Tanta coisa acontecendo e eu terminando mais um livro. Como com os filmes, não vou mais resenhar nada. Apenas escreverei algumas partes que me chamaram a atenção. Lá vai:
Desde que tinham se conhecido, cinco anos antes, Esther tinha sido que o incentivava a voltar para casa. Ela dizia que era alguma coisa ligada ao perdão, mas Yaw não sabia ao certo se acreditava no perdão. Ele ouvia essa palavra com maior frequência nos poucos dias em que ia à igreja dos brancos, com Edward e a sra. Boahen e, às vezes, com Esther. E, por isso, a palavra tinha começado a lhe parecer uma ideia que os homens brancos tinham trazido consigo quando chegaram pela primeira vez à África. Um truque que seus cristãos tinham apreendido e do qual falavam com liberdade e eloquência para o povo da Costa do Ouro. Perdão, gritavam eles, enquanto cometiam iniquidades o tempo todo. Quando era mais jovem, Yaw se perguntava por que eles não pregavam que as pessoas deveriam evitar fazer o mal logo de uma vez. Mas, quanto mais madurecia, mais ele entendia. O perdão era um ato realizado depois do fato, uma parte do futuro da má ação. E se você fizer com que as pessoas olhem para o futuro, talvez elas não vejam o que está sendo feito para prejudicá-las no presente (p. 353).
Ela parou de andar. Pelo que sabiam, estavam parados em cima do que antigamente era uma mina de carvão, uma sepultura para todos os prisioneiros negros que tinham sido recrutados para trabalhar ali. Uma coisa era pesquisar um assunto. Outra totalmente diferente era ter vivido aquela situação. Ter sentido como era. Como explicar a Marjorie que o que ele queria capturar com seu projeto era o sentimento do tempo, de ter sido parte de alguma coisa em um passado tão remoto, tão impossivelmente grande, que era fácil esquecer que ela, ele e todos os demais existiam ali – não separados, mas ali dentro. Como poderia explicar a Marjorie que ele não deveria estar ali? Vivo. Livre. Que o fato dele ter nascido, de não estar em alguma cela de cadeia em algum lugar, não decorria de um enorme esforço próprio, não de trabalho árduo nem da crença no sonho americano, mas do mero acaso (p. 436).
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