cerveja.
Estivesse mais sóbria eu faria uma poesia.
Mas eu só tenho alegria.

Desde cedo ando eufórica pela casa. 
Desde cedo tenho os braços abertos e alma cheia de vida.

Daqui a pouco é meu aniversário e eu me sinto a pessoa mais sortuda do mundo.
Por ter amigos e amigas, por falar com (quase) todos os homens que amei e amo, por simplesmente poder escrever essas palavrinhas aqui. 

Reviso um texto, tomo cerveja e ouço um bebê chorar. Passei o dia de biquíni lavando roupa e escutando Pablo Vittar. Eu preciso de mais?

Não, mas tem. Tem gentes me ligando, mensageando, eu excluindo, gentes tentando. Tem visitas de mototaxi para saber da minha vida, que vida, eu amo a vida.

Sim, eu não estou sóbria. Estou feliz, porém. A cada ano que passa eu adoro mais fazer aniversários.

segunda-feira, novembro 06, 2017

Não mais.

Eu digo que ele só entra até ali, não mais.
Não sei se nunca mais, mas não mais.
Não quero, não vou permitir que ele me faça mal. Não posso, porque me amo, mas também porque o amo. 
De repente descobri que o amor não precisa de quase nada para ficar aqui, para renascer, para fazer valer a pena todas as bobagens. Mas não se trata de dizer não para o amor, se trata de dizer não para não faça isso comigo.
Não acredito em mérito, mas me acho legal demais para ter de passar por isso (de novo de novo de novo).

Il a déjà tes yeux.



domingo, novembro 05, 2017

He heals me, India Arie.


Obrigada, India Arie. Eu acredito nisso também. 

Equilíbrio.

É preciso descobrir o que nos faz bem, as pessoas que nos fazem bem. 
Mainha me diz "mas você é compreensiva demais, manda ele às favas", e eu digo que não gostaria que fizessem isso comigo, que não conversassem, que me desprezassem, então nunca faço isso com ninguém, mas ela diz que tem gente que merece, mas eu penso que se eu pensar assim, alguém também vai pensar que eu mereço.
Entramos num debate que nunca tem fim, mas eu gosto.
Eu aprendi também com ela a ser assim e hoje ela me diz que eu sou mais besta do que ela.
Tenho de concordar que quando chega a hora de enxotar algumas pessoas da nossa vida, não há outro jeito. E isso não tem a ver com desistir delas, tem a ver com descobrir que elas nos desequilibram, que a energia delas não vai com a gente, é preciso aprender que "eu quero ter um milhão de amigos" é só uma música de Roberto Carlos, é melhor ficar só com quem faz a gente bem.
E pra mim, fazer bem é não apertar minha mente, não me agoniar nem me ansiar, é não atravessar minha frequência. Eu sei quem faz isso comigo e eu não quero mais.
De hoje pra frente, não. 

Chamada.

Harpo, Harpo, Harpo.

sábado, novembro 04, 2017

Interessa?

Não me interessa ficar quietinha esperando o amor passar. 
Não me interessa, mas dói também. 
Às vezes eu escrevo sobre como eu prefiro sentir, e quando eu lembro disso eu vejo que ainda lembro das mãos dele nas minhas costas, me abraçando. Nesses dias em que escrevi isso, eu falava do abraço e não da tristeza, que é quando há os silêncios. 
Sei que tem coisas que fazem silêncios. Tem falta de sentir, falta de dinheiro, outros tempos. Tudo isso eu sei. Tudo isso eu sinto.
E tem coisas que doem.
Mas não sei se interessa.

sexta-feira, novembro 03, 2017

Mãos.

A gente nunca sabe quando vai dar certo. Mas é preciso continuar tentando. Eu sempre me vejo começando de novo. 
De novo eu olhei para as mãos. Eu não sei porque não notei isso no primeiro dia, eu estive encabulada demais para olhar para qualquer coisa, eu achei que tinha desejo demais nos meus olhos e evitei encarar, evitei que meus olhos pudessem dizer o que eu não queria que ele soubesse.
Que mãos bonitas, eu pensei. Mas não é só as mãos, é o que a pessoa faz com elas, como ela usa, mesmo sem saber que fica mais sexy pondo as mãos na boca e me fazendo perguntas ele segue fazendo e me faz ficar com desejos. Eu disparo a falar e sei que quando estou assim é porque quero disfarçar o desejo, tento respirar entre uma frase e outra, mas ele me pergunta outra coisa de novo e lá vou eu falando sem parar...
Acho que ele percebeu, pelo jeito como me olha ele sabe o que eu quero. Mas continua lá mexendo as mãos e me fazendo perguntas.
Quando sinto seu abraço, eu entendo porque as mãos me fascinaram tanto. Às vezes, a gente vai longe para receber um carinho que faz a sua vida valer mais a pena. E foi assim mesmo que eu me senti naquela hora em que ele me apertou contra o peito e me conteve com sua mãos.
Que mãos bonitas, eu disse.
E ele me sorriu assim.

quinta-feira, novembro 02, 2017