Você que me lê, me ajuda a nascer.

sábado, março 06, 2021

Adeus, Gana, de Taye Selasi.


Uma amiga não disse que amou, um amigo não gostou muito, lá fui eu ler. No começo, não consegui me prender à história e fui indo, indo. A escrita não é polifônica mas tenta ser, de um outro jeito que não se se me convence ou se gosto. Mas fui indo. No meio, comecei a entender coisas que não fazia sentido no começo e me senti amiga do livro. 
É a história de uma família que, ainda que despedaçada, vive e tenta se reencontrar de algum jeito. O pai, após um incidente em sua carreira profissional, decide ir embora de casa. Isso mesmo, quatro filhos e uma esposa, imigrante nos EUA e decide simplesmente ir embora. Apesar disso, o livro quase não fala de como a mulher se sentiu ou como refez a vida - algumas atitudes em relação às crianças são narradas, mas não sei dela. O livro tenta falar um pouco mais sobre os quatro filhos, dois deles gêmeos, mas ainda assim, acho que não dá conta. Fica muita coisa engasgada entre as páginas, entre os capítulos. Mas, pode ser que seja para ser assim também, e tá bom, não é isso que não deu certo para mim. Eu não sei direito o que não deu certo. 
Depois que você lê muitos livros, fica essa sensação de não é qualquer coisa que te deixa para lá de Marrakesh, porque você conhece o paraíso, você já esteve lá.
Quando estava a meio do livro, mandei um áudio para o meu amigo dizendo que estava fazendo as pazes com ele, porque deu aquela coisa de "agora vai", mas para mim, não deslancha. Não estudei literatura, não me pergunte porque.
Não é que o livro é ruim nem que não deva ser lido. Só... não convence. Há em especial um episódio no livro que pareceu esplêndido quando li - na verdade, eu gostei mesmo, mas pensando bem, não sei se gosto da ideia de que alguém sabe dançar "instintivamente" um som que remete à sua origem ancestral. Pode soar bem clichê. Isso vai e vem na minha mente, fico sem ter certeza se gosto ou não.
Gostando ou não, eu gosto de ler e isso é o que importa. Quando o livro não me acerta em cheio e eu termino a história, ainda assim a sensação é de prazer, a sensação é de que eu posso dizer o que sinto, eu posso sentir completamente, porque me permiti chegar até aqui.
Pode ser que seja só ciúme da autora, porque ela sentou ao lado de Toni Morrison numa palestra e ficaram amigas, vai saber. Só lendo mesmo. 

                                                                                                                 Taye Selasi  

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