Você que me lê, me ajuda a nascer.

domingo, março 31, 2019

Outono.

As estações mudam, sim. Papo furado isso de que no Brasil a gente só tem verão. Né nada. Eu sinto tudo.
A chuva, a umidez, as pessoas que fingem frio mas só está fresco. Elas querem sair na rua e botar roupa diferente daquela da estação passada, outra cara, outros ares.

Por aqui, o que tem é paz. Esses tempos alternados entre euforia, confusão, tristeza, diversão, felicidade, dá também uma vontade de ficar quietinha e ouvir o barulho do mar. 

Quero me desfazer de coisas. Comecei doando dois quadros que ganhei há muito tempo. Um deles é muito importante para mim, mas não quero mais. Não quero mais. É isso. Ele vai para uma outra casa, ainda na família, mas longe de mim. Melhor assim.

Quero me desfazer de coisas porque tem muita coisa aqui dentro? Tem muita coisa, sim. Tem mágoa, que eu não sou de ferro. Eu sou feita de lama, todo mundo sabe. A mágoa se afoga na lama e some depois de um tempo, mas a marca que ela deixa é como nódoa, demora a limpar. Eu limpo me desfazendo de coisas também. Aqui dentro também tem amor, tem saudade; então, eu me desfaço para refazer, para remoçar as vontades de viver e para esquecer aquilo que a lama não limpa.

No encontro comigo, acabo sempre aprendendo mais como me aguentar até os 100 anos. 

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