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quinta-feira, maio 13, 2021

A vida não é útil, Ailton Krenak.

 


Quem não leu, tem de ler, né? Nem preciso dizer isso mais. São textos de palestras que Krenak fez durante a pandemia, quem não leu, tem de ver. Ou não veja e não aprenda nada de novo. Não se sinta provocado repensar sua própria existência. Não leia e não comece a fazer nada de novo na sua vida.
A vida não é útil, um paradoxo para um livro tão útil, que não quer ser útil, que não precisa ser. Estranho, né? Estranho é comer e não saber de onde vem, é jogar lixo fora e não saber para onde vai, é estar aqui há tanto tempo e não ser consumido pelo mundo. 
De verdade, eu muitas vezes nem sei porque a gente está aqui ainda. E também eu não morrerei triste se conseguir vir a tragédia que me matará. Como agora. 

Tem uma coisa que Ailton diz, desde os outros livros que li e palestras que assisti, me toca muito, essa coisa de dizer que os povos originários sempre viveram com a falta, não foi a pandemia que trouxe isso. Ele, nesse livro, conta que o povo Krenak não quer sair das terras onde estão, mesmo com todo o arraso que estão fazendo, porque eles não vão fugir, vão ficar e viver enquanto a vida assim como conhecem se apresentar. Isso é fantástico. A gente não entende disso. Só quem já foi folha, vento e rio é que sabe o que é isso que ele está falando.

Obrigada.

                                                      Ailton Krenak


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