Você que me lê, me ajuda a nascer.

sábado, abril 24, 2010

Repassando email, informação:

Oi pessoal,

Desculpa estar usando esse espaço para isso, mas é por um motivo muito importante pra mim. Voces sabem como eu me dediquei para fazer meu documentario "Napepe", e voces são prova de que ele existe!! O José Padilha (Ônibus 174 e Tropa de Elite) lançou o documentário dele como inédito esse mês,... mas leiam o texto que escrevi, o filme é basicamente uma cópia do meu só que feito com mais recursos. (...). Não preciso dizer que não fiquei bem com essa história...

Por favor, me ajudem a divulgar, ok?? Confio em vocës, amigas pensantes, nessa guerra contra a grande mídia...

Enviem para jornalistas, historiadores, antropólogos, ... ou repassem a história boca a boca...

Obrigada! Beijos,

Nadja

_____________________________________________________________________

Filme novo de José Padilha critica antropólogos mas é plagio de documentário

O novo documentário de José Padilha, “Segredos da Tribo”, que abriu a 15˚ edição do Festival de Documentários “É Tudo verdade”, apesar de todo bafáfá da mídia, não traz nenhum ineditismo, a não ser para aqueles que ficaram ausentes todos esses anos da polêmica do sangue Yanomami retirado na década de 80. O filme é plagio do documentário “Napëpë”, de 2004, da antropóloga e jornalista Nadja Marin. Como infelizmente no Brasil ninguém pode com as organizações Globo, ainda mais quando se têm também o patrocínio da gigante inglesa BBC, o documentário independente “Napëpë” não conseguiu atingir a mesma divulgação de Padilha. Mesmo com uma qualidade infinitamente superior e isento de sensasionalismos, e apesar de ter chegado a vencer o 8th Gottingen International Ethographic Film Festival e de ter passado em diversos festivais no Brasil, tendo sido também citado na revista Época em 2004 em reportagem sobre o assunto, o documentário não conseguiu fazer tanto barulho quanto parece estar fazendo “Segredos da Tribo”.

O plagio é muito fácil de ser comprovado, bastando apenas uma pesquisa básica no google, ou visualizando o documentário de 2004 na íntegra no site do “you tube”. José Padilha sabe muito bem da existência do documentário anterior, apesar de não falar no assunto e não dar o crédito, tanto que chegou a gravar o filme “Napëpë” em um evento na Universidade de São Paulo na ocasião de uma palestra sobre o tema com um dos antropólogos entrevistados na sua versão. Talvez o único mérito do filme de Padilha, do qual ele pode se gabar, foi ter conseguido entrevistar a principal personagem da polêmica, o antropólogo Napoleon Chagnon. No entanto, o filme tem quatro cenas exatamente iguais às do documentário “Napëpë”, sendo a mais chamativa, a bomba de Hiroshima que explode quando um antropólogo entrevistado fala do tema dos objetivos da expedição de Chagnon, que visava comparar o sangue dos Yanomami - teoricamente a população mais pura do mundo - com o sangue dos sobreviventes da bomba atômica lançada pelos americanos.

O plágio apesar de ser o elemento mais preocupante do filme, uma vez que Padilha está ganhando orlas de dinheiros em festivais e clamando para si o ineditismo da história, não é o único problema. O documentário “Segredos da Tribo” apela para questões morais do comportamento dos antropólogos e se baseia em estórias sensacionalistas as quais tenta provar através de uma sequência de depoimentos enviesada, difícil de convencer uma platéia mais atenta e informada. Por fim, a versão plagiada de Padilha deixa de lado a opinião dos Yanomami brasileiros e se esquiva da questão realmente importante e problemática, a repatriação do sangue Yanomami retirado pela expedição de Chagnon e a atual comercialização desse sangue por instituições americanas sem o consentimeto dos índios.

Veja os vídeos Napepe, Napepe, Napepe e Napepe.

Nenhum comentário: