Você que me lê, me ajuda a nascer.

segunda-feira, outubro 31, 2022

sábado, outubro 29, 2022

sexta-feira, outubro 28, 2022

Crônicas de um cuidado.

Minha amiga Isa me indicou esse podcast. Eu gostei muito. Há muitas formas de se cuidar e ouvir as pessoas é uma delas.

segunda-feira, outubro 24, 2022

O ori da vencedora vencerá.

Meu coração está pequeno, cheio de dores e sofrimentos. Espero que Lula vença, mas essa eleição está me deixando apreensiva e preocupada? Sim. 

Ainda não consigo entender quem não vota ou quem vota em Bolsonaro. Eu não consigo entender. Fico triste, tento respirar fundo, mas não entendo. É uma dificuldade minha? É, sim, mas eu posso ter dificuldades. Vou viver com elas, assim como as pessoas vivem com as delas. Assim como as pessoas que querem viver comigo também precisam viver com as minhas dificuldades. 

Para mim, não escolher em quem votar e não participar desse momento é um tanto quanto imaturo; eu pensei assim quando eu tinha 20 anos. Eu votei nulo, eu votei em candidato com medo da minha mãe perder o emprego. Hoje, eu não preciso fazer mais isso. Eu me vejo participando muito pouco da vida política do país e acho que votar é uma das poucas vezes em que posso fazer isso. Posso fazer mais? Posso. Quero? Quero. Vou conseguir. 

Eu era muito mais envolvida em política do que hoje. Digo, eu participava de movimento social. Agora, eu só trabalho. Eu acho isso péssimo. Eu preciso encontrar um tempo na minha vida para fazer mais coisas do que só trabalhar e fazer coisas para mim. Eu vou fazer isso. Eu não acho que viver assim está OK.

Votar, para mim, é importante porque me faz tomar posição. Quem não vota não se posiciona em temas que são importantes para o país; quem não vota, se tem outra proposição e a coloca em andamento, posso até considerar. Se não, vejo com desconfiança essa ideia de que "eu não voto, mas estou me movimentando em outra direção, construindo outra alternativa". Eu quero ver (quando Zumbi chegar). 

Lula disse no Flowcast: 

Não gosta dos políticos? Seja o político que você quer ser

Aí eu lembro de Jean Willys, que fez mandatos maravilhosos e depois não teve como continuar por conta das ameaças de morte contra ele e a família. Máximo respeito por esse ser humano. Eu mesma queria ser vereadora. Acho que o modelo de democracia representativa não é o melhor, mas também não sei qual daria certo no Brasil de um tamanho desses. Não sei mesmo e, enquanto não sei, não me sinto no direito de não participar.

Torta, falha, errada, imperfeita, mas participo e defendo em quem eu voto. Com todos os erros que ele errou, não tenho nenhum problema com isso. Nunca achei que Lula salvaria a minha vida (muito embora algumas pessoas ao meu redor me digam que ele salvou a delas, sim), nunca mesmo. Nunca achei que a corrupção ia acabar em 4 anos, nem em 8. Nunca achei que o racismo ia acabar e nem que o governo, por ser do PT, ia dar conta dessas demandas todas assim, de uma vez só. NUNCA.

Eu sempre achei que seria dureza manter um governo que pensou na população, que assinou uma lei por um Brasil sem fome. Sempre achei que os ricos iam ficar se bulindo e dar um jeito de tirar esse governo de lá e fazer essa geração 90 crescer achando que não há saída e que pode ficar sem votar. 

Mas o ori da vencedora vencerá. E o do vencedor também. 

Desce a letra: Lula e Cauê Moura.


 

After the Truth: Disinformation and the Cost of Fake News (2020)


 

sábado, outubro 22, 2022

quarta-feira, outubro 19, 2022

Debate presidencial: Segundo turno.


 

Lula no Flow Podcast.


Entrevistador ruim, mas Lula é demais, sempre. Pode repetir as mesmas coisas, eu sempre assisto.

 

quarta-feira, outubro 12, 2022

Psicanalistas que falam: Maria Lúcia da Silva.


 

Casamento às Cegas, T2.


 

Pesado, Kiese Laymon.

