Os livros de Chigozie, quando acabam, deixam uma sensação de abandono total. Como se você tivesse sido deixada por um amigo especial e fiel, que tinhas à mão sempre que te sentisses só. Não sei explicar, só lendo. Na verdade, talvez nem lendo você sinta essa mesma coisa que eu.
Olhe, é assim. Chigozie não escreve para te convencer de nada, nem para te salvar. Ele escreve. É isso, mas ao escrever, só escrever, sem essa pretensão de resolver o mundo, ele te apresenta as coisas como elas são, como você deveria aprender a ver, porque a vida é isso mesmo, ela é. Ela se impõe, existe e acontece. Você é que precisa aprender a ver mais que o só, se quiser também. Ele não te conduz facilmente a entender a exposição das personagens. É assim que leio. Não gosto de ninguém quando leio, mas subitamente sou tomada de amor por Chinonso, personagem principal.
O livro fala de imigração, mas de um jeito que subverteu meu entojo pelo tema nos últimos livros que li, Chimamanda e Noviolet (essa segunda menos que a primeira). Ele pega o tema e bagunça inteiro na sua cabeça. Não tem como você resolver nada, mas não quer dizer que você fique em cima do muro também. É só lendo as 450 páginas que você pode começar a entender qual é a sensação de estar de frente com o tema e com os assuntos do livro, eu aqui falando não adianta muita coisa.
Tem de ler, tem de ler, tem de passar pela prova, mesmo. Da vida, da literatura. Tem como não.
Estamos irremediavelmente destinados a viver e a ler, porque eu não vou lembrar de todas as vidas que tive, eu leio para viver as vidas que não vivi, assim como viajo e escuto conversas em ônibus, avião, bar.
É só para isso que eu estou aqui, eu acho. Todas as outras coisas - trabalho, dinheiro, obrigações - é só para fazer essa parte da vida funcionar.
Chigozie Obioma
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