Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, julho 30, 2010

Cotidiano.

Na Cardeal Arcoverde quase na Fradique uma padaria 24 horas fala pros seus/suas clientes não atendemos pessoas vestidas com camisas de times para evitarmos transtornos não insista Aí lembrei da minha infância, quando era dia de clássico em Salvador e os torcedores do Bahia e do Vitória se encontravam no ônibus e riam juntos das desgraças dos times, o cobrador e o motorista davam risada, torciam também, o ônibus inteiro colorido, engraçado.

quinta-feira, julho 29, 2010

Constatação.

Li agora: Hoje milhões de crianças dormirão pelas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana. Chupa essa manga.

Boneca preta.

Pediram então para eu observar se as crianças na minha sala brincariam com a boneca preta, recém-chegada nos brinquedos novos na sala de aula. Pediram para fazer isso, já que tinham observado que na aula delas, as professoras, a boneca era deixada de lado. Brincaram para lá, brincaram para cá. Pentearam cabelo, trocaram roupa, queriam ser mãe de todas. Chamaram-na de princesa. Colocaram para dormir, e brigaram para saber quem era mais "dona" dela. Tudo muito tranquilo, muito simples. Os meninos passam roupa, varrem a casinha, vestem fantasia de bruxa e as meninas as de super-herói. Nada mais comum na infância. Uma infância bonita, aquela que a gente sonha para todas as crianças do mundo. Agora, a pergunta é: por que que é que a boneca preta não foi deixada de lado pelas crianças na sala em que eu sou professora? Respondam se quiserem. Se não quiserem, pensem sobre isso e já ajuda.

quarta-feira, julho 28, 2010

segunda-feira, julho 26, 2010

Esperanças.

Tudo se transforma, e me diz que sim, que podemos acreditar, que ser feliz é possível! Sim, ser feliz é possível. Amar é possivel. Te amar é possível. Te abraçar é possível. Saber que te amo.

sábado, julho 24, 2010

Vem!

Ele vem todo de branco Todo despenteado Todo lindo Que maravilha Que é ... o meu amor.

sexta-feira, julho 23, 2010

Detalhes.

Um velho sobe a rua, esquecido de seu caminho de casa. Me pergunta onde mora. Eu não sei.
Ele segue para frente, mas, enquanto espero a lotação, ele volta. E vai de novo.
O sol fraco quer ser forte e faz um calor mentiroso sob o monte de roupas sem graça.
Na lotação, encontro pessoas, crianças. Conversamos sobre educação, sobre o futuro do mundo.
Elas descem, eu fico.
Depois eu desço também.
Detalhes que eu prefiro na zona sul.

quinta-feira, julho 22, 2010

O horror que não sai na Folha de São Paulo.