 



Pesado é tudo que estão dizendo por aí. Eu assino embaixo. Lindo e pesado, lindo e forte, lindo e preciso, lindo e necessário. Eu vou só reproduzir duas partes do livro aqui, porque há tanto em todas as linhas (as passagens em que ele e mãe descrevem a relação dele e dela com as estudantes e a profissão também chamaram minha atenção, tal qual bel hooks)! E você precisa ler Pesado para entender o que eu estou falando, porque é na forma como ele escreve e não só o que ele escreve, é como ele faz as ideias brotarem dentro de situações tão cotidianas, como ele faz a gente pensar sobre tudo que fazemos em momentos que nem levamos em consideração durante toda uma vida. 

Eu preciso mudar tanta coisa. Obrigada, Kiese, por me ajudar com isso. Eu preciso mudar muita coisa, eu não quero falar isso e logo depois emendar que eu já mudei muita coisa, a gente faz isso para se consolar pelas coisas que mais preciso mudar, que mais doem de mudar, então eu sei que preciso mudar muita coisa, eu gosto de saber que preciso mudar e quero e vou e fim.

Qualquer transformação real implica a ruptura do mundo tal como o conhecemos, a perda de tudo que modela a identidade de uma pessoa, o fim da segurança

Você leu esse excerto acima? Peraí, vou escrever de novo:

Qualquer transformação real implica a ruptura do mundo tal como o conhecemos, a perda de tudo que modela a identidade de uma pessoa, o fim da segurança

Essa parte do livro é citação de um ensaio lido por Laymon, que me fez extremamente grata por estar viva para lê-lo, para conhecê-lo. Obrigada por todos os sentimentos que você me inspirou ao ler esse livro.

Ao final, ele diz

Vou aceitar que todas as crianças negras são dignas da liberdade e do amor mais paciente, responsável e abundante que este mundo puder produzir. E que nós somos dignos de compartilhar a liberdade e amor mais paciente, responsável com toda e qualquer criança vulnerável neste planeta.

Nós vamos descobrir igrejas, mesquitas e alpendres cujos ideais se comprometem com o amor, a liberdade e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar esses lugares com o mundo. Nós vamos descobrir psicólogos e psicólogas cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar essas pessoas com o mundo. Nós vamos descobrir professores e professoras cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar essas pessoas com o mundo. Nós vamos descobrir curandeiros e curandeiras cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar essas pessoas com o mundo. Nós vamos encontrar comunidades artísticas, cooperativas, programas de estudos e organizações jurídicas e trabalhistas cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar estes grupos e instituições com o mundo. Nós vamos lembrar, imaginar e ajudar a criar o que nós não pudermos descobrir (p. 282-283)


Sim, nós vamos.

Kiese Laymon

Intervenção.


 

7 Prisioneiros.


 

quinta-feira, outubro 06, 2022

O cristianismo que eu vejo.

Vi Boulos na entrevista do Roda Viva falando que os evangélicos votam em Bolsonaro também porque a igreja é uma rede de relações. Aí fico pensando que, se é assim, se o pastor manda votar, as pessoas não fazem apenas porque ele manda, mas porque elas querem fazer parte e, mesmo sem muitas vezes conversar sobre política, paira no ar aquela ideia de que "se o pastor falou, é o melhor". Mas não acho que seja só isso, não.

Mas, assim. Conversando com uma amiga ela disse 

eu não sei por que essa preocupação se o presidente é cristão é não se o estado é laico

Eu pensei, é mesmo, rapaz, eu quero lá saber que religião o presidente acredita, eu quero saber se ele se preocupa com as desigualdades do país. Essa deveria ser o começo da conversa. Mas eu vou voltar a esse tema, porque não dá para desconsiderar que as pessoas não sabem o que é laico quando um padre vai para um debate e pede que as pessoas o respeitem quando ele está desrespeitando todo mundo. Sei que ele não é padre coisa nenhuma, mas não importa. É como ele se apresentou e o que ele acha que ele pode falar.

Parece que muitas pessoas que frequentam igrejas são conservadoras, mesmo. Discordam de casais homoafetivos, por exemplo, e acham que votar em governo de esquerda é estimular isso. Então, mesmo que se diga que deus é amor, logo lembram que ele também é justiça e justiça, pela bíblia, é condenar aquilo que a bíblia diz que é pecado.

