Você que me lê, me ajuda a nascer.

segunda-feira, setembro 20, 2010

Meu pai e Marina.

Lá em casa, quando eu era pequena, tinha uma pasta com cifras de músicas. Eu tinha uns seis anos. Nunca vi meu pai tocando violão, mas lembro da pasta como se fosse hoje. Era aquelas com plástico para cada folha de ofício, preta. Muitas músicas de Roberto Carlos, e uma música de Dorival Caymmi que eu não entendia muito, achava a letra engraçada:

Marina, morena Marina, você se pintou Marina, você faça tudo Mas faça um favor Não pinte esse rosto que eu gosto Que eu gosto e que é só meu Marina, você já é bonita Com o que deus lhe deu Me aborreci, me zanguei Já não posso falar E quando eu me zango, marina Não sei perdoar Eu já desculpei muita coisa Você não arranjava outra igual Desculpe, Marina, morena Mas eu tô de mal

Marina, morena Marina, você se pintou Marina, você faça tudo Mas faça um favor Não pinte esse rosto que eu gosto Que eu gosto e que é só meu Marina, você já é bonita Com o que deus lhe deu Me aborreci, me zanguei Já não posso falar E quando eu me zango, marina Não sei perdoar Eu já desculpei muita coisa Você não arranjava outra igual Desculpe, Marina, morena Mas eu tô de mal De mal com você De mal com você.

Eu não entendia por que cargas d'água ele ficava zangado com Marina só por que ela botou um batonzinho. Não entendia de machismo e outras coisitas mais. Mas quando eu ouvi a música a primeira vez achei a melodia bonita, apesar da letra meio sem sentido pra mim. Me soava melancólica. A gente nem escolhe tanto as coisas que faz lembrar e esquecer alguém, as coisas. Nem sei por que lembro do meu pai quando lembro dessa música, já que nunca o vi tocando (na verdade, quando nasci lá em casa nem violão tinha, só a pasta mesmo). Mas talvez seja por isso que eu não goste tanto de maquiagem. E talvez isso tenha a ver com Marina (que é um nome que eu gosto muito, depois do meu, obviamente), Caymmi e meu pai.
Vai saber.
Quer ouvir? Vem aqui.

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