Olhei-me no espelho de fora da casa que mesmo partido me mostrou uma mulher bonita, forte. Me senti linda na luz do fim da tarde. Estava com brincos que um exnamorado me trouxe do Uruguai fazem alguns anos. Quando ele me deu, já éramos ex e eu sou feliz de estarmos presentes um na vida do outro até hoje, ainda que não sempre, ainda que não do mesmo jeito. Não precisa ser na mesma intensidade, mas eu gosto de levar as pessoas comigo, todas elas. Isso bagunça às vezes, mas eu não desisto.
A verdade é que essa beleza do cansaço de tentar sempre e de novo que alumiou hoje nunca me deixa. É tão bom me ver bonita depois de tantos anos, mesmo partida por dentro, remexida, carente, surpresa com as surpresas de desconhecer as pessoas, é tão bom. Chego mais perto, vejo um fio a mais na sobrancelha, mas tudo bem, tenho astigmatismo, de longe nem faz diferença.
O erê de minha vizinha mandou me chamar, disse que queria me conhecer. Me abraçou e me disse que quando eu precisar, só chamar e ele aparece. As folhas do Bembé de Santo Amaro me enchem de perfume e esperança. Acreditar, enfim.
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