Você que me lê, me ajuda a nascer.

segunda-feira, outubro 03, 2011

Algumas notas sobre o amor e palavra.

Às vezes me pergunto onde aprendi a falar tudo que sinto para todas as pessoas que posso. Minha mãe, sim, minha mãe. Lembro que a última coisa que a ouvi falando pro seu namorado, um dia em que estávamos almoçando juntas foi que

você tem que falar o que sente, pra a outra pessoa poder te ajudar, se você não faz isso, tudo fica mais difícil 

Ela falou mais coisas, mas eu não me lembro. Eu fui criada nesse ambiente em que a gente podia falar o que pensava. E acho que continuo fazendo isso, porque me fortalece. Sempre que posso falar o que sinto para as pessoas, amor ou raiva, mágoa, durezas, eu acabo ficando mais bonita e mais forte. Eu acho.

Lembrei agora de um blog que li sobre uma moça apaixonada por um moço que não a queria mais. Eles haviam namorado por oito anos e acabou. Mas ela continuava ali, declarando seu amor por ele. Eu conheço o moço, meu amigo de longa data, de antes do namoro. Mas não a conheço. E fiquei meio triste de ver seu lamento ali, online para quem quisesse ouvir. Não gosto disso e assim, não vou me lamentar aqui. 

Queria só lembrar do sorriso, das palavras, do vestido, dos filmes, do sono, do chá, da tosse, do cheiro, do carinho. Queria lembrar do choro, das lágrimas, do abraço. Mas sei que não vou conseguir lembrar só disso e vou lembrar dele também. Das palavras ditas, dos olhares, da tristeza. Algumas pessoas me disseram que talvez não fosse bom dizer tudo, mas eu não acho bom esse jogo do entrega um pouco e segura quase tudo, eu gosto de me desbragar de tudo que eu sinto, de amor, de amor, de todos os sentimentos, gosto de sentir. Ir a fundo, acordar chorando, ir dormir sorrindo. Oito ou oitenta, eu.

É muito bom sentir amor depois de tanto tempo. E um amor que me faz melhor, que me deixa viva. É bom falar sobre o amor, mas talvez não seja bom, pelo menos não agora, talvez não seja bom alimentá-lo. Deixa ele dormir um soninho modornento, daqueles que com um sussurrinho de nada acorda, deixa ele. 

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