Luís Gama, gatinho.
A aversão dos/as paulistanos/as pelos/as baianos/as vem de longa data. Carta de Luís Gama a Lúcio de Mendonça, quando de sua chegada à São Paulo, vindo de Salvador vendido pelo seu próprio pai (Cf. Carta de Luiz Gama a Lúcio de Mendonça, São Paulo, 25 juillet 1880, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Seção de manuscritos. Outras reproduções : «Carta de Luiz Gama a Lúcio de Mendonça», O Estado de São Paulo , 13 mai 1931 ; Sud Menucci, «A Carta de Luiz Gama a Lúcio de Mendonça», in O precursor do abolicionismo no Brasil, op. cit., pp. 19-26 ; «Autobiografia», Obras Completas de Luiz Gama, org. de Fernando Góes, São Paulo, Edições Cultura, 1944, pp. 177-181 (Fernando Góes foi o primeiro a apresentar este documento com tal título, que se repete em reproduções posteriores deste documento) ; Roberto Schwarz, «A Autobiografia de Luiz Gama», Novos Estudos CEBRAP, n° 25, outubro de 1989, pp. 136-141.):
Fui escolhido por muitos compradores, nesta cidade, em Jundiaí e Campinas ; e, por todos repelido, como se repelem coisas ruins, pelo simples fato de ser eu «baiano». Valeu-me a pecha! O último recusante foi o venerando e simpático ancião Francisco Egídio de Sousa Aranha, pai do Exmo. Conde de Três Rios, meu respeitável amigo. Este, depois de haver-me escolhido, afagando-me disse:
— Hás de ser um bom pajem para os meus meninos; dize-me : onde nasceste ?
— Na Bahia, respondi eu.
— Baiano? - exclamou admirado o excelente velho. — Nem de graça o quero. Já
não foi por bom que o venderam tão pequeno.
Repelido como «refugo», com outro escravo de Bahia, de nome José, sapateiro, voltei para casa do sr. Cardoso, nesta cidade, à rua do Comércio n°2, sobrado, perto da igreja da Misericórdia.
Com mais alegria de ser baiana então.
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