Eu escondo de mim versões minhas que não gosto de conviver. Passo muito tempo sem elas, nem lembro que elas existem, mas elas estão aqui. Como quando eu lembro da raiva de uma sogra racista que eu tive; eu tive muita raiva dela e não gosto de lembrar disso, mas sei que tive e ainda não acho que quero deixar de sentir. E não é porque eu seja boazinha que não queira sentir raiva, é que dela eu não queria sentir era nada.
Raiva ainda é alguma coisa, é de um tempo que senti amor e queria ser aceita. Por isso, me dá raiva sentir raiva dela.
Eu escondo de mim as versões que não quero saber que existem. Como minha falta de traquejo com redes sociais. Lembrar disso me faz ver o quão coisas estúpidas me fragilizam. E eu não quero saber que eu sou isso também.
Ao mesmo tempo, não gostar de versões de mim e escondê-las é saber que elas existem e, como eu não preciso me perdoar, ao fim e ao cabo estou convivendo com todas elas aqui. Só finjo fingir para não ficar tão cansativo, tudo ao mesmo tempo não seria possível, nem se eu tivesse duas vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário