Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, setembro 30, 2011

Dão.

Fiquei aqui me lembrando de um primo de uma amiga que foi uma delícia conhecer. Vi só uma vez o tal moço, mas lembro que ele, quando queria dizer algumas coisas, não conseguia falar só com a boca. Precisava levantar e dançar, cantar, para explicar o que estava sentindo.
Para muita gente, pode parecer loucura, mas eu adorei o moço.
Seu apelido é Dão, e não, ele não é dançarino.
É professor de geografia. Fico pensando em como perdemos nossos movimentos pouco a pouco, como achamos "engraçado" alguém que gosta de pular, dançar, cantar, durante o dia... achamos "engraçado" porque muitas vezes perdemos essa coisa em nós. Quando vemos alguém assim, sorrimos um sorriso nervoso porque "eu aqui escondendo isso, como ela consegue viver bem pondo pra fora essa loucura?".


Quando olho para as crianças e vejo-as tão duras, suas almas de criança presas dentro de corpos que querem pular, gritar, dançar, cantar, rodar e "senta direito, menino", "fica quieto", "um atrás do outro", "em fila", "cabeça pra baixo" nas escolas, em casa. Adoro as contravenções, aqueles que batem na mesa, que sobem na mesa, mas é preciso dizer não algumas vezes, e, quando faço isso, digo baixinho em seu ouvido, "você pode, espera só um pouquinho que ele também precisa dizer algo, vamos ouvir".
Também fico me perguntando o que é o "senta direito". Sentar direito deveria ser o jeito que a criança senta sentindo-se à vontade, mas não, tem um jeito só de sentar. Vai entender as palavras.
Eu, fico aqui, sorrindo para quem dança e sorri pra vida.

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