Você não vai acreditar, mas eu penso nele o tempo todo.
O tempo todo. Penso às vezes que estou enlouquecendo. Falo sozinha, invento histórias, desisto delas, faço outras coisas e o pensamento volta.
Penso nele, lembro dele. Não consigo dimensionar o tamanho da dor que sinto. Não consegui desligar. Não consigo acreditar que não fui amada.
Acho que nunca vou conseguir dizer para ele o quanto ele me deixou magoada com tudo que fez e o que não fez. Com os silêncios e as covardezas.
Ponho música e podcasts para parar de lembrar. Ai sento na varanda e lembro dele, sem nem precisar fechar o olho. Ele ali, fazendo qualquer coisa. Já mudei as coisas de lugar, mas ele ainda continua no mesmo canto esquerdo do meu coração.
Vai passar, todo mundo diz isso. E eu lembro que isso é só um trecho da música de um tal Chico Buarque, na minha cabeça e no meu coração o que tem é uma coisa doída, uma coisa que não estancou porque nem sangrou.
Eu só consigo pensar que quando eu cansei, ninguém estava ali para me estender a mão. E aí a raiva se mistura à mágoa, eu choro e o sono chega. Eu tenho certeza que foi a melhor coisa que tinha de ser para acontecer tudo, a paixão, o amor, a dedicação e a dor. Não tem saída, vamos viver tudo que há para viver, é o que eu quero, sim. Pode crer.
Quando amei, contei aqui. Quando dói, é aqui também que vai ser onde meu coração vai desaguar. Há dias que a água que rola do olho se mistura com o sorriso por sentir e estar viva, não posso me esquecer dessa sensação para continuar de pé.