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quarta-feira, setembro 29, 2010

Solidariedade Silenciosa.

Essas coisas todas me comovem também. Quem pega ônibus para ir à Universidade de São Paulo e desce na estação Cidade Universitária pode atestar o que digo: todos os dias, muita gente que não precisa do tíquete para o metrô na Vila Madalena mas tem direito a este, por ter viajado no trem, pega e doa a qualquer outra pessoa que está vindo em direção ao trem, bastando para isso que ela lhe peça. Muitas vezes nem um comentário é feito, a pessoa, que vem em direção contrária, vê na mão do passageiro o bilhete, e inferindo que este não vai usar por que tomou direção contrária ao metrô, acena com a cabeça e este lhe passa. Assim, sem muita conversa. Um outro modo é depositar, dentro de uma garrafa PET cortada ao meio, que fica na portaria de pedestre da referida Universidade, seu tíquete, certo/a de quem alguém que dele precisará poderá recolhê-lo. Essa solidariedade custa R$2,40 por dia, que é o preço da passagem do metrô. Parece pouco, mas é bastante caro se multiplicado pelos dias do mês. É caro também pelo gesto. Essas solidariedades, silenciosas assim, numa cidade de concreto, me comovem. Depois que escrevi o título, pensei no SS das palavras. Lembrei do SS nazista. Seriam essas solidariedades silenciosas típicas de regimes ditatoriais?

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