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sábado, setembro 18, 2010

Sensibilidades.

Eu acho que todo mundo tem que ir lá ver as fotos expostas no Teatro de Arena feitas por Louis Agassiz para compreender de que modo homens brancos construíram o saber que hoje em dia cremos ser neutro, imparcial.
Estava com um amigo nigeriano que via as fotos e ia me dizendo:
esse aqui parece meu pai
esse meu tio
ah, acho que esse é ibo
Fiquei ainda mais comovida com aquelas fotos de gente preta tratadas como objeto de estudo para a comprovação de que sim, os negros e as negras são seres inferiores. O cara, esse tal suíço Agassiz, saiu de lá das Zoropa atrás dos mulatos degenerados aqui no Rio de Janeiro e em Manaus, fotografando homens e mulheres nuas, perseguindo a bizarra ideia de que com as teorias frenológicas era possível comprovar tal inferioridade.
A última foto não é de Agassiz e apresenta uma das autoras do livro que está sendo divulgado junto com a exposição em tríptico fotográfico, tal qual fazia o racista suíço com as/os modelos negros/as que ele forçadamente submetia à sua câmera: Sasha Huber está nua, como se imitasse aquelas mulheres negras, que, inversamente, não pediram para serem fotografadas e nem poderiam fazer disso um libelo contra a escravização a que eram sujeitadas (é possível ver pelas fotografias as marcas do chicote). Fiquei assim sem entender o que ela desejava com a foto.
Me tirou a sensibilidade e me deixou entristecida. Por que não achei que fosse necessário essa "experimentação", esse "colocar-se no lugar": a pimenta no dos outros continua sendo refresco, mesmo quando a gente se compadece.
Melhor tentar ficar calado/a. Pelo menos por alguns minutos, enquanto todas aquelas fotos passam pela nossa cabeça, corpo, coração.

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