Você que me lê, me ajuda a nascer.

quarta-feira, junho 28, 2023

Obrigada por nada.

Minha amiga me disse assim

pare de me agradecer por te ouvir, oxe, aprendeu isso onde

E eu falei que ela tinha toda a razão. Eu ia dizer que aprendi em São Paulo, onde as pessoas dão bom dia mas não se importam com você, mas isso não é São Paulo, é toda cidade grande que a gente vive. É difícil viver em cidade grande e confiar em tanta gente que passa na sua frente. Eu tive uma colega de faculdade que estudava isso, as afeições e como elas apareciam na cidade grande. Eu achava poético mas também cansativo e resolvi voltar para o interior, onde meu amigo me grita na porta e aparece sem pedir para tomar a cerveja que eu nunca tenho. 

A gente às vezes estão tão desacostumada com amor que a gente agradece tudo, como se pedindo por favor para a pessoa não nos abandonar na primeira esquina. Eu estou aqui pensando justamente sobre isso esses dias.

Sobre dar amor e cuidado e não receber em troca e achar que tudo bem. Não está bem.

Tá bom

Não está bom. Se você não está confortável com a forma que as pessoas te demonstram o amor que elas sentem, não está bom. Se você se sente desprestigiada, desvalorizada, se você não se sente ouvida, acarinhada, não está bom. Se a pessoa se acha no direito de não ter responsabilidade pela amizade que construiu com você, não é mais o que ela faz, mas o que você permite que ela faça. Eu tou assim, olhando para coisas que se repetem e que eu realmente não quero mais. Eu sempre pensei e falei isso, mas agora, é de verdade.

E tou achando que não está bom para mim, não. Aí saí largando coisas e pessoas pelo caminho mesmo. Que nada, isso de que a gente tem uma missão a cumprir e tem que dar conta de tudo, resolver tudo, fazer tudo certo, não soltar a mão de ninguém, oxe. Eu solto sim, eu paro o que está me incomodando, sim. Não dá para continuar 

Me dei conta que, por ter me doado muito e recebido pouco, qualquer coisa era demais e eu nem estava mais sentindo que algumas coisas não me faziam bem. Fiquei abismada quando percebi 

Preciso mudar também?

Óbvio, porque o inferno não são os outros e eu quero viver bem. Bem estar, bem viver. Aí quero mudar, sim. Centrar em mim, olhar para dentro para conseguir me conectar com gente que levanta e vem ajudar a fazer comida, com gente que vem e traz presente ou que me canta uma música no meio da festa.  

Mas centrar em mim e olhar para dentro não é deixar de ver as pessoas ao redor, não. Uma coisa nunca vai excluir a outra, porque ubuntu é isso. Eu centro em mim para saber o que eu preciso e poder me doar para quem eu amo (mas também para descobrir quem é que me ama também).

Nenhum comentário: