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segunda-feira, novembro 05, 2007

Arte.

Conversando com um moço chamado Gabriel lá no MAM, em visita ao Panorama Brasileiro 2007 que todo ano "eles" organizam, acho que consegui sintetizar o que sinto pela arte contemporânea. Mandei assim pra ele: Sabe o que é, essa coisa de arte feita agora assim, representando a realidade, tudo bem, mas é só mais uma representação, não me diz mais nada, eu sei que aquele monte de tv uma olhando para outra quer dizer por que eu vivo aqui, nesse mundo, então é isso, tem aquela coisa da arte clássica ser o prenúncio de uma nova realidade, ou brincar com realidades, acho que pouca gente faz isso hoje no campo da arte, sugerir novos olhares, o que mais acontece é que as pessoas pegam os mesmos signos e ficam reinventando, entende? Não sei, mas tu pega o Gilberto Gil com o cd' Quanta e ele já viajava em física quântica e ditava as normas, hoje a gente ouve um cd do fim do século passado e baba com as revelações, para mim todo/a artista é um visionário Ele me animou e disse que muita gente pensa isso. Ufa. E agora há pouco eu li o que pensa a Alicia Fernandez, sobre a questão de gênero e o conhecimento nas escolas, em como a menina e o menino são marcados e devem responder a este ou aquele estímulo. Meninas escrevem no diário por que não conseguem força para dizer o que pensam. Meninos são ousados, são estimulados a isso. Apesar das mulheres serem o grande número em educação, quem escreve os livros e ditam normas são os homens (isso vale também para os sindicatos, grupos de estudo, áreas de conhecimento, etc). Vale a pena estudar o assunto. O que não dá é querer propor uma técnica para fazer isso. A gente só vai conseguir pirar a cabeça das crianças, colocar as coisas de pernas pro ar utilizandos outros jeitos para educar, e não as mesmas fórmulas batidas de técnicas e resultados. É um assunto que me interessa, até por que eu estudo sobre isso há uns cinco anos. E não consegui mudar tudo: o ranço machista impregnado em minha educação escolar e do cotidiano ainda me prejudicam muito. Saber disso já ajuda bastante. Sei contra quem e o quê tenho que lutar. Mas sem adotar uma postura masculinizada, sem caricaturas. Talvez esse seja o maior desafio. Não sei por que escrevi todas essas coisas. Leio muita coisa interessante, o tempo todo. África, racismo ambiental, cinema, Mia Couto, poemas em francês, cartas de amor; esqueço-me de mencionar tantas coisas aqui, reclamo comigo mesma mas não consigo, quando vejo, a vontade louca de contar para alguém sobre o último artigo que li já passou, passou. Deixo pra lá. Me disseram que sou corajosa, e verdadeira. Por dizer quem sou, por falar abertamente das minhas feridas, por não querer mais nada além de um beijo, por não querer me apaixonar de verdade, nem me aproximar. Me disseram que me gostaram mais ainda depois disso. Tentei argumentar que não duraria muito, mas persistem: me levaram flores, foram à minha casa, me agarraram por um beijo, eu solícita deixei, mas será só daquela vez. Não mais.

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