Você que me lê, me ajuda a nascer.

segunda-feira, janeiro 29, 2018

Peitinho.

deixa eu ver seu peitinho, vai, tira a mãozinha daí


Ele falava doce, mas firmemente. Ele pedia, mas era um pedido com alguma ordem, acontecia sempre que se falavam à noite, depois da uma da manhã tudo era possível, a mãe dela já não entrava no quarto sem pedir licença e ela sempre tinha voltado do banho quase nua. Ele falava doce, mas às vezes parecia que a paciência estava quase a esgotar, já estavam ali a mais de meia hora e ela, mais velha do que ele, cheia de vergonhas (ou pelo menos fingindo ter ainda alguma, só pra ter algum charme na vida), dizia aquele não que é um sim, mostrando parte do seio e falando não, tocando a auréola por cima da canga que ela deixava sempre escorregar mais um pouco enquanto ele pedia


ajusta a câmera, meu celular não funciona direito, lembra?


E ela respirava fundo, adorava que ele não desistia e pedia de novo, mas sentia uma ponta de vergonha não em se mostrar no vídeo, não era tanto isso, mas uma vergonha boba de não conseguir chamar sua atenção quando o encontrasse pessoalmente tanto quanto pela câmera, ele ali com ela a pedir, a quase implorar com aquela vozinha que parecia ter sede, se ela fosse água que ele precisaria pra beber naquela madrugada, ele queria ela gota-a-gota, ela era a gota d'água.


Ela não sabia muito dele, se soubesse entenderia que aquele peitinho não era só um peitinho, era uma visão para acalmar seu desejo de encontrar com ela num tempo em que ele não poderia e nem ela, era uma imagem pra guardar quando fosse dormir, compondo um cenário de desejo e carinho, era sacanagem mas era carinho também, como explicar, ele achava que gastar horas com ela já dizia muita coisa, ele não sabia que enquanto ele se alimentava de imagens ela precisava de palavras, ela gostava de quando ele dizia, escrevia

deliciosa
gostosa
amore


Era isso que sustentava a vontade dela querer vê-lo de novo pela câmera esperando o dia do amor adormecido, da excitação misturada com os sorrisos todos que se davam enquanto conversavam. Ele, imagem, ela palavra. Era bonito, parecia completo, como uma exposição de arte, tinha luz e som, a arte de viver junto continuava difícil de se conseguir por aí assim, então tentavam com o que tinham, tentavam também com o que não tinham tido ainda, tentavam porque não queriam desistir cedo, ainda eram jovens demais para não insistir na vida e nas sensações que só certos sentimentos provocam.


Ela cobriu-se, ele pediu mais. Ela disse não, enfática, mas ainda sentia prazer no pedido dele, nos lábios dele se movendo devagar na conexão lenta, ela via só uma penumbra, mas sabia que ele estava ali, sua cor e sua forma quase estáticas no vídeo esperando que ela mostrasse mais. Ele fazia perguntas sobre sexo, ela respondia, mesmo achando que sexo é coisa para ser feita antes de ser falada, mas todo mundo se doa um pouco nessa vida, ele doava tempo, sorrisos e elogios, ela doava peitinhos e confissões do sexo que já havia feito e de todos aqueles que ela ainda não havia feito, porque esperava sentir alguma coisa com quatro letras para seguir em frente. 


Desligou, desligaram. Nunca sabiam o que acontecia. Passava sempre das duas da manhã, ela se perguntava como ele conseguia acordar cedo no outro dia, diabo de homem que gosta de safadeza igual a esse eu nunca vi, vai ver é insone e gasta o tempo vendo peitinhos todas as noites. Esse era um pensamento que encontrava dentro da sua cabeça às vezes, mas não era o que assolava; afinal, só havia um peitinho como o dela, e só havia um pedido como o dele, não precisava de mais nada, não importava quantos peitinhos ele tinha visto na vida, importava que agora era ela, o tempo dele era dela, noite adentro. E quantas vezes foi feliz por imaginar que ontem, a essa mesma hora, ele tinha os olhos fixos nela, era com ela que ele falava e para ela que ele sorria e pedia mais peitinhos.


