Você que me lê, me ajuda a nascer.

quarta-feira, outubro 12, 2022

Pesado, Kiese Laymon.

 



Pesado é tudo que estão dizendo por aí. Eu assino embaixo. Lindo e pesado, lindo e forte, lindo e preciso, lindo e necessário. Eu vou só reproduzir duas partes do livro aqui, porque há tanto em todas as linhas (as passagens em que ele e mãe descrevem a relação dele e dela com as estudantes e a profissão também chamaram minha atenção, tal qual bel hooks)! E você precisa ler Pesado para entender o que eu estou falando, porque é na forma como ele escreve e não só o que ele escreve, é como ele faz as ideias brotarem dentro de situações tão cotidianas, como ele faz a gente pensar sobre tudo que fazemos em momentos que nem levamos em consideração durante toda uma vida. 

Eu preciso mudar tanta coisa. Obrigada, Kiese, por me ajudar com isso. Eu preciso mudar muita coisa, eu não quero falar isso e logo depois emendar que eu já mudei muita coisa, a gente faz isso para se consolar pelas coisas que mais preciso mudar, que mais doem de mudar, então eu sei que preciso mudar muita coisa, eu gosto de saber que preciso mudar e quero e vou e fim.

Qualquer transformação real implica a ruptura do mundo tal como o conhecemos, a perda de tudo que modela a identidade de uma pessoa, o fim da segurança

Você leu esse excerto acima? Peraí, vou escrever de novo:

Qualquer transformação real implica a ruptura do mundo tal como o conhecemos, a perda de tudo que modela a identidade de uma pessoa, o fim da segurança

Essa parte do livro é citação de um ensaio lido por Laymon, que me fez extremamente grata por estar viva para lê-lo, para conhecê-lo. Obrigada por todos os sentimentos que você me inspirou ao ler esse livro.

Ao final, ele diz

Vou aceitar que todas as crianças negras são dignas da liberdade e do amor mais paciente, responsável e abundante que este mundo puder produzir. E que nós somos dignos de compartilhar a liberdade e amor mais paciente, responsável com toda e qualquer criança vulnerável neste planeta.

Nós vamos descobrir igrejas, mesquitas e alpendres cujos ideais se comprometem com o amor, a liberdade e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar esses lugares com o mundo. Nós vamos descobrir psicólogos e psicólogas cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar essas pessoas com o mundo. Nós vamos descobrir professores e professoras cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar essas pessoas com o mundo. Nós vamos descobrir curandeiros e curandeiras cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar essas pessoas com o mundo. Nós vamos encontrar comunidades artísticas, cooperativas, programas de estudos e organizações jurídicas e trabalhistas cujos ideais se comprometam com o amor, a liberdade, a memória e a imaginação das crianças negras. Nós vamos compartilhar estes grupos e instituições com o mundo. Nós vamos lembrar, imaginar e ajudar a criar o que nós não pudermos descobrir (p. 282-283)


Sim, nós vamos.

Kiese Laymon

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