Você que me lê, me ajuda a nascer.

quinta-feira, junho 30, 2005

Presta atenção.

Eu olho ali pro lado e vejo que o Sticky Fingers já foi gravado, vejo que o Robbie Robertson e o Dylan existem e gravaram um monte de coisas juntos, leio um livro do Buk contendo pequenos ensaios sobre a vida (a minha vida), vejo que tem café com leite quentinho em cima da mesa, que minha mãe hoje fez sopa, que tem uma mensagem na caixa postal dizendo "Porque que eu te amo?", entendo mais uma das afirmações do Ludwig e aí eu tenho a certeza de que não, eu não preciso de você pra continuar vivendo. E lembro que você mesmo, depois de uns copos, já me disse isso.

Sou de Nanã.

Lendo um livro chamado Mitologia dos Orixás. E me envolvendo mais ainda com a cultura negra. Descobri que Nanã, a santa que me rege, é bem parecida comigo, ou com o que pelo menos eu gostaria que fosse parecida comigo. Olha só um dos mitos de Nanã: "Nanã era considerada grande justiceira, Qualquer problema que ocorresse, todos a procuravam para ser a juíza das causas. Mas sua imparcialidade era duvidosa. Os homens temiam a justiça de Nanã, pois se dizia que Nanã só castigava os homens e premiava as mulheres (...) (...) Segundo Exu, conhecido como bisbilhoteiro, Nanã queria dizimar os homens. Os orixás reunidos resolveram dar um amor para Nanã, para que ela se acalmasse e os deixasse em paz. Os orixãs enviaram Oxalufá (Oxalá) nessa missão. (...) Sabiam que Nanã não gosta de Ogum? Eles foram casados! Mas sabem porque rolou esse arranca-rabo? Ogum é fazido. É que Ogum é dono de todos os metais, e Nanã retou por causa dessa tal dominâcia, Nanã acabou proibindo nos seus cultos qualquer tipo de ferramenta. Danada. Sou de Nanã. Ainda vão sair muitas considerações deste livrão enorme, ele me enfeitiçou. Estou seduzida. PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás, Companhia das Letras, SP: 2001. Ah, hoje fui ver Contra Parede. Entrei no cinema achando que ia ver um filme mediano. Qual o quê, foi um dos melhores filmes que vi esse ano. Pro meu gosto esquisito e sem noção, foi um dos melhores. Sim, imprevisível. Com uma cena de agressão gratuita que disse muito sobre a personagem de Sibel. Sibel é turca e seus pais só a liberam de casa depois do matrimônio. Ela então conhece numa clínica um outro turco, e com ele mantém um casamento de fachada. O que vem depois, e mesmo antes dessa história, é muito interessante. Nota 10! Frase do filme que lembro: Você não precisa se matar pra morrer. Faça alguma coisa por aí, depois caia fora. Ou não faça nada. Depois dei uma andada na Paulista e fui ver Hearts and Minds, documentário do Pete Davis sobre a Guerra do Vietnã, feito em 1973 e que ganhou o Oscar em 1974. Pude ver cenas memoráveis como a daquela garotinha correndo nua das bombas que estavam sendo atiradas em sua aldeia. Novidade? Ultimamente tenho lido bastante sobre o governo Nixon e as guerras que afligiram o mundo nessa época, então não tive grandes surpresas com o documentário. Eu acho que pra quem acompanha as notícias só pela TV' filmes assim mexem um pouco com aquilo que você define como sua realidade. Mas sinceramente, eu saí do cinema achando que aquele documentário, olhando por um outro ponto de vista, pode ser só mais um enlatado.

sábado, junho 25, 2005

Batman Begins.

Ok, podem falar o que quiserem, mas tendo por princípio que este blog é meu, eu vou postar aqui que não achei nada demais nesse novo filme do Batman. O filme é bom, é mesmo o melhor de Batman, mas eu por mim esperaria pra ver em casa, comendo pipoca na sala... me acostumei a ver filmes com finais interessantes, surpreendentes. Não sei mais o que fazer com filmes previsíveis. Você pode me dizer que é previsível por que eu li o gibi. Não, não é isso. Primeiro, eu acho que o diretor poderia ter explorado bem mais aquele lance da iniciação do Bruce Wayne, como e onde ele consegue treinamento (eu achei super a idéia de colocar aí elementos orientais, mesmo que a isso esteja meio batido, pra falar de disciplina sempre recorrem aos tiozinhos de olhos puxados), poderiam ser feitas muito mais cenas sobre isso, eu mesma esperava. Até por que o próprio gibi peca nessa parte, então a grande sacada do filme é isso aí, sacaram? E isso não é previsível. Gostei particularmente das cenas com Liam Neeson. Aprendi a gostar desse cara. Mesmo que ele esteja fazendo Cruzada, um filme que não faz muito a minha cara. Outra coisa: o filme é bem legal por que mostra um Bruce humano, fazendo ou fingindo fazer coisas que nós, humanóides, pensamos que os playboys ricos fazem. E ele até que se saiu bem. O que me chateia um pouco é esse roteiro inocente, com uma garotinha indefesa, mas cheia de coragem, com os amigos certos para os conselhos e horas certas... isso sim é previsível, mas ele poderia ter explorado isso de um modo mais interessante. O Flass e o Fox, por exemplo, depois da personagem do Liam, para mim, são os melhores no filme. A voz do Batman... bizarra mesmo, e como disse um blog de um amigo, lembrava a do Max Cavalera... aha! Achei estranho, mas depois me acostumei com a idéia. A roupa e o carro também são os melhores em qualquer tempo; a cena das perseguições são fundamentais para se gostar do filme, é isso que ele tem de bom, a tecnologia ao seu favor, mas fora isso, nada é tão chapado assim. Além disso, pra mim, ainda não acertaram no ator pra interpretar Bruce Wayne. Nenhum deles me convenceu. Bayle? Ora, faça-me o favor! E poderiam ter colocado alguém melhor que a Holmes, né não? Eu gostei mais do Constantine. Gostei mesmo, aquele lance todo maquiavélico e cheio de bruxaria que envolvia o John... a HQ também é muito melhor que a do Batman, vamos considerar... talvez não tanto seus desenhos, mas a história é bem original, diferente do Batman, tadinho, que veio na leva dos alteregos todos... Acho também que vou gostar mais ainda do Sin City. O Batman é bom pra começo. O Nolan tem mesmo que continuar isso aí, pra gente dizer no 2 que ele superou expectativas. O cara dirigiu 2 filmes, que nem bombaram tanto assim, então, não vamos reclamar. Mediano. E nem adianta comparar com os outros Batmans, que foram ruins. Esse é o melhor, mas nem por isso nota 10.

terça-feira, junho 21, 2005

Sobre Sartre, sobre amor e sobre amizade. Nessa ordem?

Ontem Sartre, se estivesse vivo, completaria 100 anos. E eu, só para homenagear, estava lendo um livro sobre ele no ônibus. O mais engraçado é que o livro estava tãããão interessante que eu passei do ponto e tive que ir com o motorista até o fim da linha pra depois voltar, por que já estava longe da minha casa pra ir andando, e tarde demais para pegar outro ônibus no meio do caminho... Olha o parágrafo que eu tava lendo... sente só... " Os conceitos do marxismo"... e parará... enfim... o cara me dizia que eles eram válidos, mas que era preciso reinventá-los, em suma. Coisa que eu também concordo. Vai ver por isso passei do ponto. Aí ler Sartre me lembrou de um amigo que me disse que fica triste quando o lê. Eu não, eu fico animada. Vai entender... acho que Sartre me diz que a liberdade existe, mesmo que ele tendo descoberto que ela está presa (sic) à condição histórica, nós todos estamos, não é? E a náusea provoca agonia, mas provoca sensação de vida, de que estamos vivos, VIVOS! Falando de amigo... eu fui mesmo agraciada esse mês com a presença surpresa, surpresa presença de um tal amigo na minha vida. Alguém que se preocupa comigo, que pergunta se eu jantei, se eu estou feliz com meu trabalho, que decora os nomes das minhas crianças e me diz que eu sou bonita de óculos todo o tempo. Pena que ele vai embora... mas me marcou o fato de que, mesmo a gente não tendo vínculo nenhum, nenhum MESMO, ele se preocupa comigo pra vida inteira. Você sabe o que é isso? Se preocupar sem nenhuma intenção a não ser fazer a outra pessoa feliz. Foi ele que me disse que eu era uma Cenerentola. E me disse que era um Arcobaleno. Eu concordo com tudo que ele diz. Não, quase tudo. EM TEMPO: Tive que escutar coisas absurdas ontem ao telefone simplesmente por que a pessoinha lá do outro lado não se tocava que eu estava realmente chateada. O que se faz nessas horas? Quando você conhece alguém que não entende que machuca, que nunca descobre sozinha que fez algo de errado? Será que eu sou feita de manteiga mesmo? Pelo menos, depois de anos de seca, eu chorei de raiva. E tomei decisões que estavam sendo proteladas sem motivo aparente. Tomei decisões? Não, tomei coragem de assumir. E redescobrir que não preciso de mais nada e nem ninguém pra ser feliz. De novo e sempre.

segunda-feira, junho 20, 2005

Café.