Se tinha uma coisa que estava aprendendo com ele é que pode haver lampejos de amor no desejo. Virou para o outro lado, adormeceu de vez. Foi feliz.



domingo, janeiro 28, 2018

Love, Toni Morisson.

Ganhei de presente de uma pessoa que realmente amo esse livro. Love, uma edição em português, mais Morisson na minha vida.


É a história de várias histórias, como as histórias de Morisson. É Christine, mas também é Heed e May, Junior e Romen. São todas as nossas histórias juntas, mas, se posso falar de uma história central, é a história de uma amizade entre duas meninas que foi ceifada quando o avô de uma delas decide casar com a amiga de apenas onze anos. Meio atônitas na vida, elas tentam continuar vivendo mesmo depois que o Bom Homem morre e leva com ele um monte de segurança da vida e daquilo que construiu.

Eu já aprendi Morisson e sigo lendo sem voltar tantas páginas. Mas, sim, ainda preciso fazer isso e às vezes, dói. Porque, nessas voltas, descubro que não li direito ou não entendi uma virgula ali no meio. Choro, me incomodo, principalmente quando me sinto meio perdida, como agora. 

Não é de nem de longe o melhor livro de li de Toni Morisson. Mas, ainda assim, necessário. Doloroso? Sim, mas também leve e lindo. Não sei como ela faz isso. Como Voltar para casa, o livro antes desse dela que li, dá aquela sensação, depois de terminar de ler, que é preciso mais tempo para entender, para aprender, para capturar sensações, para descobrir o que ela quis dizer. Quando estou lendo, não entendo tudo e não sei porque sigo lendo. Quando fecho o livro, passo alguns minutos como se ruminando o que aprendi e sentindo coisas que só livros nos fazem sentir. 

sexta-feira, janeiro 26, 2018

O silêncio do céu.


Brasil 24/7.

É assim. Eu acho que todo mundo que tem vergonha na cara tem de tomar algum partido atualmente. Quer dizer, sempre. Sempre.

Uma amiga lançou uma pergunta num grupo de amigos: vocês saem com quem vota em Bolsonaro? Fui umas das primeiras a responder dizendo que não saía com reaça. Acontece que nos últimos dias conheci alguns desses. Não foi difícil dizer não, mas espantei-me com a ideia de estar com alguém que acredita que esta é a melhor opção para o Brasil. Me dá repugnância só de pensar.

Conversando com outra pessoa ontem, lembrei de visitar o site do Brasil 24/7 e vi que estão com uma campanha para apoiarem a mídia independente. Acho que é o mínimo que eu devo fazer agora, como brasileira que sou. 15 reais por mês, no mínimo. Acho que todo mundo que conseguiu manter um emprego decente nestes tempos sombrios pode fazer isso sem maiores problemas. A gente tem seguro de vida, seguro de casa, clube de comprar milhas de voo, não vejo porque não apoiar a expressão de outras ideias que não a das mídias escrotas convencionais. 

E não estou deixando de cogitar a possibilidade de me filiar ao PT. Só de sacanagem, mesmo.


Tente outra vez.

Voltando para casa na topic um motorista de ônibus de pele bem escura ouvia um som. Depois de passar a catraca - e me deparar com duas crianças brincando na cadeira em frente à minha - ouvi que a música era Tente outra vez, de Raul Seixas. Nada mais oportuno.

Tente, levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça aguenta, se você parar
Não, não, não, não, não, não
Há uma voz que dança, há uma voz que canta, há uma voz que gira
Bailando no ar

Sorri sozinha, sorri feliz. Sempre estou tentando outra vez, porque não desistir faz parte de estar viva. Faz parte de continuar viva. Nunca achei Raul tão providencial. 

quinta-feira, janeiro 25, 2018

Eu sou louca pirada no cabelo dela


Próxima trança da vida ever.

quarta-feira, janeiro 24, 2018

Lula.

Lula
Lula
Lula
Lula
Lula
Lula
Lula
Lula

Porque eu não me importo nem um pouco em não concordar alguma maioria.

terça-feira, janeiro 23, 2018

“Bons Tempos”, ou Bons Adultos?


