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segunda-feira, outubro 11, 2010

Parece uma coisa, mas não sou eu. Veja só, fui ver a companhia de dança de Ivaldo Bertazzo e de cara dei valor por ter visto no folder que apresenta o espetáculo uma dançarina e um dançarino negro. Depois fico sabendo que ele tem projetos em comunidades, vejo a dança toda e encontro mulheres e homens negros e negras de monte no espetáculo inteiro, um show. Arrisco dizer que talvez seja a companhia não-negra que mais tenha negras e negros em seu elenco, e isso é positivo, já que somos mais da metade da população, certo seria era estar representado equitativamente em todos os espaços, sem espanto.
Aí eu abro a revista E desse mês, publicação do SESC e leio Boris Schnaiderman numa entrevista respondendo:
Revista E: Quais são as condições históricas que produzem essa grande literatura?

Boris: Explicar a literatura pela história é muito difícil. É incrível como um país tão atrasado como a Rússia dá origem a essa profusão de grandes escritores sofisticados. Como é possível? É o que a gente se pergunta. Como era possível, por exemplo, o fundador da literatura moderna, Alexander Pushkin [romancista e poeta, 1799-1837], existir na Rússia naquele tempo. E ainda ele era mulato, mais essa.
O fato de Tolstoi ser "mulato" é visto por Boris como um "problema"; como pode ele ser fundador da literatura moderna, sendo além de tudo, "mulato"? Racismo? Lembro então que Boris é pai de Miriam Schnaiderman, a mesma que produziu os vídeos sobre questão racial para o curso sobre Educação das Relações Raciais, realizado pelo estado de São Paulo, em 2004.
Incompreensões.

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