Comunidade no Orkut declara ódio às vítimas das enchentes do Nordeste
Por Ana Luiza Machado da Redação do Diário de Pernambuco.
Desde que as fortes chuvas caídas no mês de junho devastaram 67 municípios de Pernambuco e quase 30 de Alagoas, a solidariedade, não só dos nordestinos, mas de todo o Brasil tem sido vista em forma de doações para aqueles que perderam tudo. Na contramão, internautas que se utilizam da rede social Orkut passaram a demonstrar outro tipo de “preocupação” com as vítimas das enchentes: um possível aumento da migração de nordestinos para o Sudeste. Cheias de depoimentos preconceituosos e discriminatórios - os usuários chegam a se referir aos nordestinos comomerdestinos e animais -, as comunidades abrigam declarações do tipo: “Pessoal com essas enchentes no nordeste acho que os cabeçudos vão vir em massa pra SP, tô muito preocupada com isso. Vai ter mais lixo do que já tem aqui”, declarou a usuária Julia Shellman, membro da comunidade Eu odeio nordestino.
As frases postadas pelos membros da comunidade causam eatarrecimento não só pelo preconceito com a região, mas igualmente pela falta de sensibilidade e respeito aos mais de 50 mortos e mais de 100 mil desabrigados e desalojados nos dois estados. Confira trechos do diálogo entre os jovens sobre o assunto: Nadine Santos: “eles deviam aproveitar que alagou tudo por la e nadar um pouquinho eles adoram agua suja...” Thomas Rebel: “Eles não conseguem nadar, pois a cabeça deles os faz afundar como uma ancora! Mas o q seria mais sujo, a agua da enchente ou os merdestinos? // Seria bom se todos eles morressem na enchente, afinal nordestino é um animal q não sabe nadar!!!" Outras comunidades similares também existem (algumas desde 2008) como a intitulada Não queremos nordestinos em SP e Eu odeio o Nordeste, mas o conteúdo ganhou proporção o marcador Enchente no Nordeste começou a ser divulgado na rede de microblogs Twitter. Ofendidos, nordestinos passaram a responder no mesmo tom de ofensas com que foram atacados e prometeram denunciar aos responsáveis legais do Orkut e à Polícia Federal a prática discriminatória do grupo. O psicólogo americano Allport, criador do método para medir o preconceito na sociedade, definiu: “o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que em determinadas circunstâncias podem se transformar em raiva e hostilidade”. Já para o filósofo Adorno (1950) o preconceituoso possui “uma personalidade autoritária ou intolerante”. Seja qual forem os motivos que levaram estas pessoas a divulgar o ódio que sentem pelos nordestinos, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já está adotando as medidas necessárias para punir os responsáveis. “Identificamos na comunidade o crime de racismo, incitação a violência, incitação ao crime e vamos levar o caso a Polícia Federal. Há ainda a possibilidade de o estado de Pernambuco entrar com uma ação contra o Google que permitiu e permite que estas páginas estejam no ar”, explicou o procurador do MPPE José Lopes, especialista em crimes cibernéticos.
Vejam as comunidades criadas aqui.

Te adoro em tudo.

Djavan escreve, eu reescrevo. Um Amor Puro Djavan Composição: Djavan O que há dentro do meu coração Eu tenho guardado pra te dar E todas as horas que o tempo Tem pra me conceder São tuas até morrer E a tua história, eu não sei Mas me diga só o que for bom (quero saber tudo, as partes feias, sujas, impudicas, esquecíveis) Um amor tão puro que ainda nem sabe A força que tem é teu e de mais ninguém Te adoro em tudo, tudo, tudo Quero mais que tudo, tudo, tudo Te amar sem limites Viver uma grande história Aqui ou noutro lugar Que pode ser feio ou bonito Se nós estivermos juntos Haverá um céu azul Um amor puro Não sabe a força que tem Meu amor eu juro Ser teu e de mais ninguém Um amor puro Não sentiu a pressão? É que sem paixão, poesia ou música brega, morte ou vida, não faz sentido.

terça-feira, julho 20, 2010

Feliz.

Sem motivo aparente, mas feliz. Deixa pra lá. Ouvi se tu tá acompanhada, melhor, assim passa mais fácil pelos problemas

No coração.

Por que eu não acredito que a chuva seja coisa ruim, chuva de verão. Pra espantar as tristezas, por que eu posso ser feliz, por que eu me amo, por que me amam.

Zona Sul.

É aqui. Sorrisos com um filme bobo, conversa à toa, me fazem esquecer de todas as dores. Todas. Mesmo com todos os problemas, é minha casa ainda, aqui me sinto em paz. Cuzcuz, bolo de chocolate, abraço quentinho, sem julgamentos 24 horas por dia. Estou voltando pra casa, zona sul (uma das muitas casas que eu tenho no mundo). Viraram pra mim e me disseram tu é de Oxóssi Eu sorri, também sei.

segunda-feira, julho 19, 2010

Bebel.

Me fez chorar. Sentada na poltrona do avião, mordia o lábio para me contar que deixava para trás dois filhos, três anos depois de ter vindo pra São Paulo arrumar emprego. Era a primeira vez em três anos que os via novamente. Não queria voltar, e, quando houve uma complicação no voo, foi a primeira a dizer que poderia ficar mais um dia ali, naquela cidade.
Me fez chorar. Quando me disse que tinha a ilusão de encontrar seu filho do mesmo tamanho que o havia deixado há três anos atrás. Que daria tudo para trazê-los com ela, ou, quem sabe, se pudesse mesmo, ficar de vez perto de sua mainha, de seu bairro, de sua cidade.
Me fez chorar. Seu nome mesmo não era Bebel. Era mais bonito, mas ela não gostava. Tinha os olhos mais tristes que eu já vi. Mas conversava comigo querendo ficar bem. E me abraçou um abraço fraquinho e foi indo, levando sua grande mala rosa.

