Você que me lê, me ajuda a nascer.

sábado, dezembro 31, 2022

Pray Away.


 

Mais forte, mais feliz (quem sabe).

Estou bem, devagar e sempre. Com medo e às vezes triste, mas não paro. Já corri trecho nesses 30 dias de solidão. Pernambuco, Fortaleza, Rio Grande do Norte e Brasília, me diga você se eu estou tendo tempo de chorar minhas dores. Eu não. Estou chorando e indo, devagar, sempre, alegre, triste, mas sem parar. 

Estou ouvindo meu coração, mas ouvindo outras partes do corpo também. 

sexta-feira, dezembro 30, 2022

João Pimenta.


Uma das coisas mais legais que faço na vida é parar o tempo para rir das coisas. Nunca imaginei o quanto isso poderia ser terapêutico (e melhorar minhas piadas). João Pimenta e Tatá Werneck são os motivos das minhas maiores risadas ultimamente.
 

Prisioneiras, Drauzio Varella.



Este é o último livro da trilogia que começou com Estação Carandiru, livro que li há muito tempo e que doei faz pouco tempo. Gosto de como Drauzio escreve. Neste livro e em Carcereiros, ele dedica muito mais tempo para falar da formação do PCC (Primeiro Comando da Capital), que começou em decorrência da chacina que houve no complexo penitenciário que ele trabalhou antes e depois do fatídico episódio.

As histórias envolvendo as mulheres e a visão de Drauzio sobre como solucionar o problema da superlotação de mulheres nos presídios poderia ser implementada rapidamente, se fôssemos um país que entendêssemos o quão perigoso é alimentar o ciclo de violência ao qual essas meninas, jovens e mulheres são submetidas há muitas gerações. 

Vale a pena ler. Emocionei-me deveras com muitas das histórias do livro. 


 

Filho da mãe.


 

Beleza Negra.


 

O homem do jazz.


 

Humor Negro.


 

As linhas tortas de Deus.


 

terça-feira, dezembro 27, 2022

Lady Night, T6.

 


Sonho pesa.

Acordei e não sei se tinha saído de um sonho ou pesadelo. Nele, eu era feliz pela metade e tinha a certeza que não ia durar muito. A certeza era tão grande que acordei sabendo que "não, as coisas não vão mudar assim, se as pessoas nunca quiseram mudar". 

Por elas, por pessoas que amavam, não tentaram. Ou tentaram, eu é quem do alto de minha arrogância não sei de nada. Deixa eu me recolher e ir à praia, então, que nós todas ganhamos mais. Em boca e cabeça fechada não entram mosquinhas de pensamentos que só pioram o estado de coisas em que o meu coração se encontra.

Pacto Brutal: o assassinato de Daniella Perez.


 

sábado, dezembro 24, 2022

Vício.

Porque não li isso antes?

Qualquer dependência se baseia na dinâmica: dor, desejo, alívio e consequências negativas. É como se fosse uma forma não saudável de lidar com algo profundo e complexo. Ou seja: uma relação tóxica. É a partir dessa perspectiva que conseguimos entender um pouco melhor que sim, a cannabis pode viciar – não necessariamente quimicamente

Como pode, uma matéria te libertar tanto? 

Descansem bem.

quarta-feira, dezembro 21, 2022

Consolação, Rachel Reis.

 


Fotografia.

Sinto saudades, abro uma foto, olho por muito tempo. Mantenho o dedo na tela do celular para conseguir continuar olhando para a foto dele. 

Olhando para a foto, penso nele e sinto todo o amor que eu sentia novamente dentro de mim. É como uma visita, mas eu sinto que, se eu o chamasse de novo, ele poderia morar aqui novamente. O amor gosta de convites. 

Vai passar. Eu durmo e acordo pensando nele há um mês, inventando histórias. Durante a noite, eu acordo e volto a dormir sonhando os sonhos que não sonhei só. Será que tudo aquilo aconteceu? Algo me diz que sim, mas há outro algo dizendo que parte dos sonhos tinham recheio de imaginação de Migh no meio da noite.

quinta-feira, dezembro 15, 2022

Um amor por esse livro, o Catálogo.

Saiu matéria do Portal do Bicentenário sobre o Catálogo de Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-Brasileiras. 



Vale a pena ler de novo.

Na escola se brinca: brincadeiras de crianças quilombolas na educação infantil.

Como é que pode? Organizo um livro e esqueço de postar aqui. Rapaz!

Ele é um e-book gratuito, só cadastrar e baixar!

LOL Brasil: Se rir, já era, T2.


 

Relacionamentos.

A maior felicidade é a certeza de que tenho saudade de uma coisa que inventei dentro da minha cabeça e que nunca existiu. Nunca, não, mas assim... existiu a vontade de fazer existir e isso em si é maravilhoso. É que tem a próxima etapa que se chama fazer acontecer que... não aconteceu. 

Me perdoo num abraço quente e parto para descobrir outras histórias que não morem apenas em mim, mas que podem ser inventadas junto, por mais pessoas. Pode ser invenção, mas para ser gostoso tem que ser inventado junto, assim eu sei hoje. Pode ser um querer que ainda não virou ação, mas também tem que ser querer junto e virar ação junto, senão cansa e pesa só para um lado do mundo e aí eu não quero. Tenho uma enorme intolerância e ressentimento com quem me faz carregar pesos sozinha. Eu não duro muito em relacionamento desigual (muito embora relações heterossexuais tenham esse padrão, há limites!).

Minha amiga diz

eu transo com homens e tenho relacionamentos amorosos com minhas amigas

Eu gostei disso.

Gostei de sentir também que não estava sendo amada e isso explica tudo dentro de mim. É tão libertador, porque eu não sofro mais. Ter a certeza de que não era amor e sim uma ideia do que eu queria que o amor me fizesse me acalmou tanto! Me preparou para querer o amor de novo. Óbvio que inventei tudo isso porque eu tenho sede e fome de amor. Eu já sei e tudo bem.  

Inventei, investi, quis muito e tudo bem. Não é ruim nada disso, mas já passou. 

Pausa.

Eu queria uma pausa. 

Uma pausa da indiferença, do corpo ao seu lado que nunca se move para você e sempre para longe, sem aconchego. Do corpo que procura outras distrações que não o seu corpo e a sua presença. 

Uma pausa do silêncio, do que não foi dito, do que tem de ser adivinhado ou antecipado, para continuar a viver junto. 

Uma pausa da falta de carinho, do sexo mal-feito, da falta de vontade, de iniciativa, de coragem.

Uma pausa da distância quando se está perto e quando se está longe, das coisas que não se explicam porque não se querem ver. 

