Eu queria ter virado água.
Se eu virasse água, teria doído menos, eu sei.
Chorei tanto para conseguir que isso acontecesse, mas não funcionou. Quando abri os olhos, eu ainda estava ali, mesmo lugar, claridade e pessoas ao meu redor.
Eu não queria ver ninguém. Ver as pessoas era a confirmação de que eu estava viva e de que todo mundo viu que doeu.
Eu queria ter virado água.
Ido embora, com a força da chuva que caiu à noite. Forte, certeira, quente, verdadeira.
Como o meu sofrimento represado por lençóis que abafaram meus gritos. Meus lamentos.
Passei a noite em claro procurando respostas. Consultei até buscadores de internet, porque estive cansada de consultar meu coração e só encontrar tristeza. Eu queria um alento que me fizesse transbordar, mas só o que tive foi a certeza de que sentimento ruim pode voltar a qualquer momento, mesmo com as pessoas mais incríveis do seu lado.
Porque as pessoas são essa coisa chamada confusão e às vezes você está bem no meio disso tudo para elas.
Queria que toda a água virasse confete, mas isso não aconteceu. Não virei água, não virei confete.
Abri os olhos e a vida continuava no mesmo lugar.
Mesmo lugar.
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