sexta-feira, julho 16, 2010

Aqui outra rua, a moça de 104 anos aperta minha mão e com a alegria toda do mundo me diz que o bom da vida é ser feliz. Eu acredito nela. Ela diz mais
mulher não pode deixar homem dar o segundo tapa
Errei por um. Mas ainda assim, posso ser feliz. Na beleza da menina que me sorri no porta-retrato. No vizinho novo que chega na casa ao lado. Na voz de Vírginia que canta
é nesse bailar do olodum
Eu posso ser feliz, Com chuva, mas de tomara-que-caia colorido.

Surpresa.

Axé e grafite.

Às vezes a chuva que a gente espera passar nos trazem boas coisas. Acho que posso dizer que é sempre. Mas para não errar, digo que é só às vezes.

quinta-feira, julho 15, 2010

Eu sei,

desculpe o atraso, mas é que eu tive uns problemas
eu vi seu problema ontem (anda, fala e tem trança na cabeça)

Nega,

Desci do buzu e o motorista me respondeu assim
de nada, nega
A moça no telefone me responde assim
venha aqui, nega, que a gente vê isso
Fico besta.

Confissões.

Gosto que me falem baixinho.
Gosto de carinho.
Gosto de conversa ao pé do ouvido.
Que duram horas, com beijinhos.
Gosto de sorriso, de abraço apertado, de olho brilhando.
Gosto de você.

Ciúme de você.

Descobrir que sou ciumenta depois de velha não tem graça. Pior ainda quando é ciúme de mãe.

quarta-feira, julho 14, 2010

Chuva.

Tomar banho de mar e banho de chuva, tudo junto.
Ver amigo dando risada à toa.
Em Itapoan.

Na bubuia.

Descobri hoje que a gente sempre pode estar mais triste do que pensa.

Casamento.

Minha avó diz
minha fia, casar é bom, não casar é melhor
Dou risada. No encontro de gerações, minha avó explica pra mainha o que é machismo. Vai dando aula de feminismo com quase setenta anos. Desconfio que ela, que foi casada quase trinta, nunca gostou muito da ideia. Está bem, viúva. Nunca tinha ouvido minha avó falando dessas coisas, então eu sorria. Ela explicava o quanto era difícil a mulher que era resolvida juntar os trapos com alguém. Eu aqui dentro concordava. Se para a mulher que vive sua vida em casa junto com a família o casamento pode ser uma via de libertação (ou não), para a mulher que já vive a vida fora do mundo privado, o casamento talvez não seja um grande atrativo, não do modo em que ele está estruturado hoje.
Por isso que ser mulher negra é uma coisa.
Ela diz mais
se com amor já tá difícil, imagina sem
Não posso deixar de concordar. Por isso, vou tentar fazer as coisas direito. Se "tem sempre paixão no que eu digo", vou tentar viver a vida do modo mais apaixonado possível, intenso, no talo. Uma vida morna não me apetece. Tira meu brilho, me entristece, me desanima.
É claro que eu acho bonito um casal, filhos, família. Mas eu ainda não consegui descobrir de que jeito conseguir tudo isso e conseguir me manter inteira, digna.
No dia que acontecer, pode ter certeza, aviso pra todo mundo.

sexta-feira, julho 09, 2010

Nem putas, nem submissas.

Por Sueidi Kintê.
o senhor tem filha?
tenho
então se sua filha sair na rua com um de shortinho algum homem mexer com ela errada é ela?

Serra da Barriga.

Eu só queria dizer que eu estive lá.
Não consigo escrever muita coisa sobre quando coisas me acontecem e me tocam muito.
Muito.

Anseio.

Aproveitando a ansiedade, divulgo o portfólio de Carol Garcia, que fez a foto ao lado.

Casa de vó.

Casa de mainha parece casa de vó.
Talvez por que ela quer muito ser vó (talvez esteja mesmo na hora).
Talvez por que eu me sinta feliz duas vezes aqui.

Em Maceió.