Eu queria uma pausa de tudo que me fazia sentir dor e tristeza. 

Acho que consegui.

quarta-feira, dezembro 14, 2022

A cor da Ternura, Geni Guimarães e eu.

Meu amigo me mostrou esse podcast do Museu da Pessoa, chamado Pessoas:Vidas Negras. Eu só conhecia esse outro, Vidas Negras, que eu já ouvi alguns episódios.

Esse, de Geni Guimarães, encheu meu coração de vida. Geni é minha primeira escritora preferida e eu nunca a tinha ouvido falar, ainda mais falar das histórias que eu já li mais de uma vez em seus livros. Lágrima veio no olho um bando de vezes e aprendi ainda mais com ela.

Conheci esse poema de Cuti chamado Quebranto:

às vezes sou o policial que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo
e me dou porrada

às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço

às vezes sou o meu próprio delito
o corpo de jurados
a punição que vem com o veredicto

às vezes sou o amor que me viro o rosto
o quebranto
o encosto
a solidão primitiva
que me envolvo no vazio

às vezes as migalhas do que sonhei e não comi
outras o bem-te-vi com olhos vidrados
trinando tristezas

um dia fui abolição que me lancei de supetão no
espanto
depois um imperador deposto
a república de conchavos no coração
e em seguida uma constituição
que me promulgo a cada instante

também a violência dum impulso
que me ponho do avesso
com acessos de cal e gesso
chego a ser

às vezes faço questão de não me ver
e entupido com a visão deles
me sinto a miséria concebida como um eterno
começo

fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto em que me entrego.

às vezes!...

(In: Negroesia, p. 53-54)
Emocionei também quando ela diz que, para ler, roubava livros de Jorge Amado  na biblioteca do hospital que trabalhava. Sabe que eu já fiz isso na biblioteca de uma escola particular que trabalhei por dois anos? Ninguém lia, pilhas de livros amontoados, eu levava para casa, lia e devolvia depois (não todos...). Ficava embasbacada com o fato de terem pencas de livros ali assim e nem tchum, enquanto eu sofria para conseguir um para ler. 

Deve ser por isso que eu adoro doar meus livros assim que acabo de ler. Não todos, mas muitos deles. Assim, ninguém precisa roubar aqui em casa (ou não).

terça-feira, dezembro 13, 2022

Sorriso.

Foi quando a música disse "só para lembrar todas as vezes que você olhou pra mim e sorriu" e eu não consegui lembrar de nenhuma vez que eu me peguei pensando se tudo não passou de uma historinha dentro da minha cabeça e coração. 

Sabe quando as pessoas são tão tristes e desanimadas que nem conseguem te fazer sorrir num dia ruim? 

Espero que você nunca saiba.

Ame quem você ama.

Ame quem você ama, acho essa frase tão linda. Simples, bonita, como a vida tem que ser, pode ser, quer ser. 

Ame quem você ama quer dizer cuide bem do seu amor. Quer dizer assim, se você ama, demonstre isso, faça alguma coisa, se apronte para deixar isso muito explícito e acertado entre você e as pessoas que você quer que saibam. 

Ame quem você ama é o amor em seu sentido mais lato, que é, faça por onde, diga a que veio, não volte para casa de mãos vazias, doe o que você tem de mais precioso, peça ajuda, mas ame quem você ama real, sem medo nem vergonha, sem desânimo e sem fingimento, com vontade de dar certo não só numa ideia lá na frente, mas no arroz com feijão de todo o dia. 

Ame quem você ama, mesmo que seja só você mesmo. Tenho certeza que se fizermos isso, não conseguiremos parar em nós mesmos, porque o amor de quem ama transborda sempre. 

Savage X Fenty Show (Vol. 1)




 

Prêmio Ciência pela Primeira Infância.

Gostoso demais ser finalista de prêmio. Mesmo que não tenha vencido, eu de verdade apreciei esses momentos. Conheci tanta gente boa, diverti e aprendi tanto que está tudo ótimo demais. 


Roda Viva: Liniker.


Liniker disse que quer chegar num lugar que nem sabe se existe. Eu gostei disso.

 

Roberta Close: Marília Gabriela.


 

Os impactos do racismo na saúde mental das crianças, Roberta Maria Federico.


 

Manhãs de Setembro, T2.


 

segunda-feira, dezembro 12, 2022

A metade perdida, Brit Bennet.



Terminei de ler esse livro-novela que indico para quem precisa de amor e verdade. A história das gêmeas envolve raça, amor e mágoa, tudo coisa que a gente conhece bem, sim?

Brit Bennett



 

Tributo à Gal Costa.


 

Aula aberta com Racionais MCs.


 

Educação e a busca por equidade na primeira infância.


Saiu esse texto bem legal.

2022 está acabando e eu bem feliz. Vem ni mim, 2023, eu tou muito facinho para o futuro.



Unicórnio no mar.

Hoje eu vi um unicórnio no mar. Lembrei de todos os sonhos doces que tivemos juntos e suspirei. Não pareciam de verdade, como o unicórnio no mar.

Hoje eu lembrei de toda a história, desde o dia em que compramos um unicórnio e o levamos para o mar até quando ele foi embora de casa: já fazia muito tempo que eu tinha dúvidas do amor e as certezas não pareciam as mesmas. 

Hoje eu senti vontade do dia acabar às 18h, dormir junto com o por do sol e acordar pronta para começar de novo. Vai valer a pena. 

Enfrentamento ao racismo na primeira infância, Portal Geledés.

Poxa, que alegria ver essas coisas, gente. Tão lindo, abro de vez em quando só para ler meu nome ali. Vale a pena o trabalho que dá prazer e gosto.

sábado, dezembro 10, 2022

Se ele (ainda) me amasse.

Se ele ainda me amasse e se dispusesse a estar presente, ser alguém que faz o que pensa que faz ou fala, eu suspiraria. Se ele ainda me amasse, eu amava. Mas...





Hoje é sábado e, pelo visto, ninguém volta a amar ninguém num sábado. 

quarta-feira, dezembro 07, 2022

Comum, Àvuà.

 

O som dessa música me faz lembrar de sensações que me fazem chorar. Não sei explicar, o choro vem espontâneo, porque ela acessa partes de mim que escondo para aguentar a saudade. A falta de amor. A vontade de procurar dizer ou pensar que ainda pode dar certo. 

Mas, não vai dar. Para dar certo tem de ser mais do que uma sensação numa música. Tem que ser amor semeado com a força de fazer nascer uma vida a dois. E eu não vi nada disso aqui perto de mim.

Descobri áudios antigos guardados que diziam amor e falavam comigo numa língua que desconheço. Apaguei, como tudo que decido esquecer. 

