Você que me lê, me ajuda a nascer.

sábado, janeiro 15, 2022

Ensinamento.

Foi aí que em um hora e meia de viagem, ela me explicou tanta coisa da vida que eu não imagino como é que eu vivi até hoje sem ouvir aquelas palavras. Ela fez questão de sentar ao meu lado e falou sem parar. Me fez rir quase todo o tempo e por fim, arrematou:

Quando eu era mais jovem, eu me perguntava porque é que meus namorados sempre me traíam. Eu ficava pensando, é porque tenho estria? É porque meu cabelo está desarrumado, minha unha não está feita? Não... hoje eu percebo que não é nada disso. Ele vai te trair, ele sempre vai te trair. Sempre. Se até Bruna Marquezine é traída, porque não eu e você? Imagina, que nada. Os homens sempre vão fazer isso, sempre. As amigas dizem, "ah, você está feia, é por isso". Mas não é. Não é.  

Ela ficou repetindo essa conversa algum tempo, como se para ter certeza que eu estava entendendo. E eu ali, ouvindo aquela certeza toda saindo de sua boca, fui curada sem nem ela saber. 

Eu quis dizer a ela que não era só isso, mas também que eles sempre vão descumprir acordos, sempre vão dar mancadas, vão fazer seu coração ficar apertado e vão fazer você não se sentir especial, não importa o que você faça ou quem você seja. Diferente de Margaret, esposa de Grange Copeland, eu não lutaria com a explicação de que tudo isso é necessário para criar respeito próprio e senso de masculinidade. 

Mas não precisei dizer nada. Ela sabia tudo. Chegou meu ponto e eu desci, certa de que se tivesse encontrado ela há um mês atrás, a vida teria sido mais fácil. 

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