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sábado, junho 22, 2019

O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras, bell hooks.


Muitos homens que passaram pela minha vida deveriam ler esse livro. Tive ímpetos de enviar alguns capítulos a cada um deles, preocupada que estou com as mulheres que com eles se relacionam atualmente. Eu não sei, talvez ainda faça isso. Fiquei triste ao perceber como muitas de nós precisamos encontrar mais homens que possam ser companheiros nessa estrada que é a tentativa de um relacionamento menos desigual.

hooks fala coisas são simples, que me fazem pensar, "é isso mesmo"! Como é que eu nunca pensei que na verdade o que as mulheres negras precisam não é ter um emprego mas sim, autossuficiência econômica para ter bem estar? 

Para além disso, frequentemente eu me pego passando por situações em que homens reconhecem minha autossuficiência econômica e acreditam que podem manipular meus sentimentos ou emoções fazendo cenas de ciúme ou me acusando de falta de atenção ou carinho. Eles também tentam compensar o abuso psicológico com recompensas - que eu acho que funcionam mais para eles do que para mim. Eu poderia ter pena, mas aprendi a me afastar de pessoas que querem me imputar coisas que não são de minha responsabilidade.  

Emocionei-me deveras com os capítulos "Amar novamente: o coração do feminismo" (p. 145) e "Maternagem e paternagem feminista" (p. 109). Eu poderia copiar muitos parágrafos, mas eu vou apenas dizer que 

quando aceitarmos que o verdadeiro amor é fundamentado em reconhecimento e aceitação, que o amor combina com cuidado, responsabilidade, comprometimento e conhecimento, entenderemos que não pode haver amor sem justiça. Com essa consciência, vem a compreensão de que o amor tem o poder de nos transformar e nos dar força para que possamos nos opor à dominação. Escolher políticas feministas é, portanto, escolher amar.  (p. 150). 

Ao mesmo tempo, também comemoro o fato de conhecer homens para quem ler este livro seria uma demonstração do meu carinho, porque com eles eu percebo que é possível acreditar num amor heterossexual entre pessoas negras, ainda que haja machismo, racismo estrutural/instituticional e homofobia. Para estes, com estes, li o livro sorrindo emocionada, lembrando-me de como eles adorarão se encontrar nestas páginas quando lerem sobre como ser companheiro e que "onde há amor não há dominação".

Onde há amor, não há abuso.
Onde há amor, não há violência, seja ela qual for.

Esse homens precisam ter certeza de quanto fazem a diferença no mundo que temos hoje. Para um deles, esse livro será doado. Não por coincidência, para aquele que eu escolhi e que quero muito que viva perto de mim por muito tempo. 

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