Ser só bom, não me atrai pra ficar, Paula Lima cantou para mim. Eu quero brilho no olho, alegria, fôlego de fazer a vida acontecer. 

Barril, Melly.


 

terça-feira, dezembro 06, 2022

Comunicação.

O tema da comunicação tem aparecido muito na minha vida nos últimos meses. O que fazer? Percebo que as pessoas ou nunca souberam ou estão desaprendendo a conversar.

Ih, alá, Míghian, a única que sabe conversar no mundo

Não mesmo, não sei tudo mas sei que é necessário e me esforço para tal. Me dedico, presto atenção a isso, não crio subterfúgios para não dizer as coisas que não posso deixar de ser ditas. Diferente de um punhado de gente que ando encontrando por aí, em diversos lugares da vida. 

Eu não sei tudo, mas sei muita coisa. Sei tanto que até sei o que não sei às vezes. Falo tanto que falo demais. Mas ninguém vai poder escrever na minha lápide:

Aqui jaz Mighian. Viveu como um cuzcuz e morreu abafada.

Infância em tempos de pandemia.


 

domingo, dezembro 04, 2022

Arcanjo Renegado, T1.


 

Conversas.

Tanto entendimento de si pode haver em algumas palavras! Eu adoro conversar. Leia bem, eu adoro conversar, dialogar, não apenas falar uma palavra depois da outra. Eu gosto de profundidade, não de rasidade. Rasidade pode virar profundidade, mas também pode não. E tá bom.

Entre alguém que fala mil palavras e não fala nada e alguém que fala pouco e fala alguma coisa, fico com a segunda opção. Mas o que eu gosto mesmo, mesmo, é de quem fala muito e conta tudo. E descobri que tudo bem querer perto de mim pessoas que pensem assim, que pensem parecido comigo. Diversidade de ideias e pensamentos podem conviver quando você consegue uma mesma língua ou línguas parecidas, porque tem de comunicar, mesmo em meio às diferenças, sim? 

Tem problema querer gente que pense parecido comigo não, isso não me torna uma pessoa horrível (e se tornar, a gente poderia ainda querer isso, sim). Querer coisas, saber querer coisas, pedir, demandar. Eu sei e aceito que só quero bem perto, pessoas que não apenas queiram falar e reconhecer coisas, mas que também se proponham a fazer. Fazer, sabe fazer? Aquela coisinha que vem depois de saber. Pode vir junto também. Saber fazer é coisa linda de gente que quer amar o mundo ao seu redor. Meu coração bate palmas para gente assim. 

Eu fiquei desejando por muito tempo tantas coisas, casa cheia, pai presente; eu achava que quem tinha isso, certeza era feliz demais da conta. Não é garantia, aprendi. Aprendi a celebrar tudo que tive, tenho, tudo de mim com o tempo, porque vi que, ainda que imperfeita, eu sempre estou fazendo alguma coisa para estar e fazer bem a quem eu amo. Isso é o que me faz mais ter orgulho de mim. 

Tem uma coisa que eu aprendi hoje sobre mim também, mas esqueci agora, quando eu lembrar, volto para escrever.

Domingo.

Os piores momentos são os domingos de manhã. Por isso mesmo é que nunca fico sozinha quando eles chegam. Me cerco das amizades que aprendi a ter e sei que me querem bem para continuar, doce e firme.

Tenho tristezas dentro, mas vai passar. É uma palavra aqui, uma lembrança ali, uma pergunta lá. Eu não preciso responder tudo nem saber como fazer, eu só quero passar, me deixem passar.

Preciso de ajuda que só o amor pode me dar. Ainda bem que ele está aqui. 

sexta-feira, dezembro 02, 2022

Padrão.

Me vi pensando se eu não tenho reproduzido modelos de relacionamento e me envolvendo com pessoas que se parecem muito entre si, não apenas porque elas tem gostos parecidos com os meus, mas também porque elas fazem o que eu já conheço, sentem como eu já aprendi a perceber, vivem como eu já entendi que elas funcionam e acabam me trazendo algum conforto também.

Eu não quero ser confrontada, não naquilo que eu já sei de mim e no que eu não quero mudar. Não mesmo. 

Será que eu consigo me desafiar a buscar pessoas que não parecem nem um pouco com os namorados que eu já tive? E como eles são?

Eu não vou te contar aqui, mas eu sei. Eu sei.

Eu não acredito que a gente precisa sofrer para aprender, mas acredito muito que a gente precisa viver o que há para viver na nossa vida para aprendermos. Se isso inclui sofrer, eu nunca vou saber nem controlar isso. 

É delicioso descobrir, todos os dias, um pouco mais de nós mesmas. Vou te dizer, viu? É imensidão. Eu sinto tanta vergonha de mim, tanto orgulho de mim e no fim do dia o saldo é... felicidade. Brilha no ar. E aqui dentro também.

quinta-feira, dezembro 01, 2022

Flordelis: questiona ou adora.


 

Rainhas, Mães de Luza e Reis, de Ladjane Alves.


Lendo todos aqui. Os livros passam na frente de todas as listas sempre que chegam. Eu prometo que isso vai mudar, um dia.





Ladjane Alves


 

Movimento dos barcos, Maria Bethania.

O fim poderia ser uma música.

Estou cansada e você também
Vou sair sem abrir a porta
E não voltar nunca mais
Desculpe a paz que lhe roubei
E o futuro esperado que nunca lhe dei
É impossível levar um barco sem temporais
E suportar a vida como um momento além do cais
Que passa ao largo do nosso corpo
Não quero ficar dando adeus
As coisas passando
Eu quero é passar com elas

E não deixar nada mais do que cinzas de um cigarro
E a marca de um abraço no seu corpo
Não, não sou eu quem vai ficar no porto chorando
Lamentando o eterno movimento... movimento dos barcos...


terça-feira, novembro 29, 2022

Eus.





 

Migalhas.

Eu não vivi até aqui para ter que mendigar amor. Eu já sei que se o amor não estiver sendo dado a mim, eu tenho de me levantar da mesa. Nina Simone me disse isso e eu acreditei. Acreditei porque eu conheço o amor. 

Ele é o esforço que a gente faz quando tudo ao redor está desmoronando. Ele foi minha mãe levantando às 4h da manhã para trabalhar todos os dias por 14 anos. Ele é o compromisso que a vida que bate à porta nos pede todos os dias. Se você atende, você sabe o que é o amor.

Se você não atende esse chamado, esqueça. Você não sabe o que é o amor. Você imagina o que ele é, você deseja sentir, mas você não tem coragem o suficiente para deixar ele te abraçar.