SHORT CUTS: Nunca mais a frase "vou fazer um café" terá o mesmo sentido para mim.

sábado, junho 18, 2005

Crença e Fé.

Crença e Fé. Eu sempre acreditei em tudo que ele disse. Até daquela vez em que me disse que ia tomar formicida, só de brincadeira, depois de uma das nossas brigas. Acreditei tanto que, com a chave do apartamento dele em mãos, no horário de trabalho, vasculhei tudo para ver se havia algum indício de verdade naquela frase. Eu sempre acreditei, nas melhores mentiras, nas verdades mais fraquinhas. Lembro dele sempre pedindo para que os amigos não brincassem muito comigo, eu voltava pra casa perguntando o que era realmente verdade e o que era mentira, nunca sabia discernir e por muitas vezes havia chorado mortes que nunca aconteceram, celebrado casamentos que nunca nem começaram, feito planos de futuros sobrinhos de amigas inférteis, enfim. Chamavam-me de ingênua, quase burra de tão boba. Mas não era bem isso. Fui criada numa família muito religiosa, que me ensinou que as pessoas eram muito boas, só atentando para o contrário quando provas concretas me fossem apresentadas, o que, convenhamos, quase nunca ocorreu. Lembro-me de um caso ou outro em que duvidei da palavra de algumas pessoas, mas isso está num passado muito distante da minha vida e nem quero lembrar-me disso, pois mamãe já me alertou sobre as "exceções da regra", ou seja, esses casos só existem na verdade para que a regra de que todo mundo é realmente bom e verdadeiro prevaleça. E sempre foi assim, e sempre vai ser. Ele sabe disso, mas ri de mim. Às vezes se aproveita das minhas crenças para conseguir o que quer, pois eu mesma estava no mundo a serviço da verdade, ele assim comprovava. Não mentiria, não brincaria com coisas sérias, não saberia nunca discutir assuntos relevantes com aquele tom irônico que a maioria das pessoas coloca no fim das frases. Só que... Bem, só que... É quase impossível acreditar no que meus olhos viram essa semana. Ela é linda, a Sarah. Um espetáculo de mulher, aquelas de arrasar quarteirão. Trabalha com ele, mesmo elevador para subir e descer o prédio, mesma sala do café. Conversam o dia inteiro através do e-mail da firma. Eu sei, sim, eu sei, por que um dia lhe fiz uma surpresa aparecendo assim de repente numa tarde no escritório, e as mensagens não paravam de chegar à sua caixa, a tela minimizada, mas o barulhinho inconfundível das novas mensagens e a checagem antes de sair não me deixaram dúvidas. Por que eu fiz isso? Não deveria eu acreditar que ele estava realmente trabalhando no escritório? Não é isso que acontece lá? Mamãe sempre me alertou para o fato de que as dúvidas empanam o brilho da verdade. E esse era o problema de ter visto a Sarah, o mulherão. Minhas verdades já não eram as mesmas, e eu não poderia crer que ele conseguiria trabalhar ao lado dela. Eu estava quase me sentindo mal por duvidar. Sim, a dúvida é a raiz de todo o mal. E se ela foi criada por mim, eu estava sim impregnada de mal por todos os poros. Isso era ruim, fazia de mim uma pessoa como todas as outras: descrentes, injustas e infelizes. Mas o diabo é que eu não consegui mais dormir a noite inteira pensando nisso. Pensando nele. Mas nele com ela. Com Sarah. Que recebeu esse nome por causa do pai que adorava o Dylan. Isso ele me contou, assim, como quem fala de alguém muito próximo. De algum modo, eles eram sim, próximos. As mesas ficavam uns 1,5 m de distância. Mas eu acreditava nele, até quando dormia. Dessa vez... Bem, dessa vez era diferente. Meti na cabeça de não poderia acreditar em Sarah, e lembrei-me que mamãe havia perdido papai cedo demais para incluir essa exceção em suas regras. Mamãe não teve de se preocupar com Sarahs. Papai morreu com cirrose hepática e impotente aos 42 anos. Eles tinham 23 anos de casados e apenas dois que moravam numa cidade com mais de 10 casas, e, nessa época, ele já não era por assim dizer um cara empenhado em suas atividades de macho. Supus então que ela se conhecesse Sarah, no mesmo momento abriria uma brecha em suas colocações cristalinas sobre crença e fé. Contratei um detetive. Ele iria me dar detalhes após 72 horas de serviço intenso. Combinamos o valor e local de entrega das provas, ou, na melhor das hipóteses, da falta delas. Os três dias passaram lentos, com ele me vendo fumar cigarros que nunca havia fumado e indo dormir quase sempre depois do jornal da meia-noite, mesmo odiando a jornalista que me lembrava sua ex-namorada. No último dia, sonhei com mamãe. Ela me olhava com os olhos tristes, e me dizia baixinho: - Filha, mamãe nunca duvidou de ninguém. Nem de você. Enfim, o dia chegou. O detetive me ligou. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, gritei: - Não, não quero saber. De nada. Eu sei que você não tem prova nenhuma contra essa moça de bem. Sinto-me uma víbora só por imaginar que um dia eu... E desliguei. Na cara dele. Pra quê mudar meus conceitos? Afinal, passei 34 anos vivendo desse jeito, e era, por assim dizer, bem mais feliz que a maioria. Além disso, ele gostava de mim. Pelo menos, ontem, quando eu cheguei em casa, no horário do jornal, percebi que ele tinha instalado uma TV a cabo, pra não que eu não precisasse mais ver o jornal com a jornalista metida a ex-namorada.

