Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Ele.

Bem, é você. Sim, só você. Mas se eu disser, tu não vai acreditar, então não digo. Não digo o nome, não digo o número, nada. Mas depois que a gente começou a conversar, e hoje, eu tenho quase certeza que você é sim o homem que eu quero pra mim. Que bobo, isso. Gente, que péssimo. Faz tempo que não sou romântica, esqueci como se faz. Era pra ser bonitinho, meio sexy até, mas não consigo. Eu só queria dizer que conheci um cara aí, mas ele nem sabe, nem nunca vai saber, que é o meu número. Eu não vou dizer, não vou. Não vou me insinuar nem nada. Não tenho graça, não tem graça. Mas se ele der qualquer sinal de vida, eu abro o jogo procês. Prometo. Não significa que cumpro, mas prometo.

Encontros. Não, não. Desencontros.

Uffa... quanto tempo. Porca troia. Eheheheheheeh. Nesse exato momento, estou com dor de cabeça aqui nesse cibercafé do lado da Igreja da Sé em São Paulo. Fez 452 anos. É, fez. Eu tive o grande desprazer de ver bem de pertinho o ilustre José Serra. Meu deus, como é feio. Feio. Feio. De doer. Ah, o Chalita também, o secretário de Educação. Parece um ex-menudo vindo dos cafundó dos Judas. Feio do mesmo modo, só quem em outro gênero e grau. Nesse dia, dia de debate e palco para tais políticos armarem seus panis et circenses, eu realmente voltei pra casa deprimida. Faz tempo que só olho pro meu umbigo. Escrevo, leio, vejo, sinto, faço, mas é o meu umbigo que vem primeiro. Então, tá na hora de descobrir algum jeito de olhar pra outros umbigos de novo. Me sentir cheia de vida, disposta. Animada em conhecer dores alheias, ajudar, ou não ajudar, mas querer saber, se envolver. Caligaris falou alguma coisa sobre se sentir parte, importante, fazer dos sonhos parte da história real. Legal isso. Acho que é mais ou menos isso que eu quero, é sim. Eu estou experimentando coisas e sensações de pura... de pura.... bem, de pura. Sim, de pura. Sempre quis escrever isso, mas odeio tantos adjetivos. Só sei que é forte. E puro. Fiz uma amiga que nem posso dizer o que ela significa agora pra mim. Por que pode parecer empolgação, pode parecer passageiro. Mas é puro, e forte mesmo. Eu da minha parte vou fazer de tudo pra ser boa menina e tê-la sempre ao meu lado. Quando ela me abraça eu fico boba, quando diz que me adora e me faz dar risada eu vôo um pouquinho mais longe. E isso basta, pra que eu possa voltar pra SP mais alegre, bronzeada e feliz. A gente só precisa de um segredo, pra virar pacto de amor pra sempre. Sou amante de Pedro Juan, minha gente, mas não esqueci o Buk. Mas ele sempre foi meu avozinho. Nunca me deu o tesão que Pedrito me dá. O Pedrito me faz louca, me olhando naquela fotinha da orelha dos livros, e eu fico aqui tendo sonhos eróticos com aquela careca e acreditando que ele realmente aos 15 anos era um Príncipe lindo. Eu sou boba? Talvez, mas se for assim, a vida também e eu não tou nem aí com isso.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Durona, eu?

Todo mundo que me conhece sabe que eu sou uma manteiga derretida. Mas se surpreendem por que eu sou durona na queda. Digo, eu não aceito certas coisas, sabe? Do tipo, não aceito maus-tratos, palavras duras, rejeição, falsidade, sacanagem grande ou pequena, não passo a mão pela cabeça. Tenho lá minhas regrinhas para deixar que alguém se aproxime de mim. Mesmo doendo, às vezes, eu digo não. Sim, eu digo não, se me machucarem. Sou uma manteiga derretida, mas pera lá, não é bem assim como tu tá pensando... eu já me apaixonei perdidamente por uns caras super super super estranhos, vai entender, daqueles que nem percebem e já te deixam na fossa por uns três dias, mas aí eu digo não, às vezes com coração na mão, por que eu quero ser feliz. Só tenho agora pela frente uns 60, 70 anos pra isso, e se eu perco alguns minutos a mais com alguém que nem quer saber por que eu tou mal, não vale a pena, né? Aí viram pra mim e dizem que eu sou uma durona, que não amo ninguém, que nunca amei. Ô, gente... eu não sei amar pessoas que não querem ser amadas, ponto. E olha, posso dizer, existem sim pessoas assim. Ah, e como. Eu devo ser mesmo durona. Mas não perco a ternura. Se não entendeu, vem provar que eu juro que tu vai se amarrar (eu sempre quis dizer isso...).

Pés.