Eu chorei quando senti que para ser amada eu precisava implorar. Eu chorei porque eu não queria ter de passar por isso depois de conhecer o amor. Eu não admito sentir isso de novo depois de saber que o amor existe e me faz bem. Mas eu senti essa sensação ruim de novo. 

De não amor. De não valor. De não ouvidos. Eu não quero, eu não preciso disso. Mas se você aceita o risco de tentar viver um relacionamento com alguém, pode acontecer. Você não controla isso. Não mesmo. 

O amor não é eu te amo o tempo todo. O amor é verbo, palavra ação. Não tem melindre, não se envergonha, não fica cheio de dedos. Para existir, o amor faz. Se você não entende o que estou dizendo, o amor ainda não chegou aí. 

quarta-feira, novembro 23, 2022

Lift me Up, Rihanna.


Tento fingir que não choro mas choro. Tento fingir que não quero cantar essas palavras bem alto e não canto, mas soluço.

Queria resolver meu mundo, mas não consigo.

E não importa se vai passar, não é isso. Eu não queria que passasse nada, queria que tudo estivesse aqui como antes, mas faz tempo que não estava. Faz tempo que não estava. Eu não tive como pedir para alguém me levantar.

Eu não soube o que fazer. Eu queria que alguém soubesse. Eu queria que, pelo menos uma vez, eu pudesse não cuidar de nada e, ainda assim, encontrar tudo no lugar quando eu voltasse. 

Não foi dessa vez.

Levinha.

Meu amigo me disse

Você é a mais leve da sua vida 

E eu acreditei, porque sinto isso mesmo assim. Aprendi a viver junto comigo há muito tempo e a me manejar. Falo sozinha em muitas línguas e me conheço um pouco para saber o que me pesa. Aí, vou jogando logo fora de mim. 

Por isso é que quando ele disse isso, eu, que não sou nada modesta, aquiesci. 

Eu já.

Já sentiu saudade do que você nem teve? Eu já.

Já desejou começar de novo? Eu já. 

Já pensou em mudar de ideia? Eu já. 

Já dormiu chorando e acordou pensando estar num pesadelo? Eu já. 

Já teve certezas que foram destruídas por algo maior que você? Eu já. 

Já teve vontade de não fazer mais nada, só descansar? Eu já. 

Já parou para pensar que ainda pode dar certo? Eu sempre. 

Isso é racismo?

Atendimentos em repartições públicas precisam sempre ser um problema? Indo hoje ao Detran, me deparei novamente com um atendimento ruim, daqueles que a pessoa nem olha direito para você e te dá um papel para você pagar e não te explica o que é aquele imposto. 

Depois de já ter pago, descobri que ali eu já tinha escolhido as letras da placa da moto. Eu gostaria de saber se eu poderia escolher as letras, porque se sim, eu gostaria de escrever EXU na placa. Eu não pude escolher, porque não me deram essa opção. Já na emplacadora, a moça disse que eu poderia ter escolhido. Voltei ao Detran e perguntei se poderia ter escolhido. A moça, ao perceber que eu entendi que ela não havia me perguntado se eu queria o serviço, explicou mal e porcamente que a placa Mercosul não permite escolha das letras. 

Saí do Detran sem saber, na real, se eu poderia ter escolhido ou não, porque ela nunca admitiria para mim que esqueceu de me dar essa opção. É racismo da parte dela achar que eu vou escolher o serviço mais barato porque sou uma mulher negra e por isso ela nem pensa em me oferecer mais serviços?  Não tenho muita dúvida disso, mas penso qual é o motivo pelo qual ela não explica o que significa os 266,10 reais que tenho de pagar ao Detran (um rapaz me disse que era o licenciamento da moto). Você pode dizer "ah, mas tem no Google". Tem sim, mas eu fui ao Detran, eu acho que é obrigação da repartição explicar as taxas, assim como o IPVA, que paguei também (mas que tive de imprimir o boleto no despachante disfarçado de emplacadora ao lado por apenas 10 reais, porque no Detran não tinha sistema para o Sefaz, algo no mínimo duvidoso... ah, ela também pediu que eu pedisse emprestado no despachante um lápis para decalcar o chassi da moto, objeto que ela não tinha). Tenho dúvida se ela oferece todos os serviço disponíveis para um homem branco  também, já que ela não ganha nada com isso ou é o fato de, ao atendê-lo melhor, ela acaba abrindo espaço para que ele consiga perguntar coisas que eu nem tive como. Sendo assim, o racismo acaba sendo uma das portas em que o mau atendimento entra e não sai tão cedo; as outras portas, com certeza, tem a ver com classe, gênero e... fadiga, desânimo ou o que quer que seja. 

No fim, as letras RPM até que me agradaram, mas ainda prefiro EXU.

terça-feira, novembro 22, 2022

aMar à vista.



 

Meu coração quer sossego, ver o mar e o amor de longe, avistar.

Novembro chegou, gente.

 As matérias não param e a gente é chamada para falar algumas coisas aqui e ali

Roda Viva: Seu Jorge.


 

Triste.

Estarei triste mais ou menos por uns 425 minutos. O tanto de dias que a gente se viu desde a primeira vez e tivemos a certeza que seria um amor para sempre. E essa certeza, pelo menos para mim, ainda não passou. Sei que amarei até o fim da minha vida quem me fez feliz pelo menos por um dia, sempre foi assim. Carrego amores no peito, só as dores é que deixo pelo caminho.

Não nasci para ser triste. Não nasci para ficar no sofrimento. Posso aceitar chorar tristezas e sofrimentos, mas só se não me sentir sozinha. Caso contrário, meu corpo começa a doer tanto que eu simplesmente tenho que ir embora. Meus olhos não abrem, a tosse chega, nariz fungando e nunca para. Não para até que eu me afaste da dor e possa enxergar o amor que ficou atrás de tudo, escondido com medo do sofrimento.

Minha decisão será sempre a de ser feliz. Sozinha ou acompanhada. Ainda espero que alguém esteja comigo. Ainda espero. Ainda que seja eu comigo mesma, eu topo a felicidade. Sei que ela mora dentro de mim quando encaro a próxima viagem. 

Morno.

Eu nunca gostei de nada assim meio morno. Assim, sem saber para que lado vai. Mas descobri dias desses que morno é o quentinho do conforto. Quem quer ser morno na vida, acaba escolhendo ficar ali, acobertado pelo quentinho da coberta, quase sempre alheia, a lhe acalmar e confortar, cabeça e coração.

Eu não sou morna. Sempre quente ou muito fria, eu não sei ser morna. Podem dizer que ser morno é encontrar o caminho do meio. É... um bom argumento para continuar inerte, parado, quentinho. 

