Você que me lê, me ajuda a nascer.

domingo, novembro 13, 2011

Calundu.

Sentada no trem, voltando para casa, esfrego as mãos uma na outra como que tentando apagar o cheiro dele que ainda estão entre meus dedos, minha memória. O trem parado e a moça no trem fala a estação mas eu só penso em chegar em casa para tomar um banho, esfregar as mãos, esfregar as mãos. Era sempre isso que eu fazia quando queria esquecer alguma coisa.
Foi tudo tão rápido mas pela primeira vez foi tão intenso. Pessoal, verdadeiro, sincero. Quase amor.
Mas tinha uma bolsa no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma bolsa (ou era em cima da mesa?).
Passei correndo, mas não sem antes aspirar o seu cheiro empesteado no quarto inteiro. Seu cheiro, suas coisas, minhas coisas.
Sigo no trem com um bico do tamanho do mundo, ainda sem saber com raiva de quem. Acho que do cheiro, tão pessoal, original.
Desço do trem, tomo uma lotação. Eu sempre morei longe. Acho que isso me ajuda a pôr as ideias no lugar antes de chegar em casa. Mas hoje, quando chego em casa, elas ainda estão embaralhadas. Deve ser o cheiro, o perfume.
E eu, antes tão poderosa, hoje ligo para três pessoas, amiga, amigo, amiga. Quero falar, mas também quero ouvir. As palavras saem emboladas e depois choro no banho, como uma Candace. Sem tirar o salto. Chorar de salto alto te dá dignidade. Uma coisa de topo do mundo. Mas não, eu não tenho salto alto. Choro debaixo do chuveiro de pé no chão.
E ainda lembro... do amor, do riso, e da bolsa. Da sensação de impotência...

Durezas.

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