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sexta-feira, maio 12, 2023

Irmãos: uma história do PCC, Gabriel Feltran.



O livro de Gabriel é uma pesquisa extensa sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), nascido pós rebelião do Carandiru em 1992, que culminou com a morte de mais de 100 pessoas. Cheguei nele depois de ter assistido ao documentário em série produzido por Joelzito Araújo, esse aqui. Bem mais, porque a gente na real não tem certeza que os 111 noticiados que foram assassinados é o número real. E quando parece que não há diferença entre 111 e 245, é porque a coisa realmente está uma merda.

Faz muito tempo que sou viciada em temas como mundo prisional, boxe e infância. Coisas absolutamente fora de sentido para muita gente, mas esses temas me interessam real. Acabo por ler tudo que me chega às mãos e agora, aos ouvidos, como o podcast sobre Nenê da Brasilândia. Interesso-me por tudo aquilo que não vivi, outros mundos me completam muito.

Gabriel defende a ideia de que o PCC não é uma empresa e sim uma irmandade secreta e explica muito bem porque. Uma das frases que não consigo esquecer é "o PCC não quer dinheiro e sim que os irmãos ganhem dinheiro" tem realmente tudo a ver com associações como a maçonaria (ou, pelo menos, aquilo que a gente conhece dela) e como o PCC se organiza desde sua fundação. Faz todo o sentido ver o PCC como ele apresenta e completamente diferente do modelo que gere o crime no Rio de Janeiro, por exemplo. Faz todo o sentido, também, entender porque o PCC é o que é em São Paulo e pode não ser o mesmo em outro lugar do Brasil e do mundo, porque em sendo de fora, leva muito mais tempo para se tornar parte, algo imprescindível a qualquer irmandade.

Depois desse livro, faz todo sentido a frase "o certo é o certo" ou mesmo o motivo pelo qual fui abordada em São Paulo,  acho que em 2009, sobre a tatuagem yin-yiang que tenho no pé. Filosofia de malandro merece livro também e esse é um deles. 

Gabriel Feltran
 

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