Que culpa tenho eu se tu é morno?

Canta a música de Rachel mais Illy. Eu entendi logo que aquela música era para mim, mas não em sentido sexual, sabe como é? Você já conheceu alguém que parece que sempre vai deixar para depois ou para alguém decidir ou resolver? E o que você fez com ela? 

Eu não soube o que fazer. Só andei e ela ficou parada, naquela estação.



domingo, novembro 20, 2022

Como eu me sinto?

Sentimentos confusos me enchem a cabeça, mas eu durmo bem. Vou até às 5h direto, acordo para me virar na cama e ficar mais confortável durante a noite. Quando acordo, penso nos problemas. Aí penso "posso pensar neles amanhã". Às vezes, invento histórias dentro da cabeça imaginando o que vão me falar ou o que falarei quando a cena se desenrolar e aí pego no sono. É o que a vida tem para mim agora. 

Eu me sinto cansada, triste, desgastada e ao mesmo tempo orgulhosa de mim. Já sentiu isso? Orgulho de conseguir dizer as coisas para mim e para quem quer me ouvir. Para quem quer me entender. Orgulho por me posicionar, por saber o que quero e por fazer de tudo que eu posso para dar certo. 

A gente tenta viver sem emitir juízo de valor, mas quanto mais tempo de vida sobre a terra, mais difícil fica. Eu não quero mandar em ninguém, não. Eu quero que a pessoa faça a vida dela e saiba o que quer, assim como eu sei e não encho o saco de ninguém. 

sexta-feira, novembro 18, 2022

quinta-feira, novembro 17, 2022

Orgulho Macho.

Foi quando um colega perguntou se eu não poderia ficar calada é que eu percebi que o machismo tinha chegado na amizade. Eu já tinha notado antes, em outras coisas, mas assim, diretamente comigo, foi quando ele achou que eu não deveria expressar o que eu sentia e só ele poderia falar o que pensava. E olha que o que irritou ele foi a expressão "digo o mesmo para você".

Eu me sentia especialmente ofendida com as grosserias dele com o mundo e com a companheira dele, reclamava das escolhas que fazia com a filha - porque se eu não gosto, eu vou falar para você e não para outra pessoa - mas ainda não tinha me tocado que tudo aquilo ali era o orgulho macho gritando dentro dele.

Deve ser difícil conviver com uma mulher que não precisa ficar calada, que pode dizer o que quiser, sem medo de passar fome ou não ter onde morar. Deve ser difícil quando essa mesma mulher não se importa de romper laços de amizade com você quando você assim deseja, alegando que é o melhor a fazer, já que ela disse algo que você não gostou.

Eu fico pensando, se nós mulheres pretas deixássemos de falar com todo mundo que fala uma coisa que a gente não gosta, não estaríamos falando com mais ninguém. 

Me deixe, viu? 

Uma amiga perguntou se a gente sente o que sente do mundo porque a gente é feminista. Eu disse que pode ser isso, mas acho que é mais ainda por ser preta. Por ser preta e poder não ficar calada quando muitas de nós não podemos, quando eu mesma já calei, isso me faz não parar de falar. E nem de escrever.

Desgaste.

Dizem assim

ah, a gente só dá o que tem

Vocês acham? Sim e não. A gente dá coisas que não tem confiando que elas vão chegar. A gente dá coisa que tem mas que a gente precisa muito. A gente dá e a gente espera, sim. Não acredito que a gente nunca espere nada das pessoas, isso é conversa fiada. Eu acho assim, a gente fala essa frase mas ela não é real, como quando a gente diz que não tem dependência emocional mas não consegue terminar um namoro mesmo quando ele faz a gente sofrer por mais tempo do que a gente aguenta.

A gente dá o que não tem, mas não dura pra sempre.


Conversando com um serial killer: O canibal de Milwaukee.


 

quinta-feira, novembro 10, 2022

quarta-feira, novembro 09, 2022

terça-feira, novembro 08, 2022

segunda-feira, novembro 07, 2022

Doce e firme.

Eu quero ser doce e firme, é meu maior desejo. Firme naquilo em que acredito, doce para defender as minhas ideias. Firme para não abrir mão do que me faz bem e doce para dizer "vai embora, não quero mais".

Será que ser doce e firme é virtude feminina?

Essa é minha maior vontade agora. Mas tudo bem se não der sempre. Essa é a meta a longo prazo. No prazo curto, meu pavio pode encurtar também. E tudo bem. Eu sou assim, quem quiser não gostar de mim, eu sou assim.

Diagnosis Bipolar: Five Families Search for Answers.

Aqui o documentário.

 

Toe Tag Parole: To Live and Die on Yard.


 

domingo, novembro 06, 2022

Sol.


 

Auto-declarado.


 

Meu Talismã, Iza.


Quando a intimidade chega, ir embora é uma opção
Permanecer, também
Escolher ficar é para quem entendeu
Que a verdadeira magia não está no destino
Aliás, não há destino; só existe eu e você
O resto é poesia pro nosso amor
Pra nossa dor
Pra nós
Meu talismã

Firme e forte.

Estou aqui e aqui vou ficar. Não vou a lugar nenhum que não seja dentro de mim. Estou preocupada comigo e cuidando de mim para ficar de bem com o mundo. Não é assim?

Eu sempre achei que para fazer bem para as pessoas, eu precisava fazer bem para mim. Nunca achei amor próprio egoísmo; quando ouvi isso a primeira vez, fiz uma cara de quem comi e não gostei. Pensa comigo: de um jeito bem prático, se eu amo as pessoas ao meu redor, a coisa certa a fazer é cuidar de mim, porque a) ajuda as pessoas a não ficarem preocupadas comigo e b) ao me cuidar, posso cuidar de outras pessoas também! Prático, né? Sim. Assim eu penso. Me cuidar é cuidar das pessoas que me amam e que se eu não me cuidasse, ficariam preocupadas comigo. Simples demais. 

Desse jeito, cuidar de mim nunca é uma coisa individual. Se você vive com outras pessoas, sempre vai ser cuidar de mais gente do que você pensa. É isso. 

Greg News: Roberto Jefferson.


 

Profissão Repórter: Eleições.

 Vale a pena ver. 


Greg News: Chora mais.


Pode rir, mas eu só soube agora da briga de Ciro mais Greg que começou com esse vídeo. Rapaz, que onda. Agora virei fã. Comecei a ver, real, só porque ele foi no Mano a Mano, não vou mentir. Sou dessas. Gostei muito, muito dele lá. Achava ele ruinzinho no Porta dos Fundos, como a maioria dos comediantes brancos que tem lá. Mas, agora, parece que a coisa melhorou. 

sexta-feira, novembro 04, 2022

Ouvir o coração.