Recebi esse texto de um amigo especial, José Roberto Barbosa. Achei bonito demais à época e pedi permissão para publicar aqui. Não editei nada, escrevo como ele me mandou. A vida nos separou e nos juntou, que bom. A vida é assim, eu prefiro que ela seja essa gangorra e tenha emoção e sentido do que uma coisa apática e morna. Eu o amo e nunca mais vou deixar de dizer isso.

“Bons Tempos”, ou Bons Adultos?

Diferente de muitas das pessoas da minha faixa de idade, ou mais velhas, eu nunca me deixei enganar. Sei que minha infância foi feliz não porque aqueles eram “tempos melhores”, mas sim porque eu tive a sorte de conviver com bons adultos que cuidaram de mim nesse período de grande vulnerabilidade que é a infância.
Pensando nas preocupações que tenho para com as minhas sobrinhas e outras crianças e adolescentes, que pertencem ao meu circulo familiar e de amizade, eu penso nas preocupações que meus pais e outros adultos que gostavam de mim tinham para comigo.
Eu tive sorte, pois enquanto eu crescia havia muitas crianças pela minha cidade, pelo Brasil e pelo mundo sendo molestadas sexualmente, espancadas, assassinadas, ou sofrendo (e frequentemente morrendo) pela ausência de alguém para cuidar delas. Enquanto eu crescia, nos postos de saúde ainda colocavam posteres contando os anos sem novos registros de paralisia infantil. Enquanto eu crescia e só tinha de ir para escola, havia crianças trabalhando em pedreiras, carvoarias, dormindo na rua, ou sendo vendidas para a prostituição.
Sim, as pessoas bebiam e dirigiam sem implicações legais. Sim, nós andávamos de carro sem cinto de segurança. Sim, às vezes nós que eramos crianças, íamos no porta – malas. E sim nós sobrevivemos. Só que teve muita gente que não sobreviveu, dezenas de milhares. Se não me engano, no inicio dos anos 1990, teve até uma propaganda sobre ter morrido mais gente no transito brasileiro do que norte - americanos na Guerra do Vietnã. De fato, todos os dias crianças e adultos morriam em acidentes, porque os adultos que dirigiam estavam alcoolizados. Todos os dias crianças e adultos morriam em acidentes, quando podiam ter sobrevivido se estivessem usando cinto de segurança. E quando um carro batia na traseira de outro, o que acontecia com as crianças que estavam no porta – malas? Como crianças que viajaram no porta – malas nós sobrevivemos, não por mérito próprio, por, supostamente, sermos uma geração mais forte (como nossos pais e avós também gostavam de dizer deles mesmos) e nem pela habilidade de quem dirigia, mas simplesmente porque tivemos a sorte de ninguém alcoolizado, desatento, ou com freios ruins bater na traseira dos carros em que estávamos. 
Eu também sinto nostalgia, às vezes muita. Mas o sentimento de nostalgia nunca me enganou. Os chamados anos 50, 60, 70, 80 e 90 não foram exatamente idílicos, como frequentemente afirmam aqueles que passaram por eles como jovens (ao menos aqueles cuja infância e adolescência foram relativamente seguras).
Repare que quem louva tanto os chamados “Anos 80” são aqueles que passaram por eles como crianças e/ou adolescentes. Aqueles que passaram pelos 80 já como adultos cheios de responsabilidade e preocupações não exaltam tanto essa década. Muitos até a chamaram de “Década Perdida”.
Penso que nem tanto para um lado e nem tanto para o outro. Mas a verdade é que os “Anos 80” idílicos só passaram a existir nos anos 2000.
No período de anos entre 1979 e 1990 houve sim (e propositalmente) muitas formas de entretenimento para crianças: Doces; Séries; Filmes; Brinquedos; Programas, com desenhos animados e brincadeiras; Grupos musicais infantis. Mas na mesma época: Houve crise econômica; Havia uma real ameaça de guerra nuclear; O HIV matava gente as pencas, porque não se sabia direito como se pegava; Havia o medo dos militares não saírem do poder; Havia a miséria acentuada pela seca no nordeste; Nos rincões do Brasil, latifundiários matavam (e ainda matam) serigueiros, indígenas, quilombolas e pequenos proprietários; houve o surgimento do crack e as drogas se tornaram uma epidemia.
