Quando estou aqui, o tempo para e a vida parece não ter o controle que eu imprimo. Os gatos que chegaram da rua tomam conta do sofá e não me deixam esticar completamente. Eles fazem barulhos que podem me dar medo à noite.
O quintal tem muitas folhas e não é do jeito que aparece na revista, ele só existe ali, rede e folhas e pés sujos de terra. O chuveiro, que não para de cair água depois que eu desligo, me fazem lembrar, de novo e sempre, que a vida não é só minha, ela também pode ser de outras pessoas e coisas que eu não controlo.
A moça do aplicativo de meditação diz assim
e agora, quando achar que estiver pronta, abra os olhos
No exato instante que ela fala isso, todos os dias eu penso que nunca estou pronta, mas sempre abro os olhos.
Meu amigo me lê poesias de Fernando Pessoa quando é Alberto Caeiro:
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir... (PESSOA, 2018, p. 78
E eu penso
E graças a mim
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