Estou aqui, paradinha, tentando ouvir meu coração. Vou conseguir.

Questioning Darwin.


 

quarta-feira, novembro 02, 2022

O novelo.


 

Garganta seca.

Não vou nada bem, mas estou melhorando. Vou melhorar. Distância não me faz bem, eu sei, mas eu insisto. Fico sem saber o que fazer, mas acho que a melhor coisa é encher o tempo de coisas. Quem dera não seja apenas de trabalho, quem dera! É o meu sonho, é o que estou tentando fazer desde que voltei de férias. 

Encher meu dia das coisas que eu gosto: viajar, ler, ver filmes, academia, aprender coisas novas, limpar e arrumar minhas coisas, jogar coisas fora. Olhar sites, procurar novos perfumes, ouvir podcasts, ler matérias sobre assuntos que desconhecia completamente, essas coisas preenchem meu dia e não são produtivas. Catar folhas no quintal, limpar vidros, lavar roupas, trocar roupas de cama, gosto dessa parte também. Procurar novos livros, fazer listas de novos livros, começar cartas, enviar encomendas. 

Eu vou dormir triste porque distância não é para mim, mas eu insisto há um ano. O que fazer?

Estranhices.

Você já teve sensações assim, de estar num lugar e pensar como seria se ali não estivesse e sim em outro? Essas sensações agora me tomam sempre, de variados jeitos. Vou tentar explicar. 

Imagino às vezes, quando estou de carona numa moto, se passa um carro, que visão eu estaria tendo se eu estivesse no carro e não na moto. Penso também o que eu sentiria se eu não estivesse na moto e sim andando a pé ou numa bicicleta. Será que eu cairia? Eu penso que eu posso cair da moto; como seria se eu caísse e me machucasse naquele buraco que passou ali atrás? Esses pensamentos são muito rápidos e causam desconforto.

Por vezes, imagino também o que aconteceria se eu não pegasse o último ônibus para casa, onde eu ficaria? O que eu estaria fazendo se chegasse um minuto depois do ônibus ter saído? É estranho pensar isso quando eu estou sentada no último ônibus, pensando que eu não estaria ali se tivesse chegado um minuto depois da partida dele. Eu não estaria sentada ali. Pensar isso também é desconfortável, porque às vezes só nesse momento eu me dou conta que estou sentada num ônibus alto, longe do chão, rodando rápido pela estrada. Pensar em não estar ali assim, abruptamente, é estranho. Onde eu estaria? Aí parece que caio no chão, caio na real, mas o ônibus está andando, o que acontece comigo? Eu morro?

Parece cena de filme, né? Parece mesmo. Eu não estou usando nenhuma substância alucinógena. É a idade e todas as memórias vindo. O que fiz, o que não fiz, o que não pude ou não consegui fazer. Parece que são várias vidas ao mesmo tempo, uma que fica, uma que vai, outra que morre, outra que consegue. Tudo ao mesmo tempo e isso é um pouco angustiante, sim. 

Será que só eu tenho esses sonhos delirantes? Já comentei outros sonhos delirantes aqui, bem menos desconfortáveis. Já contei isso para alguém, mas não consegui explicar direito e sentir estranheza enquanto contava, aí achei melhor parar. Como se minha cabeça não coubesse em mim.

Mas pilotar hoje por 2h a moto não me fez sentir nada de estranho, que bom. 

Carcereiros, Drauzio Varella.

Vi a série (ou foi filme?) e aí, ouvindo o podcast de Mano com Drauzio lembrei de comprar o livro. Uma coisa puxa a outra, não é mesmo? Agora preciso ver Zellig de Allen (mas eu defini que não veria filme de gente envolvida com pedofilia, não foi por isso que parei de assistir filmes dele? Eu nunca entendi aquela história direito, nem a o Polanski, mas também parei de ver filmes dele), mas não. 


O livro é muito bem escrito, como todos as outras coisas que Drauzio faz. Recomendo, se você gosta de saber sobre a vida no cárcere, o livro traz um pouco desse universo tentando olhá-lo a partir de outro ponto de vista, tão interessante quanto a do médico.

Drauzio não deixa de fazer denúncias e de tocar o dedo na ferida de temas como tortura, encarceramento da população negra, racismo, preconceito, privação de direitos e tudo o mais, sempre dando sua opinião e mostrando o lugar que ocupa nisso tudo, coisa que as pessoas brancas quase nunca fazem quando escrevem livros com essas temáticas. 

Eu adoro ler sobre mundos que não conheço. É assim com boxe e cárcere, por exemplo. Uma vez, namorei com um arqueólogo. Foi incrível saber do mundo debaixo da água também. Suspiro vontades de novos mundos sempre.
 
Drauzio Varella

terça-feira, novembro 01, 2022

Foro de Teresina.

Agora descarei. Ouço muito podcast, não dá para postar tudo aqui. Só vou citar quando for um novo, porque se for falar de todos os episódios. 

Meu dia parece ter 30 horas e eu adoro isso. Sim, sou essa agonia, amo fazer um monte de coisas mesmo.

Não gostou? Vem aqui me parar, então.

 

Witness: A world in a conflict through lens, Rio.


 

Dinheiro.

Minha amiga diz assim

Dinheiro é energia

E eu entendo, é sim. Eu quero dinheiro para fazer as coisas que gosto - viajar, comprar livros, dar presentes, comer coisas diferentes - e viver melhor ao redor de pessoas que amo. E eu quero que as pessoas ao meu redor tenham dinheiro também para fazer as coisas que elas gostam. Se não for algo tão caro como o que eu gosto - viajar - tudo bem, mas que tenham para o que querem e gostam. E assim a gente vai, vivendo a vida como a gente sente prazer de viver. Não é?

Eu fico feliz quando ganho uma grana e penso "poxa, posso fazer aquela coisa que eu estava pensando sem dor de cabeça", é gostoso demais. Demais, sim. Dormir sem dor de cabeça pelas contas que podem assolar. Não tem preço. Ou tem, né? Sou grata à vida, mas ao mesmo tempo, eu sempre fiquei tão pilhada de não ter salário no fim do mês que acho que fico me precavendo o tempo todo para isso não acontecer. Me movimento pensando nisso o tempo todo, porque eu não tenho quem me dê suporte. Eu não tenho mais para onde voltar se for para ficar sem ajudar. Por isso, eu não consigo pensar a vida de outro jeito.