Na década de 1980 do mundo real, não se falava em pedofilia como nas décadas seguintes, mas ela existia, e muito. E os casos eram, muitas vezes, abafados. E não apenas as crianças corriam riscos de serem sexualmente molestadas, pois as adolescentes não estavam totalmente seguras. Hoje, por exemplo, sabemos que cantoras e/ou apresentadoras adolescentes eram constantemente assediadas por marmanjos do mundo do entretenimento. E não eram só elas. Porque na época, no melhor estilo Roma Antiga, homens de 30 ou mais dando em cima de meninas de 14 era comum. Não que nas baladas, nos carnavais, bailes funk e festas universitárias de hoje não tenha muito disso. Mas hoje isso não é mais socialmente aceito, enquanto que na época você via homens feitos de 28, 29 anos indo de carro paquerar meninas que ainda cursavam a 7ª ou 8ª série e ai “tudo bem”. Os pais e mães que tentavam impedir esses assédios eram vistos pelo estereótipo de “pai ciumento” e/ou “mãe ciumenta” que não enxerga que sua filhinha já é uma “mocinha”.
E a década de 1990, também teve seus muitos problemas, embora, me parece, foram anos menos ingênuos do que os 1980. Menos ingênuos, ou, talvez, mais pragmáticos. Parece - me que, naquela década, “viver o sonho” não era um tema tão forte quanto nas décadas anteriores. Havia, acho eu, uma desilusão com o mundo.
Não estou querendo dizer que aquelas épocas eram melhores, ou piores, que a atual, mas definitivamente, no Brasil dos anos 1990 e nos períodos anteriores, faculdade era coisa para filhos e filhas das elites econômicas e camadas médias. Eu me lembro que, em 2001, quando eu terminei o ensino médio meu pai ficou todo sorridente. Nem ele, nem seu pai e avô puderam ir alem da 4ª série. E o bisavó dele, filho de “Ventre Livre”, nem sequer pode ir à escola, quanto mais o pai deste que chegou a viver na condição escravo.
Mas essa questão de décadas é apenas uma convenção. Afinal na virada de 31 de Dezembro de 1989 para 01 de Janeiro de 1990 o mundo e as pessoas, seres e coisas dele não me pareceram nada diferentes. O mesmo eu posso dizer da virada de 31 de Dezembro de 1999 para 01 de Janeiro de 2000. São apenas números de uma contagem. Nós é que atribuímos valores aos números dessa contagem.
Na minha vida, o que eu tive é sorte de ter pais que não foram ausentes, nem violentos (não além de algumas ocasionais chineladas), nem molestadores. Pais que garantiram que em um mundo de crianças literalmente morrendo de fome eu nunca tenha dormido de barriga vazia, mesmo nos momentos financeiramente mais difíceis. Pais que faziam um grande esforço por mim na época que eu tinha minhas dores de ouvido. Pais que me mandavam vir mais para o raso quando eu me empolgava na praia. Pais que mesmo não sendo milionários me deram uma infância rica, onde eu não tive tudo o que queria, mas muito do que precisava como pessoa em formação. Eu não tive todos aqueles brinquedos caros que via nas propagandas, mas tive a liberdade para brincar na rua e mesmo fabricar alguns brinquedos.
Eu tenho a sorte de ter um bom irmão mais velho, uma boa irmã mais nova, bons primos e primas e bons tios e tias. Minha mãe, meu pai, minhas tias e tios, tiveram infâncias mais difíceis, como os pais, avós e ancestrais antes deles. Mas usaram suas experiencias de vidas para nos dar boas orientações. Eles nos legaram um senso de unidade familiar muito forte, que ainda se mantem e tentamos passar paras novas gerações da família. Por meio de minha família tive acesso a uma grande riqueza cultural. 
Enquanto muita gente cresceu e cresce em bairros violentos, eu tive a sorte de crescer em um local de bairros relativamente seguros. Nós pudemos brincar na nossa rua, na rua de cima, na rua de baixo, em outras ruas próximas e também, vivermos aventuras no “Bambuzal” e no “Verdinho”. Havia festas de rua, como as festas juninas, organizadas pelo pessoal da rua, festas de aniversários nas casas e tudo mais.
