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quinta-feira, maio 13, 2021

(Mais) uma história de amor.

Entro no carro e Severino começa a me contar histórias. Eu pergunto, eu gosto de saber. Aí ele me fala que é casado há 33 anos e ainda hoje viaja com a mulher para o Carnaval de Salvador. Sabe o melhor lugar para ficar e onde é mais seguro, onde a cerveja é mais gelada e o que se deve fazer para aproveitar tudo. 

Eu fico tão interessada que ele para o carro, chegamos ao destino e ele não vai embora, porque eu comecei a contar para ele de uma outra festa em Salvador que ele não conhece e agora quer ir, assim que acabar a pandemia. Ele toma nota. Ele quer ir, disse que vai com a mulher. 

Pergunto se ele a ama, ele me diz que a ama sim, que a ama mais do que tudo, abaixo de seu pai e de sua mãe. Que ela é a coisa mais chata que ele já viu na vida, mas que com certeza ela deve achar isso dele também. Que ainda hoje, fazem pirraça um ao outro, brigam e ficam meia hora sem se falar. 

Eu me emociono com essas pérolas que eu encontro no meio do dia assim, numa viagem de 20 minutos. Eu deveria olhar a paisagem, mas não consigo deixar de olhar a mão grossa de Severino que se agita quando ele conta sua história de amor, fico imaginando a casa dele, a esposa, os filhos, as viagens... Diz que agora, o filho de 16 anos agora quer ir junto com a namorada em suas viagens com a mulher, mas ele gosta mesmo é de pegar a estrada com ela. Há 33 anos.

Não tem como não gostar de viver. Todos os dias, quando alguém tenta me roubar essa beleza que é a vida, eu encontro Severinos para me fazer sorrir de novo.

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