quinta-feira, junho 16, 2005

Você é muitas pessoas dentro de você e de mim.

Para PEPU: Tomando banho e pensando... quantas pessoas passaram pela minha vida? Quantas chances eu tive? Quantas realmente me conheceram e quantas eu quis conhecer profundamente? A água caindo e eu ainda pensando... dessa vez não quis cantar como ontem. Eu quis entender como é possível que esse momento já tenha acontecido tantas vezes e ainda assim o tesão de continuar aqui, vivendo intensamente essa semana e a outra que virá estar tão presente, quase posso tocar. Como eu posso me surpreender tanto e sempre e de novo com as pessoas? E gostar tanto disso, de conhecer, de falar de mim, de sorrir, de mostrar um pouco, esconder... me relacionar é uma das coisas que amo fazer e uma das coisas que mais faço bem nessa vida, eu tou ficando velha e mesmo assim continuo parecendo uma boba diante de gestos como ganhar um bracelete de um feira lá da República, de entrar no metrô e alguém me esperar pra entrar junto, de cair o livro e alguém se debruçar automaticamente para pegá-lo. Isso ainda me faz querer continuar vivendo, a despeito de tudo que já passei e que ainda vou passar, sabe deus. Excitante. Essa é a palavra. Tesão, que não existe em outra língua, mas e quero ensinar pra quem não sabe. Será que você nota que eu vivo o tempo todo com tesão pela vida e por continuar vivendo? Quantas e quantas pessoas que eu conheço e que passaram por aqui, mas é você quem me faz sorrir essa semana. Pra quantas e quantas pessoas eu poderia ter dito isso, mas é pra você que eu dediquei esse post. Descobri que não estou preocupada com o que virá. Nem se seu sorriso vai me perseguir. A hora de sentir saudade é agora, pra amanhã eu ficar feliz quando te encontrar. Me deixa, que hoje eu tou de bobeira.

segunda-feira, junho 13, 2005

Livre, leve e solta.

Estou terminando uns textos, eu prometo. Estou feliz, gente, por favor, me deixem em paz, eu quero é me divertir. Meu bloco já está na rua, eu só preciso retocar a maquiagem, sair pra fora, ver a Lua e dançar. Escrevi uma coisa legal essa semana, pra uma pessoa mais legal ainda: "Tenho que começar a ver a felicidade como algo perene na minha vida, me acostumar com isso. Por que ser feliz não é chato, é simples". Você aí que leu, pode usar a frase, mas citando a fonte, por que o Parreira não fez isso e deu um rolo... não recomendo. Se você quiser florear, dar uma alongada e melhorar a coisa, tudo bem, mas nada muito brega do tipo: "E é simples como amar você, babe". Ah, não!

