O tempo é um bicho engraçado, fugidio, rasteiro.
Mudar de cidade e aprender os tempos do lugar é sempre um desafio gostoso de viver, dá agonia de saber como vai ser, mas quando acontece, a gente se perde (e também se acha).
Estou vivendo numa avenida de uma pequena cidade. Há o barulho dos carros, das motos. Das motos, das motocas, motocicletas, muitas. Sempre. Tantas.
Há as pessoas passando, aquelas que ficam com seu grito indescritível:
Ó o quiabo novinho, freguesa
Olha a poooooolpa!
E as pessoas que passam conversando alto, tomando parte de quem passa, de quem fica, de quem não voltou. Gesticulam, falam da vida, se espantam, chamam atenção, conversam, sorriem, puxam papo.
O moço me viu duas vezes, na primeira eu queria informação sobre carreto, na segunda perguntou se eu consegui mudar. Contei minha história, descobri que o moço do carreto era seu parente, me convidou pra uma festinha no final de semana. A mãe dele passava e chamou os dois, vem aqui, Miro, traz ela, comi arroz doce quando era quase meio dia. Mas não importa, amo arroz doce, amo casa dos outros, amo conhecer gente nova.
Ela é uma senhora, mas também tem uma moto. Me mostrou a moto, o capacete, riu da minha cara quando eu disse que não sabia guiar nem bicicleta. Disse que ia me ensinar, pra aparecer na pracinha que ela está ensinando a neta aos sábados pela manhã.
Vim embora sem querer vir. Só vim.
Como o tempo.
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