Eu acho que todo mundo tem que ir lá ver as fotos expostas no Teatro de Arena feitas por Louis Agassiz para compreender de que modo homens brancos construíram o saber que hoje em dia cremos ser neutro, imparcial.
Estava com um amigo nigeriano que via as fotos e ia me dizendo:
esse aqui parece meu pai
esse meu tio
ah, acho que esse é ibo
Fiquei ainda mais comovida com aquelas fotos de gente preta tratadas como objeto de estudo para a comprovação de que sim, os negros e as negras são seres inferiores. O cara, esse tal suíço Agassiz, saiu de lá das Zoropa atrás dos mulatos degenerados aqui no Rio de Janeiro e em Manaus, fotografando homens e mulheres nuas, perseguindo a bizarra ideia de que com as teorias frenológicas era possível comprovar tal inferioridade.
A última foto não é de Agassiz e apresenta uma das autoras do livro que está sendo divulgado junto com a exposição em tríptico fotográfico, tal qual fazia o racista suíço com as/os modelos negros/as que ele forçadamente submetia à sua câmera: Sasha Huber está nua, como se imitasse aquelas mulheres negras, que, inversamente, não pediram para serem fotografadas e nem poderiam fazer disso um libelo contra a escravização a que eram sujeitadas (é possível ver pelas fotografias as marcas do chicote). Fiquei assim sem entender o que ela desejava com a foto.
Me tirou a sensibilidade e me deixou entristecida. Por que não achei que fosse necessário essa "experimentação", esse "colocar-se no lugar": a pimenta no dos outros continua sendo refresco, mesmo quando a gente se compadece.
Melhor tentar ficar calado/a. Pelo menos por alguns minutos, enquanto todas aquelas fotos passam pela nossa cabeça, corpo, coração.
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