Nas férias brincávamos até mais tarde. O único toque de recolher que eu tive na minha rua era o da minha mãe na hora do almoço e do meu pai que a noite assobiava no portão nos chamando. Não havia medo de balas perdidas. Brincávamos de “tiroteio”, mas nunca vimos um tiroteio real, como algumas pessoas que eu conheço. Para nós isso eram coisas que ocorriam em outros locais. Mas nós não eramos tão inocentes, pois os pais, as escolas, os jornais e as musicas de RAP não escondiam de nós que lá fora havia um mundo muito do violento e impiedoso e que não iria nos poupar só porque ainda não eramos adultos. 
Tive professores e professores, mas, felizmente, não tive nenhum daqueles professores, que diziam por ai, que eram perseguidores. Aqueles que, que se dizia que, “ferravam alunos, pelo prazer de ferrar”. Bons ou maus (em minhas ingenuas interpretações juvenis) todos realmente queriam que eu aprendesse alguma coisa.
Realmente, embora eu não pensasse assim na época, para mim, aqueles foram “bons tempos”. Mas não foram “bons tempos” por que na época “o mundo era melhor”, mas sim porque os adultos que viviam naquele lugar fizeram dele um “bom lugar”. O suficiente para que seus filhos, hoje já adultos, se lembrem do lugar de sua infância, como “um bom lugar e uma época boa”.
Comecei a escrever este texto apenas para expressar o que eu estava sentindo enquanto ouvia umas musicas. E agora não sei direito como terminar.
Bem, o que eu queria dizer é que... A nostalgia pode ser tanto benéfica, quanto nociva. É benéfica, quando ela nos traz boas lembranças que nos fazem sorrir e nos dão força. Mas se torna nociva quando nos arrasta para a depressão, por acreditarmos que vivemos numa época decadente em relação aquela época em que “tudo era melhor”. Mas acreditamos assim porque deixamos nossas paixões tomarem conta de nossos raciocínios e então nós idealizamos esses períodos de nossas vidas.
Nunca houve realmente uma época idílica. Problemas sempre houveram para todo mundo. Quando nos lembramos das coisas boas de uma determina época de nossa vida, tendemos nos esquecer que existiram também coisas ruins. E da mesma forma, quando nos lembramos das coisas ruins, nós tendemos nos esquecer que existiam também coisas boas. Por isso é sempre bom o exercício de pensar nos prós e contras. Tanto para os momentos de nossa vida, quanto para os momentos históricos. Isso nos impede de nos iludirmos. Hitler fez o que fez porque queria trazer de volta uma época, um mundo que nunca existiu fora da cabeça dos pangermanistas.
Claro que existem épocas e lugares em que as coisas ocorrem de forma mais favoráveis (embora nunca de forma perfeita) para uma ou mais pessoas e épocas e lugares em que as coisas ocorrem de forma mais desfavoráveis para uma ou mais pessoas. Mas isso é algo que tende variar de individuo para individuo. Quero dizer, o sujeito que outro dia falou sobre a época do Brasil colonial como “áureos tempos do Brasil colonial”, certamente estava falando apenas do ponto de vista dos abastados. Porque para quem era negro, indígena, ou qualquer pessoa sem posses, o Brasil colonial não teve nada de “áureos tempos”.
Por isso não me deixo iludir pelo sentimento de nostalgia. A minha infância e adolescência tiveram coisas boas, mas também coisas ruins. Eu, como todo mundo, passei por dores e tristezas. O racismo, por exemplo, foi e é augo terrivel e se não fosse minha família, particularmente o lado materno, eu seria um negro sem auto - estima. Infelizmente, minhas sobrinhas também estão tendo que lidar com o racismo na escola. Mas na avaliação, na soma entre minhas experiencias positivas, negativas e neutras, o resultado é a felicidade.
Eu não me deixo levar pela ideia de que “naquele tempo as coisas eram melhores” porque eu me lembro que não ocorreu tudo “as mil maravilhas” para mim e nem para ninguém. E porque eu sei que enquanto eu tive uma infância, moderadamente boa, muita gente passou por uma infância terrível.
Fui muito sortudo, acho eu.

José Roberto Barbosa (Contato: mubrotas@gmail.com)

Música.

O lado bom da tristeza é saber que existe a alegria

Essa é uma parte da música do Malê Debalê que ouvi no domingo. Fui jurada do concurso Malezinho 2018, para escolher as crianças - menino e menina - que vão reinar esse ano no bloco. Foi lindo. Uma das coisas mais lindas que a tese pôde me propiciar nesta vida.

Nunca, mas nunca mesmo, vou poder esquecer deste dia. E esse refrão fica martelando na minha cabeça, otimismo mode on, a vida vai dar certo, a vida é boa demais. O lado bom da morte é saber que a gente teve vida. O lado bom de tudo que é muito ruim é saber que não existe só aquilo na vida.

Corra!


domingo, janeiro 21, 2018

Livros (ou sobre como o Whatsapp pode ser tóxico).

Comprei livros novos e estou louca. Louca andando pela casa com livros nas mãos, contando a hora de começar a lê-los. Já sei qual será o primeiro e o último. Preciso terminar o que estou lendo - Toni Morisson sempre me pede calma e exclusividade quando a estou lendo - para começar O caminho de casa. 

Enquanto isso, admiro suas capas, leio orelhas e ponho meu nome e ano em todos eles. 

Como é bom desinstalar app de conversa, você passa um dia longe dele e vê como a vida rende. 

Eu acho o whattsapp bastante tóxico. É isso, é isso mesmo. A configuração dele te faz pensar que você pode controlar o tempo e as pessoas, com aquele "digitando..." e "gravando áudio...", além do online ali estampado na nossa cara. Acho que deveriam ter mais opções para você escolher não acompanhar a vida das pessoas. Mas, não. Criaram o recurso do status e as pessoas esbanjam alfinetadas para aquelas que estão em suas listas, fotos instantâneas da vida que elas querem estampar, eu não tenho condições nenhuma para isso. 

Nenhuma. 

Acho tóxico. É tóxico conversar com dez pessoas e em cada janela uma conversa diferente: numa, euforia com uma amiga que passou no doutorado; noutra, tristeza por causa de um cachorro que morreu e, em outra, briga ou love com um contatinho. Não tenho saúde (nem saudade). 

Adoro SMS. Não são imperativos. Eu escrevo, escrevo e não me preocupo se a pessoa está ali ou não. Ela lê no tempo dela, responde no tempo dela. Não tenho a pretensão de controlar se ela leu ou não. E tudo bem, acho a interface menos agressiva e estimula mais a minha imaginação. 

Paz.

É só um beijo. Para acalmar. Para ficar bem e em paz.

É só um carinho, sem dor. Para encontrar um lugar onde ficar, para pousar.

É só uma palavra, uma mensagem. Para conseguir alcançar um lugar, no coração, na foto que fica dentro da carteira. 

É só uma noite, mas com amor. E paz. Sem sofrimento, nem promessas. Sem esperas, só esperanças de que não haja mentiras. 

E é só.

sábado, janeiro 20, 2018

Alicia Keys - Live in Concert 2017.


Machado.

É o machado de Xangô que me ajuda a cortar a dor pela raiz.
Eu peço emprestado os instrumentos de orixá e aí pronto, resolve tudo.

Eles e elas vem em minha ajuda e eu sou mais feliz.
Sofrer pra que, eu não preciso disso, minha gente. 

Não precisem vocês também. 

quinta-feira, janeiro 18, 2018

quarta-feira, janeiro 17, 2018

Ser mãe.


Paixão vira amor?

Tem gente que acredita nisso. Eu não. 

Eu não acho que na paixão não tem amor e no amor não tem paixão. Eu acho que tudo está misturado e é gostoso. Você não sabe quando é amor, quando no começo ele te escreve uma coisa boba como 

linda 

e seu coração fica mole e a respiração devagar. Como é que não tem amor, como é que é só paixão? Não existe só paixão, não existe só amor. Ah, e tem gentes que acha que o amor pode conter a paixão, mas a paixão não tem amor... tudo bobagem. O amor cabe em qualquer lugar, basta ser convidado. Ele é delicado, ele faz carinho, ele roça meu peito de leve e faz minha voz zangada ficar suave, me faz gargalhar. 

O que existe são corações moles e respiração devagar.

você é linda, Migh




segunda-feira, janeiro 15, 2018

Tudo ao mesmo tempo agora.