domingo, junho 12, 2005

Autogrill

La ragazza dietro al banco mescolava birra chiara e Seven-up, e il sorriso da fossette e denti era da pubblicità, come i visi alle pareti di quel piccolo autogrill, mentre i sogni miei segreti li rombavano via i TIR... Bella, d' una sua bellezza acerba, bionda senza avernel' aria, quasi triste, come i fiori e l' erba di scarpata ferroviaria, il silenzio era scalfito solo dalle mie chimere che tracciavo con un dito dentro ai cerchi delbicchiere... Basso il sole all' orizzonte colorava la vetrina e stampava lampi e impronte sulla pompa da benzina, lei specchiò alla soda-fountain quel suo viso da bambina ed io.... sentivo un' infelicità vicina... Vergognandomi, ma solo un poco appena, misi un disconel juke-box per sentirmi quasi in una scena di un film vecchio della Fox, ma per non gettarle in faccia qualche inutile cliché picchiettavo un indù in latta di una scatola di té... Ma nel gioco avrei dovuto dirle: "Senti, senti io ti vorrei parlare...", poi prendendo la sua mano sopra al banco: "Non so come cominciare: non la vedi, non la tocchi oggi la malinconia? Non lasciamo che trabocchi: vieni, andiamo, andiamo via." Terminò in un cigolio il mio disco d' atmosfera, si sentì uno sgocciolio in quell' aria al neon e pesa, sovrastò l' acciottolio quella mia frase sospesa, "ed io... ", ma poi arrivò una coppia di sorpresa... E in un attimo, ma come accade spesso, cambiò il voltod' ogni cosa, cancellarono di colpo ogni riflesso le tendine in nylon rosa, mi chiamò la strada bianca, "Quant'è?" chiesi, e la pagai, le lasciai un nickel di mancia, presi il resto e me neandai... Ai, ai, ai...

quinta-feira, junho 09, 2005

No ar.

Seja o que for, tem cheiro de tristeza, desprezo e um quê de fim. No ar. Não sei o que é, mas eu sinto. É como se soubesse. Quando acontecer de falar, vai ser só pra confirmar. Pra quê diabos sexto sentido? Pra quê diabos perceber tudo antes do final, do começo e no meio? Não quero me precaver, não quero me reguardar, não quero me defender. Quero estar na chuva, me molhar. Eu quero ser feliz, só isso, é pedir muito? Né não, por que eu sou uma menina legal, eu sei, eu sou, eu olho no espelho quando imito Ella e dou um risinho de lado por que eu sei disso, mas me faço que não, sou fazida às vezes. Mas vai, deposita na minha conta um cadinho de felicidade. É só por um segundo, mas parece todo o tempo do mundo, e ninguém mais percebe, só você. Só você. E o que você faz com isso? Guarda, grita? Desdenha, minora? Eu sei lá. Nunca senti, então não sei o que fazer. Por isso escrevo, vivo, amo, sorrio, choro, eu verbos, eu preencho, e eu sono também.

quarta-feira, junho 08, 2005

Isso pra mim é perfume!

Minha vida tem cheiro. Não de perfume, produto feito em grande escala e nada original, mesmo os mais caros do mundo, mas tem cheiro natural mesmo, tem o meu cheiro e o cheiro das pessoas que por ela passam, que por ela ficam, que nela brilham, que com ela dançam. Minha memória tem os sentidos todos, ela cheira, apalpa, sente, toca, ouve, degusta. E o cheiro faz parte desse universo de sensações que eu não quero que morra, que me fazem sempre mais viva que a maioria dos mortais. Cheiro e som, perfeito. Me lembram coisas que não quero esquecer, que não quero que passem nunca, que quero contar para as pessoas que me conhecem, que me fazem parar no meio da rua e sorrir abobalhada para algum ponto no infinito. Também dizem sobre mim, de onde venho, o que gosto e o que sei sobre a vida. Mais: diz também sobre o que quero saber e sobre meus mistérios. É importante pra mim saber que cheiro tem o homem que eu amo, e se ele sabe que cheiro tem o meu amor por ele. Dizem os estudos que os cheiros de homem e mulher atraem, que a gente sente e fica atraído, que tem sexo nisso tudo. Tem tesão, palavra que como nos lembra Roberto Freire, só existe aqui no Brasil, assim como saudade. E tem aquele cheiro característico de mulher em período fértil, que me parece, só as mulheres sentem conscientemente. Sim, claro, os homens sentem sim, mas não sabem disso, não entendem de onde vem aquele sabor que sempre o impele a querer mais da mulher amada, em determinados dias do mês. Funciona como um chamariz sexual, um appeal a mais na condimentada (ou frustrada) relação a dois. Eu, euzinha, acredito que todo mundo que está ao meu redor sabe que exalo sexo por todos os poros durante alguns dias do mês, por mais que hajam como se aquele fosse mais um dia de trabalho, mais um dia como outro qualquer. Tá na pele, no cabelo, no hálito que saem junto com meu "bom dia". É tão ulululante o óbvio olor que imagino os pensamentos mil fervilhando na cabeça daqueles que só tiveram 10 ou 20 minutos do dia ao meu lado; coisas do tipo "Uau, que garota sexy!", e outras tolices. Acabei de passar por mais uns dias como esses. Mas dessa vez acho que descobri que esse é o nosso grande ás, para aqueles dias de marasmo e chateação total. Sim, por que sentir-se sexy e desejável faz você render muito bem, em tudo aquilo que você toca. Em pleno século 21, nada melhor que reiventar a história do Midas.

