Você que me lê, me ajuda a nascer.

terça-feira, maio 14, 2019

Tijuana.

Tem coisas que são tão minhas que eu não escrevo. Viram indizíveis, impossíveis de escrever quando eu vivo. E então, como me compelindo a registrar isso, ontem, no meio da cozinha, tive uma epifania. Durou dois segundos e eu estava de novo com meus sentidos todos lá, uma cidade do México na Minas Gerais, na fronteira entre a dor e a delícia que sempre é viver uma paixão. 

Lembro do cheiro, da cor, do som, do sabor, parecia que era tudo só nosso, tão nós que tudo foi. Olhei apenas para uma direção durante todo o tempo que estive ali e não me arrependo de nada. Outra cidade, uma companhia. Sorrisos, afagos, eu me sentindo amada e linda. 

Me arrependo, sim. Queria uma foto. Voltar bem rapidinho só para capturar meu olhar num espelho de banheiro, eu lembro dele, era olhar de quem sabe que é gostada, que a vida é simples e é possível ser feliz. Queria foto da gente junto, olhar pra gente hoje, naquele dia. Fazer os sentidos todos que ainda me pertencem durarem mais do que uma vida inteira. 

Nenhum comentário: