Você que me lê, me ajuda a nascer.

domingo, outubro 30, 2016

Frida diria, Sthepanie diz.

Só quero replicar aqui o que Stephanie Ribeiro disse aqui.

Ah, e compartilhar o vídeo de Dandara Marques, que eu só vi por causa desse texto.

Deus não está morto.


Sete vidas.


quinta-feira, outubro 27, 2016

quarta-feira, outubro 26, 2016

Oriente.


Essa meu bebê já ouve desde a barriga. 

terça-feira, outubro 25, 2016

Chloe e Halle.



Tanta beleza, vale a pena viver.


segunda-feira, outubro 24, 2016

domingo, outubro 23, 2016

quinta-feira, outubro 20, 2016

quarta-feira, outubro 12, 2016

Tempo ao tempo.


Por mim. A letra não tem nada a ver comigo, mas sou bairrista e adoro ouvir música em baianês. <3 p="">

terça-feira, outubro 11, 2016

Poliamor.


O documentário tá aqui, ó.

segunda-feira, outubro 10, 2016

quarta-feira, outubro 05, 2016

Pérolas aos poucos (e para poucas pessoas).

Um amigo certa vez me disse que sentia que quanto mais o tempo passava e mais ele aprendia coisas, menos ele falava. Não é que se omitisse de falar o que pensava quando a situação pedia ou coisa do tipo, mas apenas que pensava mais antes de falar e reservava alguns comentários apenas para si mesmo ou para as pessoas com quem conseguia entabular um bom papo, desenvolver a ideia. Depois de anos vivendo essa vida de ouvir palestras, frequentar aulas, participar de debates e eventos mil, ando pensando se esta não é uma boa estratégia para manter-me viva e a salvo de demônios que nos perturbam a todo o tempo. 
Inicialmente, estes demônios nos compelem a dizer coisas e a rebater tudo que ouvimos as pessoas dizerem, porque nos sentimos sufocadas com tanto racismo, machismo, eurocentrismo e positivismo. Acreditamos que levantar as mãos e pedir para falar, participar, confundir, constranger, fazer-se presente! Todas essas coisas juntas é a melhor opção para décadas de silêncio e falta de espaço para falar tudo o que pensamos. Mas já a algum tempo, eu não sei bem se eu devo dar asas a estas perturbações. Vou explicar isso com um exemplo.
Há semanas atrás participei de um evento em que um pesquisador alemão falava sobre cinema latino-americano. Ele começa a fala explicando que não vai tocar em certas tensões, o que já me deixou curiosa para entender o que diabos então ele faria ali. Ao longo da explanação, ele foi trazendo cenas de filmes brasileiros - porque então o tema da palestra era cinema latino-americano? - e tratando da questão da colonização e como ela aparecia no filme. Ele parecia sentir um misto de surpresa e encantamento pelo projeto colonizador e em como ele teria dado certo no Brasil, pois frequentemente indicava que os personagens fortes da trama eram os homens brancos. 
Isso fez-me lembrar de um professor brasileiro que percebeu que seus amiguinhos europeus, ao visitarem o Brasil, não estariam mais interessados em ver a 'cultura' brasileira, mas sim o que havia aqui sido reproduzido desde a época colonial, seja na arquitetura ou nos costumes cotidianos. Viajavam para longe, mas precisavam sempre ver a si mesmos, já que foram ensinados a fazer isso o tempo todo, desde a barriga da mamãe. 
A palestra seguiu e eu fui fazendo caras e bicos, com vontade de dar nos cornos do moço. Comecei a ficar ainda mais mexida quando percebi que a plateia passou a 'interagir' com o palestrante, concordando com ele! Antes da interação, ele tentava fazer meas culpas ou algumas relativizações no que falava, como se não soubesse que plateia iria enfrentar... mas depois, pareceu ainda mais à vontade para tecer comentários pouco originais sobre filmes nossos que aquela plateia conhecia de cabo a rabo (e bem mais do que eu). Vejam vocês, eu que não entendia nada de cinema - no sentido técnico da palavra - comecei a achar uma aberração que aqueles estudantes de cinema estivessem realmente concordando que a leitura de um alemão sobre a representação fílmica do Brasil fosse completamente aceitável.
Passei a reclamar - sim, reclamar - em voz alta, mas depois me acalmei. Respirei fundo, e lembrei-me que eu não agia mais assim, eu não pediria a palavra, eu não ia fazer isso ali. Eu não ia entregar o ouro ao bandido. Por alguns momentos, apesar de ter o sorriso largo pela concordância, ele parecia ávido por vozes dissonantes, estar equivocado ali talvez não fosse um problema para ele (estava longe de casa e de seus tutores, para quem talvez precisasse provar mais do que a nós). Em alguns momentos, pareceu mesmo que ele estava aproveitando para apreender alguma coisa nova, 'chocante', completamente diferente daquilo com que teve contato em seus estudos sobre Brasil na Alemanha, porque incitava a participação das pessoas, ouvia mais do que falava, ele queria OUVIR ALGUMA COISA QUE TALVEZ ELE NÃO TIVESSE PENSADO. 
Mas eu não. Eu posso escrever sobre tudo que achei daquela palestra algum dia - eu já estou fazendo isso aqui mesmo, e posso escrever outros textos, por minha assinatura no que penso, registrar todas as minhas ideias, mas eu não vou dizer isso a ele. Também não vou dizer àquela plateia, que fingia estar aprendendo algo precioso com alguém que fingia estar 'ensinando' algo completamente novo. Não houve ninguém, em 40 minutos, para dizer qualquer coisa contrária ao que aquele moço estava dizendo (a gente não precisa que ninguém nos diga que a colonização deu certo porque fazer isso é a única coisa que tentam na escola). Não, eu não vou entregar pérolas assim. Pérolas, só aos poucos, e para poucas pessoas.
Eu não entro mais em debate contumaz com alguém em eventos como esse. Adotei essa postura porque, no final das contas, quem controla meu tempo e quem tem o microfone não sou eu. Minhas posturas, assim, são: ou eu falo algo que não seja MUITO original e que acho que vai perturbar um pouco a vida da pessoa que fala - mesmo depois que ela puder fazer a réplica e eu não tenha direito a tréplica! - ou eu simplesmente faço caras e bicos para que ela saiba que não está me agradando nem um pouco. 
Isso tudo porque eu tenho certeza absoluta que eu não vou - porque não acredito e nem quero! - 'mudar' esse mundo e nem a cabeça de pessoas que fazem como o pesquisador alemão, que pensou em falar de cinema latino-americano, fala um pouco de cinema brasileiro e ao fim ao cabo, só consegue ver o homem branco dos filmes.
Eu continuo achando que a gente defende nossas ideias falando. Eu só não acredito que isso seja assim na universidade e em alguns outros espaços (também não é que eu fique calada o tempo todo). Eu também continuo repudiando o racismo, o machismo, a misoginia, o classismo, o adultocentrismo e a homofobia em cenas cotidianas. Esse texto não é sobre isso. Eu estou falando apenas, e só apenas, de levar a ferro e a fogo discussões em espaços onde tudo que você faz e fala pode ser chupado, incorporado, engolido e triturado. Não gasto tempo e energia com isso, não mais. 
Mais do que me fazer presente para algumas pessoas, eu quero é permanecer viva. É certo que isso inclui falar também, mas para exercitar isso, eu tenho minhas amigas, namorado, pessoas que me rodeiam, não quero salvar ninguém. Permanecer viva, enfim, me parece um projeto muito mais intenso, incansável e, por vezes, inalcançável. Para perturbar suas consciências e sonhos, acho que minhas caras e bicos já estão de bom tamanho.

(fui procurar uma foto de estudantes negros na universidade no Google e dei de cara com uma foto de uma colega bicuda do RJ. acho que ela ilustra bem esse texto)

Identidade de nós mesmos.