E pecado é amar pessoas do mesmo sexo, é a mulher querer os mesmos direitos que o homem, é a mulher ser dona do seu corpo e escolher não parir a criança, é adorar um deus que não seja pai de Jesus - ou adorar pessoas, coisas e lugares, como eu adoro adorar -, é ser plural e gostar de sentir deus de vários jeitos e gostar de vários deuses, o lance é ser mono em tudo, senão, não pode. Tem que ser um deus, uma pátria, uma família, um mundo, um amor, tudo pela vida eterna, vale até o sacrifício terreno. Quando eu fiz 18 anos, eu passei a não me interessar por essa chantagem cristã: aceitar sofrer na terra para ter a vida eterna. Quando eu era adolescente, li As viagens de Gulliver e, em uma dessas viagens que ele fazia, ele chegava num mundo que as pessoas nunca morriam, na história, ele mostrava como isso poderia ser um problema também. Eu sempre achei esse livro incrível e essa ideia de que não morrer também pode ser um saco parece que faz todo o sentido depois de passar 40 anos no mundo e ter contato com a dor e a delícia de viver.

Para além de tudo isso, se Jesus mandou ir pelo mundo e "pregar o evangelho a toda a criatura", é porque o cristianismo salva e, se você não concorda, você não precisa viver nesse mundo junto comigo. Então eu vou apoiar sim um governo que diz que quem pensa diferente pode ser banido, com arma com ou deixa morrer, não importa muito. Os fins justificam os meios, Ovídio?

Eu nem acho que os evangélicos não estão sendo cristãos quando votam nesse presidente que aí está. Achar que Jesus é essa figura que as pessoas pintam como um ser de paz e bem é também uma invenção. Talvez seja a hora de reconhecermos que votar de novo no presidente tem tudo a ver com o cristianismo que a gente está vendo por aí, sim. Não tem nada de diferente e nem de contraditório. 

Ah, mas deus é amor

E talvez seja amor para essas pessoas conservadoras não concordar com o que é diferente delas, já pensou nisso? Sei lá, gente. Eu não sou cristã, acho a ideia de amor cristão bem duvidoso - cheio de regras e condições que não sei se concordo completamente (tudo crê, tudo espera, tudo suporta não é comigo MESMO) -, muito parecido com história de princesa branca de final feliz que eu nunca gostei também. 

Então, antes de ficar passando vídeo dizendo que ser cristão não é ser bolsonarista, talvez a gente tenha que repensar por que é que a gente fica repetindo que ser cristão é ser tudo de muito ótimo sempre, que os ensinamentos de Jesus e quem crê nele não faz nem fala o que presidente diz. Será mesmo que os evangélicos/cristãos que você conhece são tão completamente diferentes dele assim? 

Os anarquistas.


Passada.
 

Uma coisa.

Ele disse qualquer coisa de amor ontem e depois disse eu te amo e mandou beijinhos e eu pensei

não quero que esse homem saia nunca mais da minha vida

Eu não sei o que é, mas tem coisas e jeitos e dias e palavras que ele fala do jeito que ele fala que eu penso que eu não quero mais nada, só quero ficar com ele para sempre e fim. Não acontece sempre, toda hora ou o tempo todo, mas acontece. E quando acontece, eu sinto que poderia morar naquele momento por muito tempo da vida, de tão bom que é. 

A vida é tão deliciosa porque vai acontecendo devagar e sempre, todos os dias. Todos os dias eu tenho a chance de fazer de novo uma coisa que gostei muito e começar a não fazer aquilo que não me faz bem e só por isso eu sou a pessoa mais feliz do mundo. 

Eu não quero saber de mais nada, só de quando a gente se encontra nesse lugar de amor que só a gente sabe que existe e para onde a gente vai quando tudo está desabando. 

Roda Viva: Guilherme Boulos.


40 anos, um bebê. Tão lindinho.

 

Vidas Negras: Contadoras de Histórias.

Tu conhece Auta de Souza? Eu não conhecia. Tem uma poesia dela aqui. Acho que minha birra de podcast foi embora. Eu estou vendo até videocast, gente. Pense.