Quando eu era pequena, eu lembro que, quando o sol batia em qualquer canto da casa e uma poeira fina levantava ali, eu achava que era mágica. Passava um tempo, olhando, a poeira suspensa do chão, na luz do sol que incidia em alguma parte da casa.
Eu achava que era o sol que tinha esse poder, de virar pedacinhos de luz e brilhar. Eu não poderia imaginar que a poeira pudesse ser vista e que poderia brilhar. Poeira é... só sujeira, e sujeira não pode ser bonita, assim aprendi. Além disso, mesmo quando o chão ou os móveis estavam limpos, aqueles pedacinhos ficavam ali, flutuando no raio de sol.
Quando eu punha a mão onde o raio de sol batia, eu não conseguia agarrar nada. Eu via, mas não sentia. Seria ilusão?
Ainda hoje, quando vejo esse fenômeno acontecendo, penso na mágica. Na mágica que é ver e não sentir, ou sentir e não ver, também. Tudo isso ainda me surpreende. E eu não quero saber explicação científica, não. Não preciso saber de tudo, a vida perderia metade de graça se fosse assim.
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