Ela vira pra mim e diz
mas eu gosto mesmo é da comida de meu marido
Contrariando todas aquelas conversas de que o machismo nos homens nordestinos é mais acentuado - o brasil do sul acredita que o nordeste, por ter uma população mais inculta, teria mais problemas com questão de gênero - , onde homem não faz comida nem lava pratos. É por isso que gostei desse documentário aqui.
Mas, infelizmente, posso dizer, todas as demonstrações de machismo que já vi até hoje vieram de todos os lados. De homens "incultos" e homens considerados inteligentes. Todos eles tem boas justificativas, por que sabem de mais ou por que sabem de menos.
E, como dizem eles, a mulher é quem se f... mesmo, no fim das contas.

quinta-feira, julho 08, 2010

Muquém.

Gosto das imagens, fotografia. Todo mundo já sabe disso. Mas durante esses últimos dois dias, a câmera não funcionou. Mesmo assim, as imagens que gravei aqui comigo não sairão assim fácil da minha cabeça. Visitando a comunidade do Muquém, ao pé da Serra da Barriga, pude ver o que a chuva havia feito com as casas dos/as quilombolas e com parte de nossa história. O Rio Mundaú fez com que 62 pessoas precisassem ficar no alto de um pé de jaca para sobreviverem à enxurrada.
Conversei com a professora da comunidade, que com seus dois filhos passou a noite inteira em cima do pé de jaca. Um deles, o que estava em seu colo, brincava e sorria para nós, enquanto ela nos contava como era sua vida de professora e como tinha sido aquela noite.
fiquei bem ali em cima do pé de jaca
Ela dispara, no meio da conversa. Pergunto como foi, mas não quero ser invasiva. Ela quer contar, conta os detalhes. Pergunto da escola, das crianças, do trabalho. Não sei o que é perder tudo que tenho numa enchente, o presidente Lula sabe, talvez por isso tenha chorado. Eu também chorei, quando passei e vi uma mulher, pano na cabeça, cavoucando a terra no meio de sua cozinha, procurando não sei bem o quê. Algumas estavam só ali, querendo ficar perto do que tinha sobrado, procurando uma orientação.
Vi um porta-retrato com uma foto que imaginei ser de uma festa de família, pelos nuances que a água havia deixado. Pela meio das casas, ia encontrando pedaços de coisas, referências de pessoas, uma sensação triste me atravessou e me perguntaram
tá cansada?
Eu só estava triste. Mas não sabia como dizer isso direito, já que não poderia fazer muita coisa. Quem quiser e puder ajudar, entra em contato com a Defesa Civil do estado onde mora.
Água, precisam de água potável. Fiquei numa pousada e até lá a água estava bem escassa. Vi uma corrente de ajuda pelo estado de Alagoas para ajudar as vítimas da enchente. Não sei se no Brasil inteiro houve por Alagoas a mesma comoção que vi quando as vítimas foram em Angra dos Reis ou no sul do país. Não acompanho noticiário, não gosto da exploração da dor alheia.
Chorei sim, pelo que vi. Uma mulher negra de pano na cabeça cavoucando a terra.

terça-feira, julho 06, 2010

Nossas promessas.

Nossas promessas
Feitas de palavras e sonhos
De distância e saudade
De desejo e vontade
Nossas promessas
Escritas em mensagens etéreas
Em sinais que somem no vento
E em fichas telefônicas que acabam rápido
Nossas promessas
Que aparecem dentro do copo
Que ressuscitam nos lençóis retorcidos
Que nos acordam cedo
Nos saciam
Enquanto não chega a hora
...

De janeiro a janeiro.

Até o mundo acabar. (... Queria poder ouvir... Estou com problemas com o sinal e sem internet também... Li tudo que me mandou... E há muito que quero dizer o mesmo! Mas ainda não sei como...)

domingo, julho 04, 2010

sexta-feira, julho 02, 2010

Feita na Bahia.

Feita na Bahia. Feita de fazida e de feitiço Feita de farta e esfomeada De vontades De desejos De consumição Consumado nas lidas Nas asperezas da vida Sou confirmada, sou.

Só Deus sabe o que será.

Quando Sara Tavares canta, acho eu que até deus para tudo que está fazendo e vem escutar aqui na terra.
Tenho dúvidas sobre tudo, e uso a palavra decisão como se mulher de decisão fosse. Sou de brincadeira. Vou dormir uma semana. O sono começa amanhã.
Sumir no oco do mundo.