Sula, de Toni. Eu já disse aqui que é um de minhas autoras favoritas. Já li tudo e só falta A canção de Solomon. Eu gostei do livro, mas não é o meu preferido, muito embora eu tenha me encontrado muito no texto, muito mesmo. É dos livros que você tem que saber que existe, que alguém escreveu, porque ele fica ali te dizendo, tudo bem ser você mesma. Eu lembro de partes do livro e eu me sinto tão bem, bem mesmo, sem nem saber direito explicar.
Lembrei muito de Ruby, de Cinthia Bond, em algumas passagens; não tem nada a ver com a sensação que o livro traz, mas apenas as paisagens mesmo.
Por ser um livro de muito tempo atrás, 1973, tem seu valor. Toni escreve como se não precisasse explicar as coisas, e isso é Sula. Sula Peace poderia ser um adjetivo, para todas as vezes que você não se encaixa em lugar algum. Hoje estou sulapeace, posso dizer. Hoje ou quase sempre.
Como todo mundo já sabe também, eu tenho dificuldade de gostar muito de livros curtos (eu amo A Cor da Ternura e ele é curto, mas não é sempre que isso acontece) e com esse não poderia ser diferente. A gente fica com sede de mais coisas sobre as personagens, sobre os núcleos, mas eu acho que era isso mesmo que Toni queria. Essa sensação de incompletude, de falta, de certo desespero por não saber bem do que é que se está falando e se faz sentido, você volta, lê de novo, não sabe se entende e tá bom, deixa.
A vida não fica aí explicando tudo para a gente. Eu acho é incrível como é que uma pessoa tem tanta certeza disso que escreve um livro assim para dar nó na gente, faz porque sabe que vai dar, não tem compromisso em te salvar nem resolver sua vida, ele é um livro só no meio do mundo e você pode ler e achar que entendeu e viva com isso.
Isso é literatura demais para mim, isso é muito sulapeace total. Toni para mim é aquela pessoa que vive da palavra porque ela encarna, nas letras, no tom, no ritmo, aquilo que ela te conta, forma e conteúdo.
Depois que escrevo tudo isso, eu penso agora se já não é meu preferido, eu nem sei mais.
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