Por isso, dinheiro é a energia que a gente põe nas coisas muitas vezes. Muitas vezes é a única que a gente tem, mas ela também ajuda a fazer a vida melhor, tira uma dor de cabeça, coloca uma alegria ali, uma pizza, um vinho, um passeio que fica na mente para sempre. Essas coisas são muito gostosas de fazer e de viver. Não vou mentir que não são, não. Eu só tenho que entender que eu sou feita dessa matéria de vida, daquela que tinha um pai em casa que não ajudava em nada, uma mãe que estocava alimentos com medo da fome, irmãos que não sabiam direito como fazer para pagar as contas, foi isso que me fez e é isso que me faz, não preciso esconder essas coisas para explicar porque penso como penso e sinto como sinto.

O que a gente faz? Eu fico pensando mil ideias para ganhar (dinheiro) e viver (a vida) e tou fazendo isso a tanto tempo na vida que às vezes acho que nunca foi diferente. Mas já foi, sim. Por isso, eu me acalmo também e tento ficar na minha e aprender que as pessoas tem outros jeitos de viver a vida e não precisa ser a mesma coisa, não, pode ser diferente e dar muito certo comigo. Pode, sim. 

Um passo, outro passo, paciência.  

segunda-feira, outubro 31, 2022

sábado, outubro 29, 2022

sexta-feira, outubro 28, 2022

Crônicas de um cuidado.

Minha amiga Isa me indicou esse podcast. Eu gostei muito. Há muitas formas de se cuidar e ouvir as pessoas é uma delas.

segunda-feira, outubro 24, 2022

O ori da vencedora vencerá.

Meu coração está pequeno, cheio de dores e sofrimentos. Espero que Lula vença, mas essa eleição está me deixando apreensiva e preocupada? Sim. 

Ainda não consigo entender quem não vota ou quem vota em Bolsonaro. Eu não consigo entender. Fico triste, tento respirar fundo, mas não entendo. É uma dificuldade minha? É, sim, mas eu posso ter dificuldades. Vou viver com elas, assim como as pessoas vivem com as delas. Assim como as pessoas que querem viver comigo também precisam viver com as minhas dificuldades. 

Para mim, não escolher em quem votar e não participar desse momento é um tanto quanto imaturo; eu pensei assim quando eu tinha 20 anos. Eu votei nulo, eu votei em candidato com medo da minha mãe perder o emprego. Hoje, eu não preciso fazer mais isso. Eu me vejo participando muito pouco da vida política do país e acho que votar é uma das poucas vezes em que posso fazer isso. Posso fazer mais? Posso. Quero? Quero. Vou conseguir. 

Eu era muito mais envolvida em política do que hoje. Digo, eu participava de movimento social. Agora, eu só trabalho. Eu acho isso péssimo. Eu preciso encontrar um tempo na minha vida para fazer mais coisas do que só trabalhar e fazer coisas para mim. Eu vou fazer isso. Eu não acho que viver assim está OK.

Votar, para mim, é importante porque me faz tomar posição. Quem não vota não se posiciona em temas que são importantes para o país; quem não vota, se tem outra proposição e a coloca em andamento, posso até considerar. Se não, vejo com desconfiança essa ideia de que "eu não voto, mas estou me movimentando em outra direção, construindo outra alternativa". Eu quero ver (quando Zumbi chegar). 

Lula disse no Flowcast: 

Não gosta dos políticos? Seja o político que você quer ser

Aí eu lembro de Jean Willys, que fez mandatos maravilhosos e depois não teve como continuar por conta das ameaças de morte contra ele e a família. Máximo respeito por esse ser humano. Eu mesma queria ser vereadora. Acho que o modelo de democracia representativa não é o melhor, mas também não sei qual daria certo no Brasil de um tamanho desses. Não sei mesmo e, enquanto não sei, não me sinto no direito de não participar.

Torta, falha, errada, imperfeita, mas participo e defendo em quem eu voto. Com todos os erros que ele errou, não tenho nenhum problema com isso. Nunca achei que Lula salvaria a minha vida (muito embora algumas pessoas ao meu redor me digam que ele salvou a delas, sim), nunca mesmo. Nunca achei que a corrupção ia acabar em 4 anos, nem em 8. Nunca achei que o racismo ia acabar e nem que o governo, por ser do PT, ia dar conta dessas demandas todas assim, de uma vez só. NUNCA.

Eu sempre achei que seria dureza manter um governo que pensou na população, que assinou uma lei por um Brasil sem fome. Sempre achei que os ricos iam ficar se bulindo e dar um jeito de tirar esse governo de lá e fazer essa geração 90 crescer achando que não há saída e que pode ficar sem votar. 

Mas o ori da vencedora vencerá. E o do vencedor também. 

Desce a letra: Lula e Cauê Moura.


 

After the Truth: Disinformation and the Cost of Fake News (2020)


 

sábado, outubro 22, 2022

quarta-feira, outubro 19, 2022

Debate presidencial: Segundo turno.


 

Lula no Flow Podcast.


Entrevistador ruim, mas Lula é demais, sempre. Pode repetir as mesmas coisas, eu sempre assisto.

 

quarta-feira, outubro 12, 2022

Psicanalistas que falam: Maria Lúcia da Silva.


 

Casamento às Cegas, T2.


 

Pesado, Kiese Laymon.

 



Pesado é tudo que estão dizendo por aí. Eu assino embaixo. Lindo e pesado, lindo e forte, lindo e preciso, lindo e necessário. Eu vou só reproduzir duas partes do livro aqui, porque há tanto em todas as linhas (as passagens em que ele e mãe descrevem a relação dele e dela com as estudantes e a profissão também chamaram minha atenção, tal qual bel hooks)! E você precisa ler Pesado para entender o que eu estou falando, porque é na forma como ele escreve e não só o que ele escreve, é como ele faz as ideias brotarem dentro de situações tão cotidianas, como ele faz a gente pensar sobre tudo que fazemos em momentos que nem levamos em consideração durante toda uma vida. 

Eu preciso mudar tanta coisa. Obrigada, Kiese, por me ajudar com isso. Eu preciso mudar muita coisa, eu não quero falar isso e logo depois emendar que eu já mudei muita coisa, a gente faz isso para se consolar pelas coisas que mais preciso mudar, que mais doem de mudar, então eu sei que preciso mudar muita coisa, eu gosto de saber que preciso mudar e quero e vou e fim.

Qualquer transformação real implica a ruptura do mundo tal como o conhecemos, a perda de tudo que modela a identidade de uma pessoa, o fim da segurança

Você leu esse excerto acima? Peraí, vou escrever de novo:

Qualquer transformação real implica a ruptura do mundo tal como o conhecemos, a perda de tudo que modela a identidade de uma pessoa, o fim da segurança

Essa parte do livro é citação de um ensaio lido por Laymon, que me fez extremamente grata por estar viva para lê-lo, para conhecê-lo. Obrigada por todos os sentimentos que você me inspirou ao ler esse livro.

