Você que me lê, me ajuda a nascer.

quarta-feira, junho 03, 2020

Chocolates.

Há cerca de duas semanas atrás, recebi em casa uma caixa de chocolates. 

Uma estudante da faculdade onde eu trabalho havia me dito que enviaria para mim uma caixa de chocolate, o que achei fofo, mas foi completamente novo e inusitado o que eu senti quando chegou. Lembrei que há muito, muito tempo, eu não ganho nada parecido e senti também que ela gostava de mim de um jeito especial, tentando me dizer isso com bilhetes e chocolates mesmo de longe, cada uma na sua casa. 

Fiquei emocionada e boba, mas o mais engraçado é que, dia após dia, enquanto eu comia os chocolates que demoraram para acabar (foi uma caixa recheada MESMO), eu fiquei pensando que muitas vezes as pessoas que amamos ou admiramos não precisam de demonstração de carinho, isso porque às vezes as vemos como referência, como alguém que nos ouve e nos ajuda, sendo assim, ela não tem problema, não sofre, não tem dilemas, não precisa de manifestação de carinho.

Não sei se ela pensou em tudo isso quando pensou em me mandar chocolates. Eu mesma não imaginei nada disso na hora, só fiquei desconcertada como todo ato de amor nos deixa, sem jeito, sem graça (mas feliz por dentro e uma sensação de importância tamanha); foi só com o tempo (e o chocolate comido devagarzinho, dia a dia), que eu percebi como me fazia bem ter aquela dose diária de carinho aqui, junto de mim, todos os dias. Lembrando-me que se às vezes eu me acho já no direito de dizer coisas à jovens de 20 anos (eu tenho quase 40, vejam vocês), também tenho meus dias de solidão e tristeza, de pensar muito sobre a vida, de tédio, de não querer mais nada além de um chocolate e palavras de amor. De querer muito isso para poder dar muito isso também por aí. 

Fiquei lembrando de pessoas que eu admiro e com vontade de fazer a mesma coisa, como uma corrente que vai se ampliando, devagar e sempre, alcançando outras pessoas. Minha mãe, amigas mais velhas, pessoas que eu admiro e amo mas que acho que, por serem fortes, não ligam se não tiverem um afago, um carinho, um chocolate. 

Tudo isso eu pensei e fiquei mais feliz, só de pensar. Queria tanto que essas palavras pudessem traduzir a paz que é quando se sabe ser amada por alguém.  

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