domingo, junho 05, 2005

Short Cuts

Mulheres nasceram para sofrer; não é de espantar que elas vivam pedindo declarações de amor. Cartas na Rua, 1983. Buk, o velho de sempre.

sábado, junho 04, 2005

My Lyfe SetList - Isso é música, babe.

Dia desses lá no trabalho, numa dessas dinâmicas de grupo, a gente tinha que responder perguntas pessoais, e aí caiu uma muito legal pra uma colega minha, que era: "Que música marcou a sua vida?" E ela disse que gostava bastante de música, mas que não se ligava nisso de "uma que marcou". Aí eu disparei: "Mas como é que pode, menina? Se tivesse caído essa pergunta pra mim, eu..." Ela: "Pára, você já respondeu a sua, tem mais gente e pouco tempo, não dá". Pois então eu escrevo aqui. :-P Se tivesse caído pra mim a tal questão eu começaria falando assim: Tenho várias músicas especiais! Para cada momento especial, para todos os meus momentos! Tem sempre uma música na cabeça ou nas caixinhas. E aqui eu vou falar umas que eu lembro muito, muito, muito: - Doo Woop, Lauryn Hill, The Miseducation Of Lauryn Hill - Essa música sacodia a república em que morei um tempo no interior da BA. Eu tenho amigas até hoje que são dessa época, e elas sabem bem disso, eu ganhei o cd' de uma professora nossa e acabou virando um hino, depois desse cd' ninguém mais achou bizarro me ver dançando que nem louca na sala. Tanto é que na formatura de uma das minhas amigas, fim de festa, e a gente pediu pro cara tocar essa, só a gente na pista... - I Gotta Find Piece Of Mind, Lauryn Hill, Unpluggead - Na verdae, o cd' que me marcou inteirinho, eu me lembro de estar fazendo as malas pra partir (de novo) para outros lugares, deixa a minha casa, minha mãe, minhas coisas... - SomeDay, The Strokes, Last Night- Eu estava num carro, voltando da praia, e aí colocaram Strokes para tocar. Na hora que essa música começou, eu estava justamente pensando em como era bom estar ali, só ali e eu era a pessoa mais feliz do mundo. Eu não queria mais nada, nada, o amigo que guiava cantarolava uns versinhos e eu era feliz. - Errare Humanum Est, Jorge Ben, Tábua da Esmeralda - Uma certa pessoa que eu amo por ser quem é, por ser linda mesmo sem querer ser, enquanto a música rolava, dizia em voz alta: "Que música... ele foi feliz escrevendo isso... a melhor coisa que ele já fez... 10... 9... 8..." E eu lembro dela assim, cantando isso pra todo mundo que estava presente ouvir, se igualando à Jorge, por que sendo uma das melhores pessoas que eu conheço, ela estava só sendo ela mesmo, sem nenhum esforço. - Security, Joss Stone, Body, Mind & Soul - Ela encheu o quarto com o som do refrão. - Waiting On An Angel, Ben Harper, Live From Mars - Ouvi uma vez e chorei. Depois disso, é difícil não ficar meio assim-assim quando ouço ele me sussurrar: "Angel..." Claro que tem muitas outras. Claro que eu não vou ficar falando de todas elas aqui. Mas é que música é sim uma coisa que me fascina e me entorpece, todos os dias. E sabe qual a pergunta que eu tirei na tal dinâmica? "O que a faz feliz?" Sabe o que eu respondi? Não, né? Eu disse que o que me faz feliz é fazer o que amo, o que gosto e amar. Seja o que ou quem for, amar. Ainda acredito nisso. E acreditar que todos os dias podem se tornarem melhores, isso também me deixava muito feliz. Acreditar que era possível, que haviam esperanças, isso me fazia muito feliz. Eu sei que é bobo, mas quem disse que eu não sou boba?

sexta-feira, junho 03, 2005

Andanças.

Eu sinceramente não vou escrever aqui sobre a minha viagem. Não é pessoal, é intenso demais para ficar ocupando-me em querer descrever as coisas. Se tu passasse sei lá, vai, 360 horas da tua vida com alguém sem se desgrudar pra nada e ainda assim ficar com saudade quando pega o avião tu ia entender o que eu tou falando. E não se engane, pode ser tua mãe, tuas melhores amigas. Pode ser qualquer pessoa, aquela que você quiser que seja. Mas se tiver vontade de continuar perto, de sentir o peso da mão dela na tua quando estiveres passeando pela cidade, tu vai entender que eu não ia nunca conseguir explicar o que é que sinto agora. Faz algum tempo que eu voltei. Então agora não tem muito sentido ficar suspirando. Tenho outros desejos agora, nesse exato momento. Já li muita coisa depois que cheguei. Normalmente gosto muito do que leio, mas posso dizer que odiei ler um livro chamado De Abismos e Vertigens. Primeiro por que na verdade eu ganhei o livro e segundo por que a pessoa lembrou de mim, por que a tal escritora Carol Teixeira disse "ter compulsão por escrever", e eu já disse isso numa das minhas cartas esse meu amigo. Só passei o olho, pra não me sentir culpada de deixar pela metade e querer ler tudo por obrigação, como sempre faço. É insuportável, a menina constata o óbvio na maioria das páginas, além de o tempo todo estar citando outras pessoas pra usar como mote de uma escrita que dura menos que uma folha frente e verso. O que me sobra dela? Inconsistência demais. O que não significa que ela seja de todo ruim. Tem uns estalidos. Ela tenta, forçadamente, parecer gostosa e inteligente. Não que isso seja impossível, ela pode mesmo ser isso, mas MEU DEUS, não desse jeito, não nessa vida. Foi muito melhor ler Adorno por esses dias. Até por que tive uma conversa pra lá de acalorada com alguém que amo, e me surpreendi o quanto eu saí gostando mais dele ainda depois disso.Tão bom quanto sexo, eu sempre disse. Pra muitos não, mas me mantém viva, assim como sexo. Gosto especialmente dele por que acredito que ele não era assim tão pessimista quanto parece pra muita gente. Para mim, é um dos poucos filósofos contemporâneos que escrevia tudo aquilo para dizer "olhem, é realmente catástrófico, mas esperem, ainda há uma maneira, eu sinto que há uma"; não estou dizendo que ele escreveu isso, mas sim que eu sinto isso. Transcrevo então alguém que também gosta de Adorno e o acha tão moderno quanto eu, a Olgária Matos: "Norbert Elias diz que as sociedades podem passar pelas maiores transformações, mas uma coisa que permanece é o encontro da família à mesa quando acontecem as conversas (e aqui vale qualquer família, mesmo pra quem mora em república e afins). É o momento no qual as idéias circulam, as experiências se comunicam. Ora, isso não existe mais. O advento do mundo da insignificância, o desengajamento e a ausência de responsabilidade são questões do próprio capitalismo, na sua forma contemporânea de acumulação, por que ele era necessariamente uma escassez artificial. Esse mundo insone, 24 horas por dia, fica circulando e faz com que nós nos submetamos a um tempo patológico. Quanto mais tecnologia se produz, menos tempo temos. Então, esse sentimento da perda do controle do tempo e das nossas vidas é uma questão mais ampla". Isso fode, não é? Fode! Então agora eu estou lendo a biografia do Dylan por Sounes, e eu já conheço a escrita desse cara, ele tenta ser fiel e cheio de detalhes que para quem ama a pessoa que ele descreve é muito importante. Levando em conta que "biografar" é um dos recursos da pesquisa etnográfica, diria que Sounes é um ótimo garimpador de descrições densas individuais.