Lá em casa, quando eu era pequena, tinha uma pasta com cifras de músicas. Eu tinha uns seis anos. Nunca vi meu pai tocando violão, mas lembro da pasta como se fosse hoje. Era aquelas com plástico para cada folha de ofício, preta. Muitas músicas de Roberto Carlos, e uma música de Dorival Caymmi que eu não entendia muito, achava a letra engraçada:
Marina, morena
Marina, você se pintou
Marina, você faça tudo
Mas faça um favor
Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita
Com o que deus lhe deu
Me aborreci, me zanguei
Já não posso falar
E quando eu me zango, marina
Não sei perdoar
Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outra igual
Desculpe, Marina, morena
Mas eu tô de mal
Marina, morena
Marina, você se pintou
Marina, você faça tudo
Mas faça um favor
Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita
Com o que deus lhe deu
Me aborreci, me zanguei
Já não posso falar
E quando eu me zango, marina
Não sei perdoar
Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outra igual
Desculpe, Marina, morena
Mas eu tô de mal
De mal com você
De mal com você.
Eu não entendia por que cargas d'água ele ficava zangado com Marina só por que ela botou um batonzinho. Não entendia de machismo e outras coisitas mais. Mas quando eu ouvi a música a primeira vez achei a melodia bonita, apesar da letra meio sem sentido pra mim. Me soava melancólica. A gente nem escolhe tanto as coisas que faz lembrar e esquecer alguém, as coisas. Nem sei por que lembro do meu pai quando lembro dessa música, já que nunca o vi tocando (na verdade, quando nasci lá em casa nem violão tinha, só a pasta mesmo). Mas talvez seja por isso que eu não goste tanto de maquiagem. E talvez isso tenha a ver com Marina (que é um nome que eu gosto muito, depois do meu, obviamente), Caymmi e meu pai.
Vai saber.
Nenhum comentário:
Postar um comentário