De novo, demorei muito tempo para ler um livro que muita gente já tinha indicado para ler. Conceição Evaristo é leitura obrigatória para continuar vivendo, para sorrir e ser feliz.
Eu lembrei muito de um livro que eu amo e que já comentei aqui, A cor da ternura, de Geni Guimarães. É como se Ponciá fosse mesmo a criança de A cor da ternura que cresce e vai embora, que cresce e descobre as coisas da vida que não são da infância e fica perdida entre tentar e parar, entre ir e ficar, entre escolher ou simplesmente deixar acontecer.
O livro tem um tempo que faz você acalmar a vida e o coração toda vez que o abre, é outra rotação a vida de Ponciá e você se pergunta se algum dia vocês vão poder se encontrar enquanto você lê, você vai devagar e vai bem rápido, você para e relê páginas, você fica dias sem ler mas sempre parece que Ponciá escapa, ela escapa, você não consegue, eu não consigo, eu não consegui Ponciá. Para mim ela sempre foi tão mais do que eu, um tempo outro que me engolia antes mesmo de chegar no fim do livro, ela sempre estava antes de mim mas quando eu olhava para trás ela também estava lá, olhando para mim criança e o que que eu era ou pensava que seria quando fosse aumentando de tamanho e idade.
É angústia também, mas é também entender quem eu sou e quem foram muitas mulheres antes de mim e comigo. Conceição Evaristo é minha melhor escritora brasileira.