Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, abril 09, 2010

(sem título)

Desossaste-me

cuidadosamente

inscrevendo-me

no teu universo

como uma ferida

uma prótese perfeita

conduziste todas as minhas veias

para que desaguassem

nas tuas

sem remédio

meio pulmão respira em ti

e outro, que me lembre

mal existe

Hoje levantei-me cedo

pintei de tacula e água fria

o corpo acesso

não bato a manteiga

não ponho o cinto

VOU

para o sul saltar o cercado

Poema “Cerimónias de Passagem”. In: Paula Tavares. Ritos de Passagem. Luanda, União dos Escritores Angolanos, 1985, Cadernos Lavra & Oficina, 55, p. 30.

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