Eu descobri alguém que gosta mais dos meus pés do que eu mesma. O carinha que parou ao meu lado hoje durante o samba de vela. De início eu achei que ele era tímido, olhava pro chão. Só me toquei quando ele me perguntou, meio sem jeito: - Quanto tu calça? - Como? - Seu pé, é que ele é lindo... 34, acertei? - Acertou... como? - Eu conheço pés. 34 é coisa para poucas. Dizendo isso, piscou um olho verde pra mim, deu mais uma olhadela apaixonada nos meus pés e saiu. Samba de raiz, lugar bonito. Acho que volto lá, vou virar figura carimbada. Homens declaradamente apaixonados por mulheres me cativam de pronto. E numa roda de samba, o que você mais ouve é declaração de amor. Eu também preciso dessas coisas, sabe? Atualmente Pedrito é o meu amante, mas eu já tive orgasmos múltiplos com Buk, Hunter Thompson e Fante. Acontece. Eu leio algumas linhas de Pedrito e vou ao delírio. Fico imaginando que roupa ele estava vestindo quando escreveu, se fumava um charuto cubano e se realmente bebe tanto rum como diz nos seus livros. Ele não é só o filho do sorveteiro, decididamente.

sábado, janeiro 14, 2006

Desistir.

Quando? Acho que eu tenho que saber isso, a hora de desistir de vez de alguma coisa, de jogar a toalha. Nem Roberto Carlos cantaria o amor depois de tanta besteira como as que eu fico inventando pra mim. Ele propôs, levou café na cama, cantou pra tudo que é tipo de mulher, fez o tal papel ridículo. Mas eu me submeto a acreditar. Isso acho que nem ele mais faz. Nem além do horizonte, no século 21, existe um lugar bonito e tranquilo pra gente se amar. Entendeu, moça?

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Sabe qual é?

Eu tou afim de uma emoção real, cê tá me entendendo? Alguma coisa que me pegue de jeito, que me deixe bamboleando, saltando, correndo. De novo. Não vou dizer que tou cansada disso e daquilo por que não sou de me queixar à toa, sabe qual é? Eu só vou dizer que quero emoção real, todo mundo vai entender. Como eu disse dias atrás, os homens estão mesmo se tornando seres descartáveis. Mas Deleuze diz que não são só os homens. A idéia toda é a destituição das identidades. Logo agora que tanta gente se encontrou. Vão tudo se perder de novo. Esse ano tem Bob Dylan, Lauryn Hill. E nem precisei vender minha alma pro diabo. Tem U2 também, mas nem é a pilha do show, a companhia que eu vou ter é que vai arrebentar a boca do balão. Aha. Eu REALMENTE chorei no ônibus lendo Palestina, Uma Nação Ocupada. Pensem de mim o que quiser. Olha, esse negócio de blog é uma merda. Digo, uma merda. No sentido da palavra merda, sabe qual é? Tu sabe o sentido. De repente todo mundo pode se meter a escritor, escritora, escrevendo merda. A personagem Dalibor Liska em Queimando ao Vento diz que pra ser escritor não é preciso ser nada. Ótimo. Até acredito nisso, num mundo sem blogs eu acredito nisso. Eu mantenho isso aqui aceso sem nenhuma pretensão, digo, comercial. Eu fico sabendo que as pessoas leêm e me sinto animada a escrever como foi o meu dia, essas coisas, pessoas que vi, lances, comentários... nada pessoal, tudo cópia. Ou espelho. Agora mesmo eu tou aqui, com as mãos em cima do teclado, pra encher o post. E vai ser só isso mesmo. Estou com umas idéias do tipo andar com agenda anotando pequenos detalhes do mundo, por que eu esqueço quando sento aqui. Mas parece uma coisa de quem é metido a escrever, então eu fico adiando. Meus diários todos estão lá na minha casa antiga, empilhados, uns 7 ou 8. Depois que um professor me disse que eu seria convocada para a guerrilha quando a revolução estourasse, fiquei com medo das minhas coisas espalhadas por aí e comprei um baú. Ele me disse sério para queimar tudo, mas ainda não consegui. E nem vou, eu acho. Uma outra professora viu os mesmos diários e delirou. Também, ela usava essas metodologias que trabalham com "história de vida" nas pesquisas dela, só poderia gostar mesmo. Vai entender, é tudo gente. Alguém me convida pra tomar uma cerveja? Minha vida vai mudar tanto que preciso me acalmar um pouco.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Mecânicos, ora pois.

O nome dele soava estranho, mas grudava na cabeça, no meu corpo, língua. Eu nem ouso escrever aqui, você vai ler e também vai viciar no jogo. Começou assim, a história dos nossos nomes, e depois de um tempo eu já tinha entregado todo o ouro. Ele me disse que era mecânico de scooters. Assim mesmo, esse nome difícil. Não queria falar "mecânico de vespas", e ouvir as mesmas piadas de sempre. Scooters? Ah, aquelas motinhas? Ele ficou meio chateado.
Começou errado. Começou assim. Mas eu gostei, e quis mais. Sem querer, sabe? Sem dizer pra ninguém, muito menos pra ele, não era o cara que eu sonhava, apesar de não estar sempre sujo de graxa ou coisa parecida, ele definitivamente não era o tipo de cara por quem eu me apaixonava. A minha vida inteira haviam sido dois ou três, mas todos eles seguiam uma lógica muito regular. Aconteciam sempre no começo de alguma estação, durava algumas tantas, mas era batata. A outra paixão viria em estação diferente, ano par, se o anterior tivesse sido ímpar. Nunca fui de ficar fazendo essas contas, até quando minha irmã me escreveu um bilhetinho me chamando de "Mulher do Tempo". Achei graça, mas não tinha entendido. Dias depois, precisei telefonar-lhe, e sem querer, perguntei se estava chovendo em Washington. Ela me respondeu dizendo que tudo dependeria do meu novo amor. E aí me explicou que acompanhava, passo a passo, as datas e temporadas dos meus romances, assim, como quem colecionava botão de camisa ou papel de bala.
Mas agora era fora do tempo. Da estação. Não que isso causasse medo pra mim. Minha irmã se perdeu nas contas, e eu me envolvi ainda mais, talvez por sentir que estava, de algum modo, transgredindo. As flores do outono morreram no frio, e ele vinha de um lugar invernal, fechado, onde as pessoas usavam mais roupa do que poderiam carregar se o sol aparecesse. As scooters continuavam sendo o motivo da vinda dele para um lugar assim quente, infernal, por mais engraçado que isso parecesse. Por isso, nunca me atrevi a falar em casamento. Eu nunca fui louca. A não ser por mentirosos mecânicos de scooters.

sábado, janeiro 07, 2006

Gìu.

Talvez a TPM. Talvez a viagem de volta. Só sei que me falta alguma coisa. Ainda bem que descobri que não é você. Talvez nunca tenha sido.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Eu não sei parar de me olhar.

Será normal me achar mais bonita aqui? Lembranças. No banheiro da escola que estudei 10 anos atrás eu constatei que nunca escrevi nada nas paredes, nas portas. Mesmo com todas as demãos de tinta, eu ficaria feliz se, na hora que sentei pra fazer xixi lá, tivesse a certeza que já teria escrito qualquer coisa por ali.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Calor.

Nessa loucura de morar cada ano em lugares cada vez mais diferentes, seja na mesma cidade e bairro, eu acabei inventando para mim um modo mais simples de me sentir em casa. É. Eu encontro pessoas na rua e sempre faço comparações com as pessoas dos outros lugares. Sim, a moça da padaria daqui me lembra a senhora que converso lá na farmácia. O rapaz que me olha descaradamente sentado ali na moto me faz lembrar do menino que me pediu uns trocados faz alguns dias lá perto da minha casa, sob a alegação de que o pátio lá de casa precisava de uma boa faxina. Acho que ninguém sobrevive sem comparações. Nem adjetivos. Eu do meu jeito estou tentando eliminá-los. Ontem eu vi a Titi. Ela morou com a gente assim que chegamos aqui em Salvador, sabe como é, minha mãe precisava de ajuda. Titi também. Não mudou muito, está mais forte, e grávida. Não me reconheceu. Quer dizer, eu não a olhei dentro dos olhos. Naquela época, Titi era uma criança como eu e a gente só brincava. Eu nem sabia direito o que significava classe social e morar numa casa de papelão. Fiquei sabendo que Titi casou com um norueguês. Mas continua aí pelo bairro, a família mora aqui, sabe como é quando você se acostuma. Me pergunto se ela aprendeu norueguês ou o cara arranha no português. Acho que nunca vou saber. Não sei mais como olhar Titi nos olhos. Ou talvez nunca tenha feito isso.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Curtíssimas.

Curtíssimas não são as novidades. São as minhas roupas. Eu tinha até esquecido delas, mas aqui em Salvador eu não consigo vestir nada com mais de 30 centímetros. E ontem na praia quando eu sugeri que as meninas tirassem o biquíni pra voltar pra casa sem molhar a roupa, todo mundo ficou me olhando meio atravessado. Que gente mais estranha. Só por que elas estavam de microssaia? Que tem de mais? Eu prefiro ficar sequinha e sem calcinha. Ahá, aqui da lan house eu vejo a casa de um cara por quem fui apaixonada alguns anos. Agora ele me olha com uma caaaaara. Viu, bem feito, perdeu, perdeu. Fiz tranças no cabelo e estou me sentindo a própria deusa étnica do meu bairro, mesmo que todo mundo aqui use trança e não seja nada anormal. Engraçado, com tanto brinco que eu trouxe pra usar aqui, só um que eu comprei em Belém do Pará combina com meu sorriso. Vai entender.