Ao final, ele diz

Vou aceitar que todas as crianças negras são dignas da liberdade e do amor mais paciente, responsável e abundante que este mundo puder produzir. E que nós somos dignos de compartilhar a liberdade e amor mais paciente, responsável com toda e qualquer criança vulnerável neste planeta.

Nós vamos descobrir igrejas, mesquitas e alpendres cujos ideais se comprometem com o amor, a liberdade e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar esses lugares com o mundo. Nós vamos descobrir psicólogos e psicólogas cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar essas pessoas com o mundo. Nós vamos descobrir professores e professoras cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar essas pessoas com o mundo. Nós vamos descobrir curandeiros e curandeiras cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar essas pessoas com o mundo. Nós vamos encontrar comunidades artísticas, cooperativas, programas de estudos e organizações jurídicas e trabalhistas cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar estes grupos e instituições com o mundo. Nós vamos lembrar, imaginar e ajudar a criar o que nós não pudermos descobrir (p. 282-283)


Sim, nós vamos.

Kiese Laymon

Intervenção.


 

7 Prisioneiros.


 

quinta-feira, outubro 06, 2022

O cristianismo que eu vejo.

Vi Boulos na entrevista do Roda Viva falando que os evangélicos votam em Bolsonaro também porque a igreja é uma rede de relações. Aí fico pensando que, se é assim, se o pastor manda votar, as pessoas não fazem apenas porque ele manda, mas porque elas querem fazer parte e, mesmo sem muitas vezes conversar sobre política, paira no ar aquela ideia de que "se o pastor falou, é o melhor". Mas não acho que seja só isso, não.

Mas, assim. Conversando com uma amiga ela disse 

eu não sei por que essa preocupação se o presidente é cristão é não se o estado é laico

Eu pensei, é mesmo, rapaz, eu quero lá saber que religião o presidente acredita, eu quero saber se ele se preocupa com as desigualdades do país. Essa deveria ser o começo da conversa. Mas eu vou voltar a esse tema, porque não dá para desconsiderar que as pessoas não sabem o que é laico quando um padre vai para um debate e pede que as pessoas o respeitem quando ele está desrespeitando todo mundo. Sei que ele não é padre coisa nenhuma, mas não importa. É como ele se apresentou e o que ele acha que ele pode falar.

Parece que muitas pessoas que frequentam igrejas são conservadoras, mesmo. Discordam de casais homoafetivos, por exemplo, e acham que votar em governo de esquerda é estimular isso. Então, mesmo que se diga que deus é amor, logo lembram que ele também é justiça e justiça, pela bíblia, é condenar aquilo que a bíblia diz que é pecado.

E pecado é amar pessoas do mesmo sexo, é a mulher querer os mesmos direitos que o homem, é a mulher ser dona do seu corpo e escolher não parir a criança, é adorar um deus que não seja pai de Jesus - ou adorar pessoas, coisas e lugares, como eu adoro adorar -, é ser plural e gostar de sentir deus de vários jeitos e gostar de vários deuses, o lance é ser mono em tudo, senão, não pode. Tem que ser um deus, uma pátria, uma família, um mundo, um amor, tudo pela vida eterna, vale até o sacrifício terreno. Quando eu fiz 18 anos, eu passei a não me interessar por essa chantagem cristã: aceitar sofrer na terra para ter a vida eterna. Quando eu era adolescente, li As viagens de Gulliver e, em uma dessas viagens que ele fazia, ele chegava num mundo que as pessoas nunca morriam, na história, ele mostrava como isso poderia ser um problema também. Eu sempre achei esse livro incrível e essa ideia de que não morrer também pode ser um saco parece que faz todo o sentido depois de passar 40 anos no mundo e ter contato com a dor e a delícia de viver.

Para além de tudo isso, se Jesus mandou ir pelo mundo e "pregar o evangelho a toda a criatura", é porque o cristianismo salva e, se você não concorda, você não precisa viver nesse mundo junto comigo. Então eu vou apoiar sim um governo que diz que quem pensa diferente pode ser banido, com arma com ou deixa morrer, não importa muito. Os fins justificam os meios, Ovídio?

Eu nem acho que os evangélicos não estão sendo cristãos quando votam nesse presidente que aí está. Achar que Jesus é essa figura que as pessoas pintam como um ser de paz e bem é também uma invenção. Talvez seja a hora de reconhecermos que votar de novo no presidente tem tudo a ver com o cristianismo que a gente está vendo por aí, sim. Não tem nada de diferente e nem de contraditório. 

Ah, mas deus é amor

E talvez seja amor para essas pessoas conservadoras não concordar com o que é diferente delas, já pensou nisso? Sei lá, gente. Eu não sou cristã, acho a ideia de amor cristão bem duvidoso - cheio de regras e condições que não sei se concordo completamente (tudo crê, tudo espera, tudo suporta não é comigo MESMO) -, muito parecido com história de princesa branca de final feliz que eu nunca gostei também. 

Então, antes de ficar passando vídeo dizendo que ser cristão não é ser bolsonarista, talvez a gente tenha que repensar por que é que a gente fica repetindo que ser cristão é ser tudo de muito ótimo sempre, que os ensinamentos de Jesus e quem crê nele não faz nem fala o que presidente diz. Será mesmo que os evangélicos/cristãos que você conhece são tão completamente diferentes dele assim? 

Os anarquistas.


Passada.
 

Uma coisa.

Ele disse qualquer coisa de amor ontem e depois disse eu te amo e mandou beijinhos e eu pensei

não quero que esse homem saia nunca mais da minha vida

Eu não sei o que é, mas tem coisas e jeitos e dias e palavras que ele fala do jeito que ele fala que eu penso que eu não quero mais nada, só quero ficar com ele para sempre e fim. Não acontece sempre, toda hora ou o tempo todo, mas acontece. E quando acontece, eu sinto que poderia morar naquele momento por muito tempo da vida, de tão bom que é. 

A vida é tão deliciosa porque vai acontecendo devagar e sempre, todos os dias. Todos os dias eu tenho a chance de fazer de novo uma coisa que gostei muito e começar a não fazer aquilo que não me faz bem e só por isso eu sou a pessoa mais feliz do mundo. 

Eu não quero saber de mais nada, só de quando a gente se encontra nesse lugar de amor que só a gente sabe que existe e para onde a gente vai quando tudo está desabando. 

Roda Viva: Guilherme Boulos.


40 anos, um bebê. Tão lindinho.