Uma das coisas que me faz ter certeza que estou apaixonada é, quando numa mesma ligação, alguém por quem sinto desejo consegue me fazer rir e ter raiva, na mesma intensidade.

Estou apaixonada, sim, mas isso não me impede de pedir um outro homem, de muito tempo atrás, em casamento. Nada impede nada. Há espaço para tudo aqui, quando se trata de amor. 

O povo contra O. J. Simpson.


sexta-feira, janeiro 12, 2018

Doesn't Mean Anything.


Eu ouço essa música e sinto vontade de voar.

quinta-feira, janeiro 11, 2018

Gil(berto).


Um outro Gil me lembra esse Gil.

O amor da gente é como um grão, tem que morrer pra germinar

Deve ser, deve ser. 

Ele chegou e nem avisou, só chegou mesmo. Me agarrou, me deu um beijo colado, molhado e me fez me sentir a pessoa mais linda e mais gostosa do mundo, de novo, de novo. Não me disse quase nada, mas sempre me dá tanto e eu não sei, não preciso mais, é demais o jeito que ele me diz as coisas que eu gosto de ouvir, como me atende em coisas bobas e simples.

E eu nem sei quem ele é direito. Só chegou e não quero que ele vá embora. 

Como é bom me sentir viva, cada poro da minha pele respirando a vontade dele de novo, entre um carinho e outro, entre uma palavra e outra, um sussurro e outro, me pede, me chama, eu vou, por você. 

Drão, não pense na separação, não despedace um coração, o verdadeiro amor é vão [mas o nosso sexo não]

E entre um trabalho entediante, tenho as letras dele que eu vejo escritas todos os dias, coisas bonitas, tão bobas de simples de qualquer pessoa poderia ter escrito antes e ainda assim me fazem levantar da cama e não colocar os pés no chão, flutuar. 

Como agora, que posso sorrir só de lembrar da voz e do sorriso, do olhar, das mãos. 

Paixão? Amor? Não, não. É uma coisa que só ele me faz sentir, não saberia dizer o nome. Mas poderia ser algo como F-E-L-I-C-I-D-A-D-E. Assim, bem devagar e com muito prazer. 
E eu nem sei direito quem ele é. 


Maiara e Maraisa, Te procurava de novo.


[tão eu]

terça-feira, janeiro 09, 2018

segunda-feira, janeiro 08, 2018

sábado, janeiro 06, 2018

Fala que passa.

Ele me disse, assim que atendeu:

Sua voz está diferente, você não é assim comigo. O que aconteceu?
...
Vamos conversar, você não quer falar, parece que acordou agora
...
Vamos conversar, pô, fala que passa

Achei tão simples e tão bonito que dei uma gargalhada, não consegui mais ficar chata com ele nem com nada. Uma coisa tão boba, fala que passa, isso é tão amor.

Isso é tão amor.

É amor...

Ontem, na escola, a menininha põe a mão no menininho e eu já preocupada com a briga faço menção de... e ela:

Né briga não, minha pró, é amor.

Fiquei feliz e envergonhada, feliz e boba, feliz e emocionada.

Ela repetiu várias vezes e me explicava:

Assim é amor, viu, pró?

Envolvendo o braço dele em seu abraço, ela me explicava que eu não precisava ter medo. Não tenha medo, é amor, minha pró. E essa coisa de nada que aconteceu ontem tem tanta força, eu sou tão feliz de poder ouvir isso e aprender com elas, que me ensinam do tempo, da espera, da coragem, das relações humanas que a gente precisa cuidar, das relações humanas que tem briga e tem amor, que tem vida, que não dá pra prever.


Né briga não, é amor.

quarta-feira, janeiro 03, 2018

Apaixonar.

Eu não quero, não.
Eu não quero, não.
Mas é que ele é lindo e tem uma voz suave. 
Ele tem uma voz suave e me fala belezas e dores num mesmo tom de paz que me faz suspirar um pouco.
Mas eu não quero, não. Não quero não, mesmo que ele ouça as mesmas músicas que eu lá do outro lado do mar, mesmo sem saber a gente goste do mesmo som e sentido, não quero, não.
Não. Quero. Não. 


São Francisco do Conde.





segunda-feira, janeiro 01, 2018